‘The process’: Sobre o New York Knicks e Kristaps Porzingis, por Helder Souza
Fábio Balassiano
01/02/2017 13h00
*Por Helder Souza
Mas nem sempre foi assim. A curta história deste jogador na maior liga de basquete do mundo conta com episódios singulares – pra dizer o mínimo. O principal deles (e provavelmente o mais marcante) foi a recepção que ele teve em seu atual clube. As vaias recebidas por ele ao ser anunciado no draft em 2015 (4ª escolha geral) poderiam significar o prenuncio de uma curta estadia nem Nova York e na própria NBA.
Na temporada de estreia deixou seu cartão de visitas com 14 pontos, 7 rebotes e 2 tocos de média (em 72 jogos) em um Knicks totalmente limitado tecnicamente e de atuações irregulares, com todo o talento do time distribuído entre Porzee e um aparentemente sempre desmotivado Carmelo Antony. Pouco importa a temporada conturbada do time, as 50 derrotas, a troca de treinador no meio da temporada ou a colocação final de 13º lugar no Leste (entre 15 times). Para o novato sensação o apupo transformou-se em aplauso e reconhecimento pela população nova-iorquina.
O competente Phil Jackson, que foi no mínimo ousado na escolha de selecionar Porzingis, sabe que trata-se de um precioso prodígio e vem utilizando esta temporada para colocar de vez o time nas mãos talentosas dos ala-pivô. Não se enganem, o famoso termo 'The process' não é exclusividade na Philadelphia com Joel Embiid. Em Nova York, Jackson usa sua inteligência e seu senso estrategista para fazer de Porzingis 'o cara'.
Além disso, dá a ele 'costas quentes'. Ou seja, a tranquilidade de tentar jogadas e arremessos sem ser muito visado ou cobrado por isso. Reparem que na mídia as noticias sobre o New York Knicks circulam sobre o desempenho do Carmelo, Rose ou Noah. Fala-se pouco sobre Porzingis e críticas sobre o seu desempenho são quase que inexistentes.
Exemplo máximo disso foi a derrota para os 76ers no inicio de janeiro. Vencendo por um ponto a poucos segundos do fim, o garoto letão tentou um arremesso de 3 da zona morta que virou um air ball, dando assim a possibilidade dos Sixers terem um último ataque. Na transição eles atravessaram a quadra e acertaram o arremesso final no estouro do cronômetro. Fim de jogo com Porzingis arremessando 3-10, com 7 pontos e 2 rebotes – muito abaixo das suas médias. Porém nada se viu na imprensa sobre o jogo ruim do ala-pivô. Ele tem liberdade em quadra e joga sem responsabilidade – no sentido positivo da coisa.
Que Kristaps Porzingis é um grande jogador todos nós já sabemos e vemos dia após dia o que ele tem condições de fazer em quadra. Em pouco tempo ele será o rosto da franquia nova-iorquina. Parafraseando o próprio Porzingis, em artigo publicado no Players Tribune no inicio da temporada: "Mantenha-se simples, como você sempre é. Eu só estou jogando basquete. Eu sou jovem. Eu estou a divertir-me. Afinal, quem teria pensado que um garoto da Letônia estaria fazendo barulho em Nova York?".
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