Confesso a vocês que estava curioso para saber quais os próximos passos do (como eles gostam de ser chamados) colegiado formado pelos seis clubes que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF). Como você deve lembrar, o grupo ganhou notoriedade quando, na semana passada, se insurgiu contra a Confederação Brasileira ao exigir publicamente comprometimento da entidade máxima do basquete com as meninas do país e o planejamento para a seleção feminina visando a Olimpíada de 2016 (mais aqui e aqui).
Aí ontem o colegiado foi além. De maneira cirúrgica, estrategicamente falando, o grupo organizou em São Paulo uma coletiva de imprensa horas antes do evento que a CBB tentaria falar sobre o basquete feminino (à tarde e no Rio de Janeiro). Totalmente esvaziada, a tentativa da Confederação não contou com as equipes ou atletas e foi um fiasco total. Os rostos pouco animados de Carlos Nunes, o presidente da entidade máxima, e dos demais participantes falam por si, não? A entidade máxima ainda tentou lançar palavras de ordem através de um frio release, mas creio que não fará efeito, não.
E não fará efeito porque em um hotel de São Paulo o colegiado colocou um banner com uma frase sintomática no fundo ("Respeito ao Basquete Feminino"), falou forte, manteve o pé no acelerador das cobranças e lançou oficialmente suas duas principais propostas: "Que a Confederação aprove, de forma imediata, que os técnicos dos seis clubes que hoje disputam a LBF componham o departamento técnico da CBB visando as Olimpíadas de 2016; e Que a Confederação aceite, após a 1ª proposta, que os dirigentes destas seis equipes acompanhem onde serão alocados os recursos disponíveis da Seleção Feminina para as Olimpíadas".
Já seira muita coisa, mas não foi só isso, não. O Fábio Aleixo e o Vinicius Konchisnki contam aqui no UOL como foi e me impressionou que, além dos dirigentes e técnicos, o movimento agora ganhou uma força importantíssima e até certo ponto inédita no esporte brasileiro: as atletas participaram ATIVAMENTE E SEM MEDO da entrevista coletiva, indo ao evento, expondo exatamente o que pensam e batendo o pé em cima das reivindicações dos clubes (há, inclusive, uma declaração corajosa e fortíssima de Damiris na matéria).
Explicando: se antes parecia um movimento isolado (no sentido de sozinho) envolvendo diretores e treinadores, agora é uma ação fortíssima que contempla TODOS os que fazem o dia a dia do basquete feminino. E isso é coisa pra caramba. Não lembro, sinceramente, de ter visto no esporte brasileiro uma ação tão forte contra uma Confederação, não. Vale ressaltar que, caso as demandas não sejam aceitas, as atletas não participarão do evento-teste programado para janeiro de 2016, expondo ainda mais a CBB não só no país, mas para a comunidade internacional.
A questão, agora, é ver os próximos passos de Confederação e Colegiado. Espero, sinceramente, que eles conversem longe dos holofotes, se alinhem e que façam o melhor para o basquete feminino brasileiro. Seria o melhor para todos os envolvidos, não?
No dia 4 de dezembro de 2015, porém, dá para afirmar: Carlos Nunes, o técnico Zanon que as meninas querem ver pelas costas, Vanderlei, o diretor técnico que NUNCA fez nada pelas meninas mas que posa como o craque do planejamento, e a turma da CBB estão totalmente nas cordas, acuados por um grupo que (aparentemente) não tem medo do embate e tampouco vai retroceder.