Topo

Com saída de McHale do Houston, a queda dos 'craques técnicos' na NBA

Fábio Balassiano

23/11/2015 01h30

Na semana passada o Houston anunciou a saída de Kevin McHale do comando técnico. Nunca fui fã do treinador, mas ele fez um ótimo trabalho na temporada passada, guiando os texanos a 56 vitórias e a final do Oeste contra o Golden State Warriors. Aparentemente o grupo de jogadores perdeu o encanto por McHale ainda na pré-temporada, os resultados não estavam vindo (4-7) e a diretoria decidiu agir. Demitiu o ex-jogador do Boston Celtics e informou que manterá até o final do campeonato o seu ex-assistente J.B. Bickerstaff no cargo.

Pode parecer uma mexida comum ou até mesmo esperada, mas a saída de Kevin McHale do Houston carrega consigo um simbolismo interessante. Um dos melhores jogadores da década de 80, McHale está sendo substituído por um cara que nunca jogou basquete profissional e que tem 21 anos anos a menos que ele (o veterano tem 57, e o novato, 36). Bickerstaff é filho de Bernie, ex-técnico da NBA, e é assistente focado em defesa desde 2004 (quando começou com seu pai no Charlotte Bobcats aliás). Muita gente boa que acompanha a NBA diz que essa turma nova de jogadores não tem muita paciência com os treinadoras "à moda antiga" e que prefere dialogar com, digamos, pessoas de uma geração mais próxima, com mais conteúdo (informação, e não história) e com linguagem mais próxima da dela.

E isso faz bastante sentido quando olhamos os números. Na temporada 2000-2001 (há menos de 20 anos portanto), nada menos que nove técnicos que dirigiram equipes da NBA foram All-Stars em algum momento de suas carreiras (entre os nomes estavam Isiah Thomas – na foto -, Dave Cowens, Dan Issel, Rudy Tomjanovich e Lenny Wilkins). Com a saída de McHale, no campeonato atual, temos apenas quatro que foram alguma vez ao All-Star Game (Doc Rivers, Jason Kidd, Lionel Hollins and Jeff Hornacek).

A saída de cena do técnico que foi craque para a entrada de alguns que nunca atuaram profissionalmente pode ser evidenciada, também, quando notamos que Erik Spoelstra, técnico de 45 anos do Miami Heat, é o segundo há mais tempo em uma mesma franquia.

Ele está atrás do absurdamente genial Gregg Popovich, desde 1996 no San Antonio Spurs e outro que jamais atuou no basquete profissional. A final da temporada passada colocou o ex-jogador Steve Kerr como o grande vencedor, mas do outro lado da quadra estava ninguém menos que David Blatt, treinador que não só nunca pisou em uma quadra como atleta como tampouco havia treinado na NBA antes de tomar as rédeas do Cleveland Cavs. Na final do Leste, aliás, os Cavs enfrentaram o Atlanta, do ótimo Mike Budenholzer (da mesma linhagem de Spo, Pop e Blatt).

Não sei exatamente o que irá acontecer nos próximos anos em relação a isso. Pode ser, apenas, que isso seja uma tendência passageira e que os técnicos que foram cracaços recentemente voltem à beira da quadra para comandar as equipes da NBA.

Não é, porém, o que parece que irá acontecer, não. A vivência do jogo é uma vantagem para quem a carrega consigo, mas não tem garantido absolutamente nada em termos de empregabilidade na NBA nos últimos anos porque não é "só" isso que tem contado, não. Na era da informação e da mudança de linguagem (podemos incluir aí, também, a dificuldade na relação interpessoal com atletas cada vez mais mimados), conhecer de basquete parece ser "apenas" uma das ferramentas para ir longe na profissão nos Estados Unidos.

Saber sobre gestão de pessoas, utilização de dados e comunicação direta com o elenco e direção pode valer mais do que ser um genial criador de esquemas táticos.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Com saída de McHale do Houston, a queda dos 'craques técnicos' na NBA - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.


Bala na Cesta