Acabou que devido a notícia de Marcelinho Huertas eu não comentei no blog a derrota da seleção brasileira para o Uruguai na estreia da Copa América na segunda-feira (71-57). E nem tinha muito para ser dito mesmo pois o time de Rubén Magnano não jogou muito bem (pra ser educado).
Tentei ser paciente, pois tem o tal nervosismo da estreia que acomete às seleções de basquete há 250 anos, mas o panorama não mudou muito na vitória de ontem contra a República Dominicana. O Brasil até venceu, mas segue sem jogar bem e o placar de 71-65 mostra razoavelmente como foi a partida.
Com exceção do segundo período (vencido por 29-16), o Brasil não apresentou bom basquete. Aliás, aqui uma observação: dos oito períodos jogados na competição, em apenas um (o segundo da segunda partida) a seleção de Magnano fez mais de 18 pontos. Ou seja, em 7 dos 8 períodos disputados a equipe fez menos de 2 pontos por minuto, índice baixíssimo.
Mas, bem, voltando, com ataque muito estático (o principal problema até o momento), com uma defesa combativa mas ao mesmo tempo menos intensa que a do Pan-Americano e forçando demais as ações nos tiros longos e de um-contra-um (7/25 de longe), a equipe nacional concentrou muito o ataque em Marquinhos (17 pontos) e também em Vitor Benite (13 pontos apesar dos 5/17 nos chutes), dois dos alas que conseguem criar os seus próprios arremessos.
E aí o Brasil sempre terá problemas. Não porque Marquinhos ou Benite não sejam bons para pontuar, mas porque fica fácil de dobrar ou sufocar a marcação em cima deles com um ou outro estudo. Em nível FIBA, é quase impossível se virar (a não ser que você seja um Luis Scola, capaz de lotar a cesta canadense de genialidade com 35+15 na vitória argentina de ontem). Muitíssimo bem no Pan-Americano, Benite mesmo tem sido vigiado loucamente nesta Copa América. Para encontrar espaço está, mas mesmo assim a bola teima em terminar em suas mãos porque o ataque travado, parado e sem grande movimentações faz com que seus demais companheiros quase nunca estejam em boas condições de arremessar menos marcados que ele.
É uma reação, digamos, em cadeia. Como nada parece fluir (principalmente) no ataque, o jogo fica travado, a defesa tem a obrigação de deter o adversário e os principais jogadores do Brasil acabam tendo a obrigação de pontuar de forma individualizada porque o sistema de jogo não tem funcionado. É, sem dúvida alguma, uma diferença e tanto para o que vimos no Pan-Americano, quando tudo parecia tão bem ensaiado que nós, pouco acostumados a ver isso na seleção brasileira, estranhávamos com sorriso no rosto.
O filme, como se vê, não é muito bom até o momento na competição. Mas nem há muito tempo a se lamentar. O Brasil volta a jogar pela Copa América hoje às 22h30 contra o México, dono da casa. Será, até o momento, o jogo mais difícil da seleção brasileira na competição.
Entrar concentrado, portanto, é fundamental. Fazer a bola rodar no ataque, facilitando os chutes menos marcados e gerando mais movimentação inclusive da defesa adversária, também. Seria muito bom se a gente visse, na Cidade do México, um pouco do que vimos no Pan-Americano de Toronto.
Ainda dá tempo e é o que todos esperamos.