Entrevista: Shamell lidera Mogi na final da Sul-Americana que começa hoje
Fábio Balassiano
23/11/2016 00h45
Buscando o primeiro título internacional da história do basquete de Mogi, a equipe será liderada mais uma vez por Shamell. Um dos melhores jogadores do país, o norte-americano de 36 anos sabe que não serão muitas as chances de ganhar um caneco desta relevância. Para ele, a hora é, mais do que nunca, agora. Conversei com o camisa 24 do time mogiano no último sábado, depois que da derrota contra o Vasco no Rio de Janeiro, sobre tudo isso.
SHAMELL: Eu espero grandes jogos. Se tiver cinco, espero cinco grandes jogos. A gente sabe que o técnico do time é irmão do Manu Ginóbili e tem uma qualidade muito boa da molecada. Os garotos jogam forte, duro, com intensidade e tem uma rotação de 10 jogadores. Nós rodamos com sete, oito atletas. Vai ser muito legal essa final principalmente porque os dois primeiros jogos vão ser em Mogi e espero ganhar. Entro sempre pra ganhar e não é diferente dessa vez. Falei com o grupo que estes primeiros dois duelos em casa são fundamentais, essenciais mesmo. A gente já faz duas semanas que vem recebendo informações, vendo jogadas, analisando o adversário. Não muito, porque tem o NBB que estamos jogando, mas cada um daqui já está estudando o Bahia Blanca com força. Nosso foco é fazer história para Mogi.
SHAMELL: Está sendo ótimo! Ótimo mesmo. Ele é um cara muito seguro, muito objetivo e muito prático também quando passa as instruções para nós, atletas. Ele fala as coisas de forma verdadeira e pronto. Se você jogou mal, ele vai com cuidado, mas fala o que precisa ser falado. Ele tem experiência e deixa o clima tranquilo. Você vê. Nós perdemos uma partida jogando mal (contra o Vasco), estávamos sem pivô e ele estava nos cobrando para jogarmos o melhor que poderíamos jogar. É assim que ele é. Mesmo perdendo de 30 ele está tranquilo. Ele é um, não sei como se fala em português, um player's coach (Nota do Editor: Técnico que conhece bem os jogadores). Sabe conversar, passar as coisas diretamente pra você e isso é muito bom. Pra mim está ótimo, estou gostando. Ele sempre fala pra mim: "Shamell, você não precisa mostrar nada pra mim e eu não preciso mostrar nada pra você. Só preciso te ajudar, te facilitar a ser o melhor atleta que você puder ser em quadra". Como ele jogou 20 anos na seleção, ganhou várias vezes, depois ótimo técnico em Bauru, ele sabe bem o que está falando.
SHAMELL: (me interrompendo) Ah, Bala, minha namorada falou, ela leu lá, mas eu nem sei. É tanto campeonato que eu nem sei direito o que estou jogando (risos). Entra em quadra, é bola diferente, é regulamento diferente, é cada coisa que confunde tudo (risos). Mas, Bala, obrigado. Só que vou te dizer uma coisa: o que eu quero mesmo é jogar a final do NBB. O resto não me importa. A gente chegou tão perto nos dois últimos anos, acho que agora estamos preparados para dar o próximo passo. A gente viu o gostinho disso de perto no último campeonato, quando tivemos o jogo 4 contra o Flamengo em casa e não conseguimos matar, e creio que agora chegou a nossa hora. Falta alguma coisinha, mas agora temos todas as condições e creio que iremos chegar lá também. A chegada do Caio Torres, pivô forte, foi muito importante para times que têm bons arremessadores, como é o nosso caso.
SHAMELL: Eu fico triste, triste mesmo. O NBB está elevando o basquete a um nível muito alto, muito alto mesmo. Eu peguei o começo das coisas aqui e dá pra ver uma evolução muito grande. Aí você lê uma notícia como é da suspensão e você fica triste, triste mesmo. Tenho muita fé no basquete do Brasil. Foi aqui que, para o basquete profissional, eu fui criado e sou muito grato ao país por causa disso. É um absurdo o que acontece, Bala. Você escreve lá no seu blog, a gente lê. São R$ 17 milhões de dívida, não é isso?
SHAMELL: (balança a cabeça) R$ 17 milhões! Cara, R$ 17 milhões de dívida. Nossa. Não é um, não são dois, que você resolve buscando um patrocinador, por exemplo. Mas, cara, R$ 17 milhões? Como assim? Como deixaram chegar a isso? É um absurdo! Você acha que isso vai acontecer nos EUA por exemplo? É uma coisa muito louca, muito vexatória. E aí quem sofre, você sabe quem é? São os jogadores.
BNC: Mas você sabe, muita gente acha que a imprensa gosta dessas notícias. Não é verdade. Falo por mim e odeio das este tipo de informação. É chatíssimo. Gosto de ver jogo, de falar da quadra, dos craques, mas aqui é impossível porque o lado de fora interfere no que a gente vê no dia a dia do esporte…
Sobre o blog
Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.