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Em mais um momento bizarro, CBB consegue comprar briga com a Liga Nacional

Fábio Balassiano

11/01/2017 01h10

No final do ano passado a digníssima CBB, a entidade que tem R$ 17 milhões em dívidas acumuladas até o final de 2015 (estou curioso para o balanço de 2016…) e que está suspensa pela FIBA porque não consegue fazer nada de realmente bom pelo basquete nacional (palavras da Federação Internacional), colocou em seu site uma Nota Oficial criticando o comportamento da Liga Nacional de Basquete, organização que gerencia o NBB, em relação a utilização do STJD. Colocaria o link pra vocês lerem, mas ontem o site oficial da Confederação saiu do ar por… falta de pagamento, conforme o UOL divulgou em primeira mão (sem comentários!).

Não vou entrar na questão de quem está certo ou não, mas obviamente roupa suja se lava em casa – ou internamente. Ao menos era assim – e pelo lado do pessoal da Liga Nacional de Basquete (LNB), o lado que poderia expor todas as mazelas da relação. Muito precavida e sempre muito construtiva (ao invés de destrutiva como poderia ser), o que posso dizer a todos que leem este espaço com afinco é que NUNCA este blogueiro ou qualquer outro membro da imprensa ouviu por parte dos diretores da LNB uma crítica aberta a gestão da CBB. E nunca é nunca mesmo. Atritos eu sei que houve, e muito, mas NUNCA de forma aberta e divulgada para a imprensa.

O importante, para a boa turma da Liga, era, é e sempre será proteger a modalidade. Tanto é assim que recentemente vocês sabem o que aconteceu, né? A LNB pagou as passagens para Copa Américas Sub-18 no medo absoluto de a CBB não ter verba e não levar os meninos para a competição. Medo que acabou se concretizando no final do ano com as Sub-15, que não foram aos Sul-Americanos devido à falta de planejamento e competência da Confederação.

Só que desta vez tudo foi diferente. O tiro não partiu da Liga para a CBB, mas sim da CBB para a Liga, algo que de cara estranhei, não entendi as razões e me pareceu um passo mal dado por parte da Confederação. A Liga ouviu quieta, passou o final de ano estudando o caso e ontem enviou um "mata-leão" em formato de Nota Oficial que está disponível em seu site. Só de ler dá um nó na garganta e se a turma da Avenida Rio Branco tivesse um mínimo de vergonha, ou senso do ridículo, pediria arrego.

Em português claríssimo a LNB coloca em cheque a competência da Confederação, questiona os motivos pelos quais a CBB expôs de forma equivocada a Liga Nacional de Basquete e deixa claro para todos que o que os clubes do NBB (Bauru, Mogi e Flamengo) estão sofrendo por não poderem jogar a Liga das Américas devido a suspensão por única e exclusiva falta de competência, gestão e transparência dela, CBB.

Apenas como registro final breve desta situação pra lá de surrealista, vale dizer que algumas coisinhas que deveriam ser feitas pela Confederação, como campeonatos de base (a LDB Sub-22 está aí e não me deixa mentir) e Ligas de Acesso (a próxima Liga Ouro, a segunda divisão do NBB, poderá ter até 9 clubes, ótimo número), são feitas pela Liga Nacional simplesmente porque a CBB não consegue fazer nada de bom nos últimos 20 anos. Liga Nacional que tem tentado, mesmo com seus erros, voltar a colocar a modalidade como a segunda em preferência do povo brasileiro. Ressalto que eles erram, e muito, mas nunca por negligência ou alienação. O mesmo não posso dizer da CBB.

Fica a pergunta importante e central desta equação toda: se não cuida dos campeonatos nacionais, se não recicla e forma novos técnicos e árbitros, se nem as seleções a entidade tem conseguido administrar, o que andam fazendo nos últimos anos o pessoal da entidade máxima pelo basquete brasileiro?

Podem escrever aí o que estou reforçando: há duas décadas a CBB não faz NADA de razoável pelo basquete brasileiro. É um diagnóstico duro, mas verdadeiro e de quem fala/escreve isso há quase dez anos. A única coisa que valeu a pena foi a contratação do técnico Rubén Magnano. Mas como o sistema cebebiano é tão fora dos eixos até Magano, por uma mistura de sua arrogância a gestores terríveis acima dele, deu errado.

Então ficamos assim para começar um 2017. Se não bastassem todos os problemas que já possui, a Confederação arrumou mais um. E com a Liga Nacional de Basquete. E porque quis. E porque aparentemente não tem mais nada com o que se preocupar.

O caso da CBB e seus dirigentes merece ser estudado. Não por gestores que conseguiriam recolocar a entidade nos trilhos porque isso eu acho realmente difícil em um curto espaço de tempo e com o modelo de Confederação que existe o Brasil, mas sim por um psiquiatra ou por um Umberto Eco que consiga desvendar o que o ócio é capaz de provocar negativamente na cabeça das pessoas. O que Carlos Nunes e seus comandados de tenebrosas capacidades administrativa e analítica têm feito (ou não feito) pelo basquete brasileiro é inaceitável, inconcebível, inadmissível. E agora insano.

Precisa de muita competência (ou falta dela) para comprar briga com a única galera (Liga Nacional) que tem tentado reverter o cheiro de putrefação que a CBB tem deixado pelo caminho nas últimas duas décadas. Nunes conseguiu. Agora que aguente as reações.

Se alguém ainda tinha dúvida de onde está o problema maior do esporte da bola laranja no país, creio que depois dos acontecimentos dos últimos meses ela (a dúvida) não existe mais.

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