Raulzinho fala do Rio-2016 e da expectativa por medalha em casa
Fábio Balassiano
01/06/2016 06h01
RAULZINHO: A gente espera que seja uma boa Olimpíada. A gente teve tropeços em Olimpíadas, em Mundiais, que deixaram a gente fora da luta por medalha e a gente aprendeu muito com isso. Olimpíada é um campeonato curto, e um dia, um jogo, te aproxima ou te afasta de brigar por medalha. Todos estão maduros e aprendemos muito. Na Olimpíada de 2012 todos éramos muito novos naquele tipo de situação. No Mundial de 2014 aprendemos muito, tiramos várias lições. Conseguimos ganhar da Argentina, que estava engasgado havia muito tempo, mas logo depois jogamos contra a Sérvia, contra quem havíamos vencido na primeira fase, e perdemos. Mas isso serve de aprendizado e creio que estamos preparados pra Olimpíada. A gente conversa muito entre a gente, temos um grupo no WhatApp só dos jogadores e está um clima bem legal. Todos estão bem confiantes que podemos ir longe.
RAULZINHO: Tem uma história que quase ninguém sabe. Em 1992, nas vésperas da Olimpíada de Barcelona, meu pai estava treinando com a seleção e pediu dispensa dos treinamentos porque minha mãe estava grávida de mim e ele foi acompanhá-la. Ninguém sabe se ele iria ficar, porque havia uma série de bons armadores, como Guerrinha, Cadum e Maury, mas tinha boas chances. Aí ele acabou que não foi porque eu estava pra nascer. Vinte anos depois eu fui para uma Olimpíada que ele não pôde vir. Nessa daqui meu pai está bem tranquilo. Ele não queria nem vir porque estava com medo da confusão, desorganização, lugar pra ficar, essas coisas. Mas falei com ele: "Pai, esta é uma oportunidade única. Você tem que vir". Consegui convencer meu pai e minha mãe também vem por causa dele, né. Então todo atleta tem direito a dois ingressos. Dei os meus dois pros meus pais, meu irmão vai estar aqui também e pra ele não vir sozinho um amigo meu estará aqui com eles. Vai ser maravilhoso poder compartilhar isso tudo com eles no Rio de Janeiro.
RAULZINHO: Nosso grupo todo é difícil. Se você olhar do outro lado também há times muito bons. EUA, a Austrália que virá completa, os dois que sairão do Pré-Olímpico mesmo. São dois grupos bem complicados, mas concordo que o nosso é o mais difícil mesmo. Acho que temos que pensar jogo a jogo, e o da Argentina será mais um desafio que iremos enfrentar nestes Jogos. É lógico que a gente sempre teve muita dificuldade de jogar contra eles, mas temos que esquecer isso agora. Primeiro vem a Lituânia, depois a Espanha, logo depois o time do Pré-Olímpico. Tem muita coisa até enfrentar a Argentina.
RAULZINHO: Eu não penso assim. A gente precisa ganhar de quem for. Lógico que pra eles vai ser um momento especial, assim como pra gente também será. Não vai ser bom se eles terminarem a carreira mal, e não será bom pra gente se não fizermos um bom papel em casa. Todos querem a medalha.
BNC: Em 2012 você tinha 20 anos, estava estreando na Olimpíada. Quais as diferenças do Raulzinho que era um jogador de composição de elenco na Olimpíada de Londres pra esta, em 2016, quando você será bastante efetivo? Eu acho isso uma loucura, mas se eu não perguntar meus leitores me matam, então vamos lá: passa pela sua cabeça ser titular no lugar do Marcelinho Huertas devido a boa fase que você vive?
RAULZINHO: Não, a gente nunca falou sobre isso. A gente fala da chance, de estarmos jogando em casa, de estar focado, mas nunca de última seleção. E nem vai falar. Essa é uma decisão muito individual de cada um. Não comentamos nada disso sobre isso nem entre a gente.
BNC: O Magnano deu uma entrevista e falou que uma das coisas que mais preocupa ele é a distração que uma Olimpíada em casa pode trazer para o grupo. Muita família, amigos, muita gente pedindo foto, ingresso, pra visitar a galera. Como ele está falando disso com vocês, de restrições, essas coisas?
RAULZINHO: A única conversa que tive com ele sobre isso foram 10 minutos quando estava em Utah e ele falou isso, mas sem detalhes. Não entrou muito, mas citou isso de estar focado e do grupo estar bem fechado, sem distrações. Ele citou isso de serem, na Olimpíada, dez, 15 dias, e um período fundamental para nos concentrarmos em torno de um único objetivo que é a medalha.
RAULZINHO: Todos eles são bem experientes, já jogaram em outros países e sabem como é uma Olimpíada. Tem algumas brincadeiras, mas nada demais, não. É mais sobre Zika mesmo. Perguntam muito, até para conhecer de fato o que é. Eles acham que é uma coisa que é muito maior do que é. Acham, sei lá, que qualquer mosquito que te picar você pega Zika, essas coisas. A gente passa um pouco de conhecimento pra eles neste sentido.
Continua…
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