Terminou ontem a temporada 2014/2015 da LBF. E terminou com um jogaço de bola envolvendo Americana e América-PE. Melhor para a equipe do interior de São Paulo, que jogou em casa, contou com Ariadna (17 pontos), Damiris (16 pontos e 8 rebotes) e o apoio da torcida que encheu o Centro Cívico na noite de segunda-feira para vencer o forte rival por 79-77, sagrando-se tricampeão da competição ao fechar a série em 2-1 e conquistando o troféu pela segunda vez seguida.
A pivô Clarissa foi eleita a melhor jogadora da competição, mas gostaria de, neste texto, destacar outros importantes personagens de Americana. Em primeiro lugar a jovem Damiris (foto à direita). Quem lê este espaço viu a entrevista que ela me deu contando de seus dramas familiares e quão duro foi para ela se recuperar de seus baques recentes. Mas a camisa 12 foi forte, dura, tenaz e voltou a apresentar um ótimo basquete na competição. Foi fundamental nos playoffs e nos dois jogos mais difíceis para a equipe campeã foi ela, ao lado da não menos ótima cubana Ariadna, quem segurou a onda do time. Isso tudo com 22 anos. Isso tudo sem sobressaltos, sem jogar a bola pra cima para catar o rebote loucamente, sem necessidade de grandes malabarismos. O basquete de Damiris, com arremessos longos cada vez mais "seguros" e golpes apurados perto da cesta, ainda precisa de evoluções (é óbvio isso), mas sua temporada é a do reencontro com seus melhores momentos e com uma nova (boa) perspectiva do que poderá vir. Não colocá-la como titular da seleção brasileira ao lado de Érika no garrafão seria uma temeridade (e inclusive ajuda a pivô do América-PE, já que Damiris gosta e sabe jogar um pouco mais afastada do aro).
Em segundo lugar, uma reverência toda especial a este mito do basquete feminino chamado Antonio Carlos Vendramini. Longe das pranchetas por muitos anos (alguém consegue entender isso?), o técnico regressou ao esporte na temporada passada e recolocou Americana na rota de conquistas dos últimos anos. Foi campeão da LBF em 2014, bicampeão em 2015 e só perdeu uma única partida de playoff desde a sua volta (justamente a primeira da decisão em Recife para o América-PE). Campeão do primeiro nacional feminino com o Fluminense no agora longínquo 1998, Vendra conquistou mais três nacionais (2000, 2004 e 2005) e voltou a sentir o gosto de um troféu quase uma década depois. Tal qual Maria Helena Cardoso, Lais Elena e Paulo Bassul, ele está no grupo dos excepcionais treinadores que a modalidade das meninas já viu. Vendramini é muito bom e conhecendo o cara dá pra imaginar que sua "fome" não terminou ontem (ainda bem!).
Parabéns ao América-PE (principalmente a Roberto Dornelas, técnico e grande guerreiro da modalidade), que fez uma ótima campanha, e muitas felicitações a Americana. Que o projeto da cidade continue forte, cresça ainda mais, volte a abrigar os times da base (é quase uma súplica isso aqui…) e que siga revelando grandes jogadoras. E que Antonio Carlos Vendramini continue lá por muito tempo.
Viu o jogo? Gostou? Deixo abaixo um vídeo sobre a rodada de ontem (NBA e NBB inclusive) e uma singela homenagem a Vendramini.