Arnon de Mello explica estratégias da NBA no Brasil
Fábio Balassiano
05/01/2016 06h30
Conversei com ele no final do ano passado. Como o conteúdo ficou extenso, divido a entrevista em duas partes. Todos os assuntos foram perguntados a Arnon: avaliação do escritório da NBA no Brasil, a parceria com a Liga Nacional, a recente mudança do site institucional da NBA Brasil para o do Sportv, o lançamento de uma loja física etc. . Confira o papo com o Diretor-Executivo da NBA no Brasil.
ARNON DE MELLO: Foram muitas conquistas nesses anos. Houve três jogos de NBA aqui no Brasil, consideramos isso muito relevante e é fundamental falar. Cada um com a sua história participar. O primeiro (Wizards x Bulls) com um mais popular (o Chicago) e outro (o Washington) com um brasileiro – e um brasileiro que abriu recentemente as portas da liga para os atletas do país. O segundo, o melhor jogo daquela pré-temporada, foi em um momento muito importante com o LeBron voltando ao Cleveland e enfrentando pela primeira vez o seu ex-time, o Miami Heat, que é bem popular por aqui. Além do jogo em si, exibido para o mundo todo, havia o Anderson Varejão, outro atleta bem carismático. Este jogo mandou a imagem do Brasil para todo planeta e isso foi muito bacana. Em 2015 tivemos pela primeira vez um time brasileiro (Flamengo) jogando contra um da NBA aqui no Brasil (o Orlando Magic). Serviu também para celebrar a parceria entre Liga Nacional de Basquete (NBB) e NBA. Esta é a primeira parceria que a NBA faz com uma Liga de basquete ao redor do mundo e mostra bem o tamanho da importância que a NBA dá ao país.
ARNON: Já houve parcerias, digamos, mais informais, quando a NBA deu uma espécie de consultoria ou prestou algum tipo de ajuda informal a países que nos consultavam. No Brasil é diferente e tudo descrito em contrato com papéis, responsabilidades e objetivos bem transparentes para todos. Por aqui a NBA tem responsabilidades, principalmente com relação a parte econômica, de patrocínios, e estamos muito contentes com este primeiro ano de parceria. Tem muitas coisas para ajustar, para evoluir, para melhorar, e a maioria delas não são novidades.
ARNON: Sim. Os jogos estarem em boas arenas, em arenas mais cheias. Principalmente nas partidas de TV. São medidas simples, rápidas e que sabemos como fazer. Os times, hoje, não possuem, infelizmente, profissionais que atuam em todas as áreas necessárias quando falamos de negócio. Precisamos saber até que ponto podemos cobrar melhorias deles neste sentido. Ao mesmo tempo, medidas simples podem ajudar rapidamente.
ARNON: Com relação ao jogo, já estou habituado. E sempre esteve muito claro que vim pra cá não porque era um profissional do basquete, mas sim porque sou um cara de negócios, com passagens maiores na área financeira, de bancos. Mas já tive uma passagem pelo meio esportivo, pelo CSA, de Alagoas, que me ajudou bem a saber como as coisas funcionam no esporte. Com a NBA aprendi a ser mais paciente. Antes de chegar à NBA Brasil vim de um período onde tinha liderado duas Start-Ups de tecnologia e em uma Start-Up todo dia você quer e precisa mostrar resultados diários principalmente para quem está investindo e bancando. Por mais que eu veja esse escritório como uma Start-Up, temos uma, digamos, empresa imensa por trás que é a NBA e que dá tranquilidade para fazermos as coisas de maneira bem planejadada. Por mais que as respostas venham rápidas, tive que aprender a ter mais paciência, mais calma. A grande vantagem é que temos uma liberdade muito grande dentro do escritório.
BNC: Sobre o ano de 2016, está descartada mesmo qualquer chance de termos um jogo de NBA aqui no Brasil devido às Olimpíadas, certo?
ARNON: Sim, é certo isso.
ARNON: Sim, existe e está sendo estudada a possibilidade, sim. Mais que a possibilidade. Estamos trabalhando fortemente nisso. Vamos tentar mais uma vez levar time daqui para jogar a pré-temporada lá. Neste caso específico não pensamos muito no marketing, não. Vale mesmo o lado esportivo de ter um time do NBB jogando lá. Nós entendemos que hoje, realmente, o basquete do Brasil está em um nível diferente daquele que estivemos no passado. Houve dois times brasileiros que já foram lá e fizeram bom papel. Ainda não vencemos um jogo mas isso é questão de tempo, não tenho a menor dúvida disso. Há equipes da Europa que já ganham de franquias da NBA e vamos chegar lá também. O mais importante mesmo é que vamos lá e disputamos boas partidas, somos elogiados. É muito legal isso. Essa experiência internacional é muito válida. E para eles é importante que a gente vá abrindo a cabeça deles quando um time nosso vai lá e faz um jogo de alto nível. Quem sabe mais jogadores de lá não possam vir pra cá no futuro.
ARNON: O crescimento da base de assinantes de League Pass no Brasil encontra-se estável. O que quer dizer isso? Ele está crescendo conforme o planejado. Não está acima e também não está abaixo. Há, de fato, dois impactos importantes para vermos este crescimento. O primeiro é o número de jogos na TV, que da metade da temporada passada pra cá cresceu muito. Só que muita gente na temporada passada já havia comprado o League Pass quando a oferta de partidas na televisão aumentou. Isso aliás merece ser comentado. De um ano pra cá nossas audiências têm aumentado muito em todos os canais. No Sportv, na ESPN e antes no Space, que exibia a NBA. O produto está sendo mais visto, consumido, comentado mesmo. A gente acha que esse crescimento vem através de pessoas novas, de pessoas diferentes daquelas que já consumiam o basquete.
Continua amanhã…
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