A Confederação Brasileira de Basketball não quis mesmo diálogo após a saída forçada (por motivos de saúde) do técnico Zanon. Contra o Colegiado formado pelos seis clubes da Liga de Basquete o Diretor Vanderlei Mazzuchini, totalmente contrariado com os rumos que a situação tomou, contratou o experiente Antonio Carlos Barbosa na segunda-feira e mostrou que de fato não haveria a menor comunicação com os clubes.
Dois dias depois a Confederação Brasileira foi além. A entidade anunciou Adriana Santos, campeã mundial em 1994 e duas vezes medalhista olímpica (1996 e 2000), para a função de coordenação técnica. No site oficial a missão dela é muito bem descrita: "A Adriana será um elo da Confederação com a Comissão Técnica e as atletas da Seleção Brasileira Feminina. Essa ligação vai passar pela parte técnica, administrativa e de planejamento".
Pode parecer que foram dois movimentos simples da entidade máxima, mas não é bem assim, não. Em primeiro lugar pelo que mencionei acima – o Colegiado formado pelos seis clubes da LBF não foi ouvido.
Em segundo lugar porque, de acordo com Antonio Carlos Barbosa, o Sampio Correa, um dos clubes da Liga de Basquete Feminino, já concordou em liberar as atletas para o evento-teste (a declaração foi dada na Rádio Globo, em debate que foi mediado por Marcelo do Ó e que contou com minha presença – ouça aqui). Ou seja: o tal colegiado perderia um pouco de sua força (não toda, mas um pouco). A propósito, aqui cabe uma pergunta: como foi feita essa liberação das atletas do time do Maranhão? Fico curioso para saber os detalhes disso tudo.
Por fim, a chegada de Adriana tenta colocar panos quentes na relação da CBB com as atletas, tirando o foco do colegiado e trazendo para ela (CBB) a função de dialogar com as jogadoras. Adriana, para quem não sabe, foi assistente técnica de Americana faz pouco tempo, ainda vive na cidade e tem bom trânsito com as meninas mais novas e também com as mais experientes (algumas delas atuaram a seu lado inclusive).
Resumindo, a tacada é claríssima: além de preencher todas as funções almejadas pelo colegiado como ela (CBB) desejou, a entidade presidida por Carlos Nunes tenta esfriar ainda mais as ações dos clubes, colocando Adriana entre a entidade máxima e as atletas.
Não dá para saber, ainda, quais os próximos passos do basquete feminino brasileiro. Como os clubes irão reagir? E as atletas? Será que mais alguém, além do Sampaio Correa, vai roer a corda e liberar as jogadoras para o evento-teste de janeiro? A resposta final teremos mesmo em 5 de janeiro, data em que as meninas deverão se apresentar no Rio de Janeiro. Até lá, muitas dúvidas no ar, mas uma certeza: em menos de uma semana a CBB conseguiu sair das cordas, em termos políticos, para esfriar o movimento dos clubes de uma maneira até então inimaginável.
