Terminaram os três primeiros jogos da seleção masculina na Copa Tuto Marchand, torneio preparatório que está sendo disputado em Porto Rico. Além dos resultados (derrotas para Porto Rico no domingo e Canadá na segunda-feira, e vitória contra a Argentina ontem por 80-71), ficaram claros os pontos de melhoria que a equipe de Rubén Magnano terá que trabalhar para ir longe na Copa América que começa no dia 31 de agosto.
Se na defesa está tudo correndo muito bem, com rotações executadas com correção e intensidade (é difícil ver problemas no lado oposto – antigo problema da seleção brasileira e até hoje vigente em jogos dos times nacionais no NBB), no setor ofensivo as coisas não têm andado lá muito bem, não.
Já tinha notado isso nos amistosos contra Argentina e Uruguai no Torneio de Brasília, e aparentemente os problemas no ataque não foram corrigidos. O Brasil fez apenas 66 pontos contra Porto Rico, 64 diante do Canadá e 80 contra a Argentina. A quantidade não é propriamente o problema, mas sim como os arremessos têm saído das mãos dos atletas brasileiros. Se no Pan-Americano víamos quase todos os chutes sendo desferidos de forma livre, em San Juan (Porto Rico) o tal "passe extra", grande qualidade do time de Magnano em 2015 até o momento, quase não foi notado.
Com isso a maior parte das jogadas foi decidida ou no um-contra-um (a pior conversão em todos os níveis de basquete) ou em picks simples na cabeça do garrafão. O número de pontos no garrafão tem caído (36 na estreia, 26 na segunda rodada e 42 ontem contra uma equipe hermana que sofre com jogadores de ótimo potencial físico há tempos…) mesmo com as ótimas e consistentes atuações de Augusto Lima, autor de 14+8 e 17+6 nos dois primeiros jogos (nesta terça-feira, apenas 15 minutos e 6 pontos). A equipe de Magnano poderia tentar municiar ainda mais o seu ala-pivô, um dos melhores nesta temporada de 2015 da seleção.
Como isso não tem sido feito a exaustão o jogo, obviamente, acaba focado demais nos chutes longos, em bolas de difícil capacidade de conversão (arremessar "de pertinho" é muito mais fácil, né?). Não surpreende, portanto, que contra Porto Rico o Brasil tenha chutado 38% (com direito a 3/25 de fora), 39% contra o Canadá (4/17 de longe) e 46% diante dos hermanos (5/15 para três pontos). O desempenho de Vitor Benite, genial no Pan e que certamente entrou em todos os radares das comissões técnicas adversárias, é esclarecedor também. Bem vigiado, o camisa 8 tem sido obrigado a decidir os ataques sempre muito pressionado. Foram 11 bolas seguidas de três sem acerto nos dois primeiros jogos, um total de 1/14 de fora e 10/35 nos chutes.
É óbvio, e isso precisa ser ressaltado, que o nível técnico desta Copa Tuto Marchand é outro em relação ao Pan-Americano (os argentinos estavam em fase inicial de preparação; os canadenses agora estão reforçados com "os NBA" deles; e Porto Rico, surrado na estreia do Pan pela seleção brasileira, não ia se dar ao luxo de levar outra pancada em casa). Na Copa América, com a necessidade da conquista da vaga olímpica por todas as seleções (com exceção do Brasil), a adrenalina será ainda maior – e a intensidade física, técnica e mental também.
Insisto que esta é uma seleção ainda em formação. Obstáculos irão aparecer e é até possível que em um primeiro momento este grupo não consiga superá-los. Faz parte do aprendizado que qualquer time que quer ser muito bom passa e a grande vantagem é que a vaga olímpica já está garantida, diminuindo a pressão por resultado imediato e fazendo com que este grupo atue de forma mais livre.
A seleção brasileira se despede da Copa Tuto Marchand nesta quinta-feira às 18h45 contra a República Dominicana. Sem chance de título, o time de Rubén Magnano precisa continuar a fazer o que tem feito nesta temporada toda de 2015 – testar formações, variações e conceitos de jogo.
Vencer é bom, mas se preparar para o que está por vir é mais do que fundamental. Há, como disse acima, pontos importantes para serem lapidados.