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Em alta voltagem, Rockets inicia bem Era Mike D'Antoni e credencia James Harden como MVP

Fábio Balassiano

03/12/2016 10h00

Antes da temporada 2016/2017 Mike D'Antoni, o novo técnico do Houston Rockets, deu entrevista falando sobre o plano de jogo para seu time na NBA: "A bola será de James Harden. Ele será o nosso armador e vai conduzir as nossas ações ofensivas".

Muita gente torceu o nariz por conta do passado ultra-hiper-mega ofensivo de D'Antoni em Lakers, Suns e Knicks e imaginou que o Barba fosse arremessar como nunca, segurar a pelota em seus braços durante 24 segundos, armar milhares de um-contra-um para si mesmo e tornar o sistema de ataque texano bastante previsível. Passado um mês de certame a gente está vendo justamente o oposto.

O Houston tem 13-7, se estabelece na quarta posição do Oeste atrás dos de fato três melhores da conferência (Warriors, Spurs e Clippers) mas vem de uma sequência de 7 vitórias nos últimos 9 jogos que animam bastante. Neste período os Rockets bateram os bons Portland duas vezes, Utah e Detroit. Na quinta-feira, a cereja do bolo com o triunfo diante do Golden State fora de casa na segunda prorrogação (132-127). Imaginei que o time estaria cansado e que perderia nas montanhas do Colorado ontem à noite contra o Denver, mas encontrando forças sabe-se lá de onde os vermelhos bateram o Nuggets por 128-110.

E como o Houston tem conseguido as suas vitórias? Sim, é isso mesmo que você está pensando. Jogando da maneira que Mike D'Antoni gosta de jogar. Correndo, arremessando muito, espaçando a quadra lindamente (em algumas vezes com cinco atletas abertos fora do garrafão), chutando de três pontos como nunca e marcando muito pouco (os rivais convertem mais de 46% dos arremessos).

Em uma NBA que defende cada vez menos, corre cada vez mais, chuta de fora à exaustão, D'Antoni de fato parece o técnico perfeito para uma temporada de 82 jogos em que os times parecem pugilistas que ficam se estudando nos primeiros rounds – pouco contato, pouco confronto, pouca defesa e muitos arremessos de longe. Não é uma crítica, pelo contrário. É um elogio à diretoria do Rockets que entendeu o momento de transformação da liga e decidiu dar as chaves da franquia para um treinador que SEMPRE potencializa atuações e números de seus times com um sistema ofensivo fluído, rápido e que os jogadores adoram. Adoram porque jogam muito tempo (11 deles possuem 10+ minutos por noite), têm liberdade para criar o que quiserem e porque sabem que terão boas doses de arremessos por noite.

O Houston tem o segundo ataque mais positivo da NBA com 111,4 pontos por noite e se coloca entre os quatro primeiros em outras estatísticas ofensivas: arremessos convertidos (40,3), percentual de arremessos convertidos (46,6%), pontos por arremesso tentado (1,29) e percentual de bolas de três convertidas (37,8%). Como também tenta muitos arremessos por jogo (86 por partida), sobra pra todo mundo: cinco atletas arremessam mais de seis vezes por noite (James Haren, Eric Gordon, Ryan Anderson, Trevor Ariza, Patrick Beverley e Clint Capela). Não é coincidência que cinco deles (com exceção de Capela) sejam jogadores de perímetro e com % de conversão de bolas de dois e três pontos variando de 34 a 42%. Quatro destes têm mais de 10 pontos por jogo (apenas Beverley, que retornou recentemente de contusão não está nessa lista), com Gordon (16,5 pontos saindo do banco de reservas) sendo uma ótima surpresa.

A mais "assustadora" estatística de todas, porém, é essa daqui: o Rockets tenta 37 arremessos de três pontos por partida, obviamente o maior índice dessa temporada. Veja no quadro ao lado o que isso representa. Ou seja: como acerta 14 vezes de longe por partida, o Houston "assina" quase a metade de seus pontos (42) em bolas longas, praticamente o mesmo número dos arremessos de dois pontos (52 em 50 tentativas) e também disparada a maior relação (bolas longas x pontos totais) entre os 30 times do campeonato. Como tem James Harden, um dos caras que mais batem lances-livres no planeta (10,4 por noite, o terceiro da NBA no quesito), outros 16,8 pontos saem da marca fatal por partida.

É claro que esses números todos não se refletiriam em uma campanha tão boa assim se não fosse James Harden. O camisa 13 está jogando uma barbaridade e ao contrário que se imaginava não está forçando muita coisa apesar dos seus 5,5 desperdícios de média. São 28,3 pontos em 19 arremessos por jogo, números idênticos aos da temporada passada (29 pontos em 19,7 chutes tentados). Se na pontuação sua atuação é muito parecida, sua participação nos outros aspectos do jogo cresceu assustadoramente. Os 7,6 rebotes e as 11,8 assistências por jogo são os melhores números de sua carreira e representam 30% a mais do que ele obteve em 2016/2017. É óbvio que Russell Westbrook é o nome que mais chama a atenção na corrida pelo MVP da temporada devido aos seus 765 triplos-duplos no campeonato até aqui, mas descartar Harden como o melhor do campeonato não é algo recomendável a se fazer pelo que esse cara está jogando.

A partir de segunda-feira o Houston terá uma sequência de seis dos próximos sete jogos em casa. Celtics, Lakers, Mavs, Nets, Kings e Pelicans no Texas, e apenas o Thunder em Oklahoma. Jogando do jeito que está, dá pra acreditar que os Rockets continuem entre os melhores do Oeste.

E que James Harden coloque outras atuações geniais no bolso para continuar se credenciando ao título de MVP da temporada 2016/2017 da NBA.

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