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O bom papel do Flamengo e as lições que ficam dos amistosos da NBA

Fábio Balassiano

19/10/2015 01h08

O Flamengo tinha a esperança de, no sábado, se tornar o primeiro time brasileiro a vencer um da NBA. Seria um feito, sem dúvida alguma. A esperança, porém, logo se dissipou quando o Orlando Magic, com um endiabrado Shabazz Napier (14 pontos e 3 assistências) e com um imarcável Nikola Vucevic (18 pontos e 7 rebotes), saiu na frente para não mais largar a boa vantagem no placar.

Abriu 27 pontos de diferença nos três primeiros períodos, poupou titulares no último quarto e venceu o com confortáveis 90-73 (mais aqui) diante da fanática torcida rubro-negra. Fanática torcida rubro-negra que, se não lotou o ginásio, fez ótimo papel de um modo geral apesar de um incidente lamentável antes da partida. Sobre a confusão, deixo para vocês comentarem. Creio que seja relevante haver uma discussão ampla sobre o tema (que envolve educação, respeito ao próximo e civilidade), mas confesso não ter mais estômago depois de algumas abobrinhas que li no Facebook Bala na Cesta.

Sobre o jogo em si, vale dizer que o Flamengo fez um bom papel. Não é fácil vencer um time da NBA. Vencer começando mal, menos ainda. E foi o que aconteceu. Os dois reforços da equipe que chegaram recentemente não iniciaram bem o duelo contra o Magic (Jason Robinson e Rafa Luz), e os rubro-negros não conseguiram segurar a onda do empolgado time do Orlando, que marcava bem como manda a cartilha do técnico Scott Skiles.

O time de José Neto tentava se acertar, mas acabou pagando o jogo todo pela sua imensa precipitação no ataque. Gostaria muito de contar o número de passes em cada uma das posses de bola rubro-negras, mas no olho deu pra ver que a seleção de arremessos foi muito ruim e que quase nunca houve cinco, seis passes trocados por ação ofensiva (algo muito comum por aqui como coloco nas próximas linhas). Foram 8/37 de fora, algo assustador e que nem de longe faz parecer o estilo que Neto coloca em prática no clube desde que lá chegou há três temporadas. Faz parte, porém, do aprendizado.

A grande lição que fica dos amistosos da NBA não é que os times do Brasil (Bauru e Flamengo) estão muito atrás dos da melhor liga de basquete do mundo. Isso é o básico e esperar qualquer coisa diferente seria um disparate. Creio que o principal a se aprender depois de jogar contra times de estilos BEM distintos (Knicks, Wizards e Magic – os três do Leste) seja o fato que não existe forma ruim de atuar em uma quadra de basquete.

É meio óbvio isso também, mas é sempre bom lembrar que você pode ser eficiente chutando muito de três ou buscando o jogo perto da cesta. Para todos os casos, é fundamental que se treine MUITO a estratégia e que se tenha uma boa dose de variação de sistema. Bauru arremessou muito de longe na NBA e também no Mundial contra o Real Madrid. O Flamengo tem um estilo mais cadenciado. Os dois, no entanto, carecem do mesmo problema que assola TODOS os times de basquete por aqui (sem NENHUMA exceção): melhor seleção na hora de disparar a bola pra cesta. Não há um Klay Thompson ou um Steph Curry por aqui que justifique uma destas equipes chegar aqui e, com cinco segundos de ataque, jogar a bola para cima.

Trazendo para uma realidade menos distante da nossa do que é a da NBA, o Real Madrid, campeão da Euroliga e com elenco fortíssimo, mostrou muito isso contra Bauru e na temporada passada. Apesar de suas inúmeras armas, o arremesso só saía quando o chutador tinha a CERTEZA que estava em bom momento para finalizar. E isso, obviamente, quase nunca surge com menos de dez segundos ou três passes trocados.

É possível escolher um ou outro estilo, mas creio que para a qualidade interna melhorar de vez é essencial que as equipes procurem fazer jogos menos, digamos, emocionais e mais racionais. Quanto mais capacidade de leitura os atletas daqui tiverem não só os clubes ganharão, mas quem assiste também pois os espetáculos (principalmente do NBB) serão muitíssimo melhores.

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