Experiente, Leandrinho sonha com título e inédita final brasileira da NBA
Fábio Balassiano
25/03/2015 06h19
O blog conversou por email com o jogador que tem 7,1 pontos de média e é o responsável por manter o alto nível da equipe quando substitui a Stephen Curry e Klay Thompson, simplesmente os dois melhores jogadores da franquia. Na entrevista Leandrinho falou sobre os Warriors, Nash, a expectativa para uma final brasileira, seu sonho de ser campeão da NBA e, claro, seleção brasileira. Confira!
LEANDRINHO: Não, jamais. Desde o início da nossa preparação nosso objetivo era fazer uma grande temporada regular. Houve alguns percalços, mas sabíamos que passaríamos por tudo como um grupo unido, focado e preparado para vencer obstáculos. Nosso excelente começo de temporada só facilitou todo o processo.
LEANDRINHO: Creio que o talento e a personalidade dos dois suprem essa possível falta de experiência. Isso sem falar no que os outros jogadores podem acrescentar neste quesito. E mais do que experiência jogo de playoff pede personalidade. Às vezes o cara tem uma rodagem incrível na NBA, uma bagagem e tanto, mas não consegue ser decisivo nos jogos grandes. É preciso ter personalidade para assumir essa responsabilidade. E isso nosso time tem isso de sobra, principalmente o Curry e o Klay.
LEANDRINHO: Com certeza é uma das funções mais difíceis da minha carreira. Talvez por tudo que passei recentemente, como as lesões e o retorno à NBA, seja mesmo o maior desafio da minha vida no basquete. Mas por outro lado, é algo que exigiu, desde o início, uma preparação muito intensa. E quando o time precisou de mim estava preparado para ajudar e ser importante. Isso me fez crescer rapidamente na equipe e me adaptar com mais facilidade ao time.
LEANDRINHO: Seria histórico. Todos nós brasileiros muito para chegar até aqui e hoje nosso reconhecimento é o carinho e o apoio de todos, principalmente do povo brasileiro. O título do Tiago abriu muitas portas para o esporte no Brasil. Tenho certeza que somos exemplos para muitos garotos amantes do basquete. E isso é muito gratificante. Sem dúvida isso que você cita é uma motivação extra para todo nosso sacrifício no dia a dia.
LEANDRINHO: Não podemos pular etapas. Temos que viver jogo a jogo. O time está em um ótimo momento, o jogo tem encaixado, nosso entrosamento é fantástico e tudo mais. Só que ainda não ganhamos nada. E ainda estamos muito longe do nosso objetivo principal. Temos a exata noção disso. Por isso, estamos mantendo o pé no chão e nos dedicando ainda mais nos treinamentos e neste fim de temporada regular. A vontade de vencer todos têm, mas é preciso ter inteligência e planejamento. Para ganhar campeonato é preciso talento, comprometimento e estratégia.
LEANDRINHO: Essa é apenas uma das brincadeiras que fazemos para firmar nossa união e comprometimento. Costumamos dizer que nossa "Warriors Family" (Família Warriors) é mais forte do que muitos pensam. E isso nos traz ainda mais entrosamento e confiança para os jogos. Você olha pro lado e confia em todos os companheiros. Sabe que eles vão correr por você, assim como você correrá por todos eles. Isso ajuda muito na hora de passar por obstáculos complicados. Fui muito bem-recebido. É um grupo fantástico, um dos mais incríveis em que já joguei e procuro tentar ajudar sempre. Fora da quadra, tento sempre motivar, incentivar eles, e, sempre que acho necessário, dar algum conselho. E ouço conselhos também. Nunca é tarde para aprender.
LEANDRINHO: Claro. A pré-temporada é uma das mais partes mais importantes do basquete norte-americano. Na NBA, se você não se prepara para jogar a temporada da forma ideal, não aguenta o ritmo e a intensidade do jogo. Não só pelas lesões, mas por todo o contexto que cerca a NBA. Você simplesmente não irá aguentar. E estava realmente sentindo falta disso. Me preparar melhor, chegar bem física e tecnicamente ao início da temporada regular, adquirir mais confiança e ritmo de jogo. Tudo isso facilitou minha adaptação ao time e me deu mais tranquilidade para jogar o meu basquete. Para prevenir lesões e manter o meu preparo físico, sobretudo na parte final da temporada, eu conto com a ajuda do Alex Evangelista (foto à direita), fisioterapeuta brasileiro.
BNC: Em relação a parte técnica, você consegue detectar mudanças no seu jogo? O quanto daquele Leandrinho que começou na NBA há uma década está diferente do de hoje?
LEANDRINHO: Sim, consigo. Mas acredito que seja algo natural, pela rodagem que você vai adquirindo, a maturidade que seu jogo vai ganhando. É uma evolução natural do atleta. Antes eu era mais agressivo, impetuoso. Hoje procuro jogar mais com a inteligência, pensando e cadenciando mais o jogo. Você vai adaptando as suas novas características conforme o tempo passa.
LEANDRINHO: O Steve é um grande treinador. Um cara estrategista, mas ao mesmo tempo bastante motivador. Parte do nosso sucesso se deve ao seu trabalho, que tem sido fantástico. Ele procura sempre ouvi o lado do atleta, não só dos mais experientes, como dos mais jovens também. Nós ficamos à vontade com ele e isso nos ajuda bastante. Ele é um cara extremamente profissional. Sempre tivemos uma boa relação e fiquei muito feliz quando soube que havia o interesse do Warriors no meu trabalho. Sabia que seria um novo desafio em minha carreira, mas apostei demais no projeto. Hoje sou muito feliz aqui.
LEANDRINHO: Sim, é possível. O cara com quem eu mais aprendi dentro e fora das quadras. Um craque como jogador e pessoa. O Steve era fantástico. Agradeço demais por ter podido conviver com ele no meu início de trajetória na NBA e ter me tornado seu amigo. Além de aprender demais com seus conselhos e dicas, ele fez o meu jogo crescer enquanto estivemos juntos. Se hoje estou onde estou, devo bastante a ele. E ele sabe disso.
LEANDRINHO: Ajudam, sim. Mas números não são tudo. Acredito num equilíbrio de fatores. Você precisa das estatísticas para estudar seu desempenho, sua evolução, mas por outro lado elas não são tudo no basquete. É preciso desenvolver suas táticas, seu plano de jogo. Lógico que, em muitos casos, você se baseia nos números, mas jamais pode ficar dependente deles para se desenvolver no esporte. Acredito muito num equilíbrio de fatores nesse caso.
LEANDRINHO: Difícil fazer comparações. Mas são times parecidos. Não dá para dizer que aquele era mais técnico porque este é muito técnico também. Ou que este é mais veloz na transição, mais intenso, porque aquele também era ótimo nesse quesito. Lembro que muitos apostavam demais naquele time, no Nash, no próprio Stoudemire. E assim como é hoje no Warriors, éramos muito unidos, focados, comprometidos. Tivemos problemas de última hora que nos atrapalharam. Hoje acho que estamos mais preparados para situações assim. É como se tivéssemos mais alternativas para solucionar possíveis obstáculos. Acredito muito neste grupo.
LEANDRINHO: Não gosto de ficar pensando muito no futuro dessa forma. Prefiro viver o momento, me dedicar ao máximo e honrar sempre o meu país quando for convocado. A recompensa sempre vem de acordo com a sua dedicação e o seu trabalho.
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