Fala, Leitor: Sobre Westbrook e os pressupostos de uma posição, por Helder Souza
Fábio Balassiano
07/01/2017 06h00
*Por Helder Souza
O principal assunto da ultima off-season foi a saída do Kevin Durant de Oklahoma para Golden State. Muito se falou sobre todas as vertentes dessa decisão tomada pelo KD: se era justo (ou não), se ele fez certo (ou não), se foi uma boa decisão para a carreira dele (ou não), como ele se adaptaria ao time dos Warriors, o quão forte e imbatível esse time ficaria, qual seria o legado que ele deixaria na nova franquia, etc.
Enfim, até esse momento da temporada regular é exatamente isso que está acontecendo. Fisicamente um monstro e tecnicamente com recursos que lhe permitem pontuar em qualquer espaço da quadra, ele vem fazendo mais de vinte pontos por jogo, com triplo-duplo em quase todas as partidas (com média de triplo-duplo na temporada).
Porém, vejo muito claramente (e acredito que vocês também veem) que as chances dos Trovões ganharem um anel de campeão nessa temporada foram embora junto com Durant e Ibaka. O time é mediano, comum e completamente dependente do fator Russel – o que torna a equipe inteiramente previsível. Deus o livre e guarde, mas se ele for acometido por alguma lesão que o afaste de alguma parte mais longa da temporada, esse time do Thunder não chegará nem aos Playoffs.
A questão é: em minha opinião, estamos vendo Westbrook fazer história na liga. Acredito que ele está deixando um legado incrível na NBA. Ele está mudando o jogo. Está mudando a forma de se jogar na posição 1.
Acho que ninguém se deu conta disso ainda. Nós, seres humanos, temos o defeito de só apreciar e valorizar as coisas quando elas se acabam. Eu consigo imaginar, no futuro, quando esse cidadão se aposentar, todos os cronistas, especialistas e amantes desse jogo exaltando como ele teve impacto na liga e como influenciou a nova (futura) geração de armadores do College e das Universidades.
Apresentando de outra forma, antigamente um bom armador era o cara que, independentemente de quantos pontos fazia por jogo, gerava 10, 15 assistências (Magic Johnson, John Stockton, Jason Kidd, Stivie Nash, Rajon Rondo etc.). Atualmente, um bom armador é o jogador que faz, na média, 20, 25 pontos e cria 5, 8 assistências (Kyrie Irving, Damian Lillard, John Wall, Steph Curry, Derrick Rose, Kemba Walker, Isaiah Thomas etc.).
Acredito que uma nova mudança está acontecendo agora, e ela tem em Westbrook o seu precursor. Seu estilo de jogo, a forma como ele domina e comanda o time e sua capacidade causar impacto em todas as estatísticas do jogo são únicas e creio que se tornará tendência na liga – vide os Bucks, com o monstro grego de nome grande, braços maiores ainda e talento infinito, além do James Harden, que virou armador essa temporada e briga jogo a jogo com RW0 pelo título de MVP da temporada regular.
Mas tenho certeza que, de uma forma ou de outra, ele será lembrado por essa temporada: porque mudou o jogo, mudou o desígnio de uma posição.
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