O Los Angeles Lakers anunciou, por meio de uma lacônica nota oficial em seu site, que Byron Scott não é mais o técnico da franquia. O time poderia "apertar o botão de uma renovação automática" para o próximo campeonato, mas preferiu ir em outra direção, demitindo o técnico que teve 38 vitórias nas duas temporadas em que dirigiu a equipe. Bom, vamos lá:
1) Ninguém aqui é maluco de dizer que Byron Scott fez um bom trabalho. Não, não fez. Foi um péssimo trabalho. A defesa do Lakers nos últimos dois anos foi uma das piores que eu já vi na vida. O ataque era estático, e nem os avanços que vemos em outros times, como os arremessos de três das extremidades, por exemplo, Scott conseguiu implantar em Los Angeles. Se seu passado como jogador da franquia foi glorioso, sua passagem como treinador não deixará a menor saudade. Sua falta de capacidade em realmente explodir jovens como Julius Randle, Jordan Clarkson, Larry Nance Jr. e D'Angelo Russell, sua teimosia em não dar tempo de quadra a alguns atletas (como o próprio Nance e o brasileiro Marcelinho Huertas), também pesaram contra ele.
2) Dizer que a culpa foi só de Byron Scott, porém, é algo que não farei. É só pegar o histórico de textos meus a respeito do Lakers e é possível saber que com Mitch Kupchak (gerente-geral na foto ao lado) e Jim Buss, filho do proprietário Jerry Buss (falecido) e presidente de operações de basquete, é muito complicado que as coisas realmente andem. Foram tantas decisões bizarras tomadas pela dupla (contratações, Draft, trocas etc.) que responsabilizar apenas Scott é muito simplista. A bagunça é tão grande que desde Phil Jackson (2006 a 2011) nenhum técnico fica lá por mais de duas temporadas. Enquanto não olhar realmente pra dentro da organização, colocando mentes mais arejadas e com conhecimento do basquete praticado atualmente no mundo, o Lakers não vai sair da draga em que se encontra.
3) A lentidão é tão grande, mas tão grande, que o Lakers perdeu a oportunidade de contratar simplesmente Tom Thibodeau, o melhor nome entre os técnicos disponíveis no mercado. O ex-treinador do Bulls tinha vontade de dirigir o Lakers, conforme disse o Woj no Yahoo, mas seu telefone não tocou com uma chamada de Mitch Kupchak. Ali eu, em minha ingenuidade, pensei que os angelinos manteriam Byron Scott por mais um ano, motivo pelo qual, imaginei, não foram atrás de Thibs. Sem o convite que tanto sonhava, Thibodeau acabou aceitando a proposta do Minnesota (a melhor que, de fato, teve). O que aconteceu uma semana depois? O Lakers demitiu Scott – e não poderá mais contar com Thibodeau. Incrível!
4) A questão, agora, é quem vai aceitar dirigir o Lakers? É estranho falar isso de uma das franquias mais gloriosas dos esportes americanos, mas é real. Aceitar comandar o Lakers hoje é roubada – e das grandes. O elenco é recheado de jovens (promessas apenas – e promessas que podem não dar em nada), cheio de buracos, a diretoria é péssima e a pressão é gigante. O ideal, sempre, é que equipes com pressão imensa contratem técnicos com estofo, experiência. O duro é saber quem toparia pegar esse foguete angelino. Pegar esse foguete sem tempo de garantia, diga-se de passagem.
5) Por isso surgem nomes como Luke Walton (assistente do Warriors), Ettore Messina (assistente do Spurs desde 2014 e auxiliar no Lakers em 2011/2012 com Mike Brown – na foto), Kevin Ollie (Universidade de Connecticut) e Jeff Van Gundy (parado há quase uma década depois de passagem pelo Houston Rockets). Não que sejam nomes ruins, longe disso (principalmente os de Messina e Van Gundy, comprovadamente talentosos), mas a própria franquia sabe que hoje em dia não pode chegar no mercado e escolher quem realmente quiser. Na atual conjuntura angelina, é contratar quem ela pode – e não quem ela realmente deseja.
Mitch Kupchak, a quem eu já teria dispensado faz tempo pois não trabalha bem há anos, disse que contratará um técnico em no máximo três semanas, evitando que rumores do próximo mercado (leia-se Kevin Durant) influenciem na escolha do novo técnico. Há, sempre, o nome ventilado de Phil Jackson, que vive às turras em Nova Iorque com imprensa, elenco e dono da franquia (James Dolan), mas me parece que Big Phil não possui mais tanta saúde assim pra dirigir uma equipe por 82 jogos.
A saída, mesmo, será apostar em alguém com pouco nome no mercado e que virá com o carimbo de "aposta". Se der certo, ótimo, o Lakers poderá voltar aos trilhos. Se não der, a diretoria faz o que tem feito nos últimos anos – demite com a mesma facilidade que o time teve para perder jogos nas últimas temporadas. Já foi melhor o cenário do Lakers, né?