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Especial Kobe Bryant: Histórias inspiradoras sobre a força mental do craque

Fábio Balassiano

12/04/2016 17h00

O vídeo abaixo mostra Kobe Bryant treinando sozinho DEPOIS de um jogo contra o Miami, na Flórida, em 2011. Ele tinha chutado 8/21, o Lakers acabara de perder do Heat do Big 3 (LeBron, Wade e Bosh), Kobe estava irritado consigo mesmo e decidiu retornar à quadra pra treinar depois da coletiva de imprensa.

Alguns detalhes: 1) Depois de um jogo jogo (reforçando); 2) O cidadão já tinha 5 anéis de campeão; 3) O Lakers liderava o Oeste na época; 4) O avião sairia em três horas. Alguns atletas preferiram sair pra jantar. Kobe preferiu treinar; 5) Ele voltou SOZINHO à quadra; 6) O rapaz já tinha 32 anos.

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"Lembro que antes da temporada de 2009 fomos treinar juntos em Los Angeles. Cheguei cedo ao ginásio e ele já estava lá. Não estava entendendo muito bem o que ele fazia ali repetindo o mesmo arremesso inúmeras vezes, mas preferi não incomodar. Fui me alongando, arremessando de leve e esperava ouvir meu nome rapidamente. Passaram dez, vinte, trinta, cinquenta minutos. Nada. Uma hora, duas horas, Duas horas e meia. Decidi ir lá. E perguntei: 'Cara, o que você está fazendo treinando o MESMO arremesso há quase três horas? Eu só te vejo deste mesmo ponto da quadra e sua bola não para de cair. O que está acontecendo?'. E aí ele me respondeu: 'Este arremesso, deste ponto da quadra, está me incomodando muito há dois meses. Sinto que a bola está girando mal até o aro. Então estou tentando solucionar isso. Você me dá mais meia horinha para eu resolver essa questão?'. Naquele momento eu fiquei sentado tentando entender", Jamal Crawford, atualmente ala do Los Angeles Clippers.

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"Eu me chamo Rob, sou preparador físico profissional há 16 anos e já tive a oportunidade de trabalhar com um vasto número de atletas, do ensino médio ao nível profissional. Fui convidado para Las Vegas em 2012 para ajudar o Team USA com a preparação física antes da partida para Londres, onde, como sabemos agora, eles conquistariam o ouro olímpico. Já havia tido a oportunidade de trabalhar com Carmelo Anthony e Dwyane Wade no passado, mas esse seria meu primeiro contato com o Kobe. Nos encontramos pela primeira vez três dias antes da primeira sessão de treinos, no começo de julho. Foi uma conversa rápida sobre condicionamento físico, como ele gostaria de estar no final do verão e também um pouco sobre a qualidade da Seleção. Ele então pegou meu número e eu disse que ele poderia me procurar sempre que quisesse um treino extra, a qualquer hora.

Na noite anterior à primeira sessão de treinamento eu lembro que havia acabado de assistir 'Casablanca' pela primeira vez e era por volta das 3:30 da manhã. Deito na cama, pego no sono aos poucos e ouço meu celular tocar. Era o Kobe. Atendi nervoso:

"Rob, não estou atrapalhando nada, certo?"
"Não, Kobe. Tudo certo?"
"Eu estava me perguntando se você poderia me ajudar com um treino físico agora."
Olhei no relógio. 4:15 da manhã. "Sem dúvidas, chegarei ao complexo em alguns minutos".

Levei uns vinte minutos até me aprontar e sair do hotel. Quando cheguei e entrei na quadra de treinos principal avistei o Kobe. Sozinho. Estava encharcado de suor, parecia ter acabado de sair de uma aula de natação. Não eram nem cinco da manhã. Fizemos um treino físico por uma hora e quinze minutos. Então entramos na sala de musculação, onde ele realizou treinos de força por 45 minutos. Depois disso nos separamos e ele voltou para a quadra para treinar arremessos. Voltei para o hotel e apaguei. Wow.

Eu era aguardado no ginásio novamente às onze da manhã. Acordei me sentindo sonolento, um pouco tonto e com todos os outros sintomas que resultam da falta de sono. Obrigado, Kobe. Comi um pão e saí para o complexo. Todos os jogadores da Seleção estavam lá, animados para a primeira sessão de treinamentos. LeBron conversava com o Carmelo se me lembro bem e o Coach Krzyzewski explicava alguma coisa para o Kevin Durant. Do lado direito da quadra estava o Kobe sozinho treinando arremessos. Passei, o cumprimentei e disse:

"Bom trabalho essa manhã"
"Como?"
"Quero dizer, no treino físico. Bom trabalho."
"Ah, sim, obrigado, Rob. Eu realmente agradeço."
"Então, quando foi que você terminou?"
"Terminei o quê?"
"Os arremessos. Que horas você saiu da quadra?"
"Eu não saí da quadra desde aquela hora. Queria fazer 800, então só agora, então estou desde aquele momento (4h da manhã) treinando".

Começou às 4h da manhã, eram 11h da manhã, ele não havia descansado. Meu queixo caiu".

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A primeira experiência de Kobe Bryant com a seleção norte-americana foi no Pré-Olímpico de 2007 em Las Vegas. Os EUA eram amplamente favoritos a conquistar uma das duas vagas para a Olimpíada da China do ano seguinte, mas o ala do Los Angeles Lakers não queria dar a menor sopa para o azar.

No dia 26 de agosto os EUA enfrentariam o Brasil. Do outro lado da quadra estaria Leandrinho, que tinha alucinado o Lakers, de Kobe, nos playoffs dos dois últimos anos (2006 e 2007). Embora não fosse uma figurinha nova para ele, o camisa 10 da seleção norte-americana não queria ser surpreendido. No final do treino conversou com Roy Williams, técnico de North Carolina e assistente de Coach K, e pediu:

– Coach, amanhã o Barbosa (Leandrinho) não pode tocar na bola. É o melhor jogador do time deles e precisamos anulá-lo. O que você preparou para mim neste sentido?

– Como assim, Kobe? Você sabe como marcá-lo. Jogou contra ele não tem dois meses, não?

– Não. Preciso que você me entregue um compilado dos arremessos dele neste Pré-Olímpico e as diferenças de jogo para jogo. Amanhã não posso deixá-lo respirar.

E assim foi feito. Roy Williams entregou uma apostila para Kobe Bryant em seu quarto na noite de 25 de agosto e um DVD com os melhores momentos editados de Leandrinho naquela competição.

No dia seguinte, uma das fotos mais incríveis da seleção norte-americana naquela competição (esta daqui do lado) mostra bem o que Kobe, na época um jogador com três títulos da NBA e o líder do time, queria: atazanar a vida de Leandrinho. O ala brasileiro errou seis de seus sete arremessos, desperdiçou quatro bolas e não teve forças para segurar o camisa 10 americano na defesa (Kobe teve 20 pontos). No final do jogo (113-76), Roy Williams ainda escutou: "Se não fosse o DVD e a apostila não teríamos vencido".

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"Sempre fiz questão de ser o primeiro a chegar ao trabalho. Mas Kobe sempre dava um jeito de me superar. Eu morava a dez minutos do ginásio. Ele, a 45.

Um dia, na pré-temporada de 1999, ele quebrou o punho direito. A quadra, imaginei, ficaria só para mim. Mas, para minha vergonha, na manhã seguinte lá estava ele no ginásio – um braço engessado, o outro com a bola. Enquanto o time se ajustava para a estréia, percebi que Kobe seguia uma rotina peculiar.

Ele driblava, fintava, passava e chutava com a canhota. Parecia obcecado em reaprender tudo o que fazia com a mão direita.

Certa manhã, ele me chamou para um duelo de arremessos. Fiquei insultado. Ele acreditava que podia derrotar a mim, um especialista em tiros de longa distância, e sem uma mão. A mão boa! Como assim? Topei. Seria um prazer fazê-lo engolir a mania de grandeza.

Por pouco escapei do maior vexame de minha carreira. Foi só por uma cesta que o venci. Uma só.

Mas o melhor veio não contra mim em um treino, mas quando sarou e voltou a jogar. Logo em seu primeiro lance Kobe driblou e chutou com a mão esquerda. O arremesso nem aro deu. Mas isso não importava pra ele.

O banco olhou meio assustado, achou que ele estava maluco. No ataque seguinte, um drible de canhota, um passe, outro drible e um arremesso certeiro. De canhota. Diante de milhares de pessoas e das câmeras de TV, ele quis provar que também podia brilhar com a canhota".

John Celestand, companheiro de Kobe Bryant no Lakers em 1999.

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