Entrevista: Caboclo analisa primeira temporada e projeta futuro na NBA
Fábio Balassiano
18/05/2015 01h37
Cidade nova, língua diferente, exigência maior, a NBA, a Liga de Desenvolvimento (D-League), técnicos, comida, tudo. As únicas coisas que não mudaram nos últimos 12 meses foram a sua timidez e seu sorriso fácil. As palavras saem, ainda, com muita dificuldade, mas no papo de quase 15 minutos da última sexta-feira, véspera da viagem dele para Toronto, Bruno se soltou e falou bastante (para seus padrões, claro) sobre a liga, a franquia, seus próximos passos, seleção brasileira e muito mais. Confira!
BRUNO CABOCLO: Foi um pouco difícil no começo. A adaptação com o basquete e a língua principalmente. Mas depois de dois, três meses consegui me adaptar bem e seguir a temporada de forma tranquila. Pelo que percebi, sobre as maiores diferenças, a maior dificuldade mesmo é ter mais inteligência na quadra. Talento ali todo mundo tem, né? Mas tem que ter inteligência para saber jogar o jogo da forma que eles querem. A eliminação do Toronto para o Washington, e do jeito que foi (4-0), foi triste, muito triste, mas acredito que a gente aprende com os erros. Isso tudo que passamos será importante para nós no futuro.
CABOCLO: Pelo que me falaram vou ganhar mais de tempo de quadra. Além disso, o Toronto ainda está negociando com a NBA para ter um time próprio da D-League logo no próximo campeonato. Caso isso aconteça, jogarei tanto na NBA quanto na D-League. Ainda não tem essa definição sobre a D-League, mas espero que dê certo. Na entrevista de final de ano eles me passaram como será a próxima temporada. Pediram para eu descansar um pouco e logo que voltasse para treinar bastante. Ainda não sei se farei algum treinamento específico, algum camp, essas coisas. Nesta semana vamos decidir tudo em conjunto.
CABOCLO: Não. Ele simplesmente não me colocava. Opção. Faz parte, é estranho em alguns momentos, mas você precisa obedecer as orientações do técnico. Só que aprendi bastante lá também. Você leva para a vida.
BNC: Recentemente a NBA viu uma série de trocas, inclusive envolvendo jovens jogadores. O maior exemplo disso foi o Michael Carter-Williams, trocado mesmo sendo titular do Sixers para o Bucks. Você pensa nisso? Teme que isso aconteça com você também?
CABOCLO: Isso não passa pela minha cabeça. Acho que se for para ser trocado é porque você não está sendo bom para o time ou é alguma decisão do atleta/agente. Não penso nisso.
CABOCLO: Chegamos a treinar uma vez em Los Angeles. Um contra o outro. Foi o meu primeiro contato com ele, mas nada muito além disso. Havia acabado de ser escolhido no Draft e fui treinar em Los Angeles. Não ligo muito para essas comparações, mas se tivesse que escolher eu diria que acho legal, porque significa que olham alguma coisa em mim.
CABOCLO: Não consegui falar com eles recentemente porque perdi meu celular, mas vou conversar com eles, sim, e torço muito para dar certo. Quanto mais brasileiro por lá, melhor. É difícil dar dica, porque estou lá há pouco tempo. Mas se pudesse dizer, falaria para manter a cabeça boa e treinar forte todos os dias porque eles olham tudo. Tudo, tudo mesmo. Dentro e fora de quadra.
BNC: Como assim olham tudo 'dentro e fora de quadra'?
CABOCLO: Não é que eles te monitorem, mas para as franquias da NBA a questão de comportamento é muito importante. Eles se importam com isso.
CABOCLO: Melhorei muito na parte física e também na questão técnica do jogo. Acho que houve evolução em todas as áreas do meu jogo. Mas é claro que tenho que desenvolver meu jogo em todas as áreas. Física, técnica, tática, arremesso, drible. Nunca está bom. Isso vi muito na NBA. Sempre há espaço para melhora. E lá tem sempre alguém querendo pegar seu lugar, tentando ser melhor que você.
BNC: Dos caras que você viu jogando ou até mesmo treinando no Toronto, quais foram aqueles que mais lhe impressionaram?
CABOCLO: Consigo falar no Chris Paul, do Los Angeles Clippers, e no Kawhi Leonard, ala do San Antonio Spurs. Eles me impressionaram demais.
CABOCLO: Meus pais estão procurando uma casa ainda, mas ainda não temos nada fechado. Será em uma cidade mais perto de São Paulo para facilitar em algumas coisas em relação a médico, essas coisas. Agora eles já têm TV a cabo, acompanham tudo em relação a mim e entendem bem o que é a NBA. Falamos quase todos os dias e quando podem eles vão me visitar.
CABOCLO: Considero isso tudo normal. E é importante que isso te puxa pra cima, te motiva a estar cada dia melhor. Se você está treinando forte, eles vão te empurrar para treinar ainda mais forte, mais pesado. Temos que tentar chegar no nosso máximo.
CABOCLO: Ainda não. Não estou jogando, então não consigo ver exatamente onde poderei ir. Em breve pode ser que consiga. Hoje, ainda não.
BNC: No período do All-Star Break você veio ao Brasil e muita gente achou que você poderia ter ficado treinando nos EUA ou em Toronto. Sei que você estava liberado, mas ao mesmo tempo acho muito óbvio que a franquia quisesse que você tivesse ficado treinando um pouco mais. Como foi isso?
CABOCLO: É importante dizer que há uma regra na NBA que impede os jogadores de treinarem nos ginásios dos times. Os Centros de Treinamento ficam fechados para todos. Nenhum jogador pode ficar nos seus clubes e eles me liberaram. Nunca tinha ido no Carnaval do Rio de Janeiro, estava de folga e decidi vir.
CABOCLO: Ainda não. Tivemos um desencontro na mesma época que fui para a D-League. Não conseguimos conversar, mas faremos isso nos próximos dias com certeza. Tenho intenção de jogar, claro, mas ainda não sei muito sobre os próximos passos. Vamos conversar e acertar isso rapidamente.
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