Mais do mesmo: NBB começa 2015 com confusão no ginásio do Palmeiras
Fábio Balassiano
07/01/2015 07h47
E foi no Palestra Itália que aconteceu a maior confusão da rodada (e algo que não é novidade no basquete nacional): no final do jogo, uma marcação polêmica da arbitragem (não vi, não posso avaliar, obviamente) revoltou jogadores (especialmente o argentino Maxi Stanic – foto à esquerda -, que usou o seu Twitter para posteriormente se desculpar – mais aqui) e comissão técnica do Palmeiras. A torcida de cerca de mil pessoas tampouco ficou feliz com o que viu e cenas lamentáveis foram vistas. As luzes se apagaram, os árbitros ficaram no meio da quadra esperando policiamento e saíram rumo ao vestiário apenas escoltados. Mesmo assim, foram agredidos com copos e também socos e pontapés. O blog ouviu oito pessoas que confirmaram a confusão e as agressões aos juízes da partida.
O jornalista e torcedor palmeirense Leandro Iamin esteve no Palestra e enviou um relato do que aconteceu por lá. Acompanhem com atenção:
O lance capital foi este: faltando 27 segundos para o fim do bom duelo, uma inversão de posse de bola provocou irritação de Maxi Stanic. Ele gritou "Noooo!" no rosto do apitador, que decidiu por uma falta técnica. O lance foi decisivo para apontar o vencedor.
A arbitragem (Benito, Leandro e Marcos) errou no lance, mas acertou na falta técnica decorrente deste erro. Stanic é um jogador muito querido e sua irritação contagiou os torcedores, que já estavam inflamados desde o terceiro período. Quando o cronômetro zerou, o camisa 22 e o técnico palmeirense voltaram a falar com os juízes. Foi quando o movimento previsível aconteceu. Um grupo de aproximadamente trinta revoltados, mais uns vinte curiosos, se instalou ao lado da porta do vestiário dos árbitros. E lá ficou. Em um jogo comum, xingariam a saída dos "algozes" que sairiam protegidos pela polícia e ponto final.
Nesta hora já parecia claro que não havia força suficiente para dispersar a torcida, e que a arbitragem teria que passar muito perto dela. O fato de fazer isso no escuro tornava a ideia ainda mais insensata. A direção do Palmeiras foi pressionada para resolver. E chamou quase a totalidade de seus seguranças para levar o trio para o lugar seguro. Estes tentaram uma vez, mas recuaram e adiaram a ação de escolta. Cerca de cinco minutos depois, enfim fizeram o que tinham para fazer: a cena grotesca de três juízes entrando em um vestiário no escuro com copos de água voando. O atrito era evidente, o empurra-empurra foi visível, mas a escuridão não permite que eu possa dizer exatamente quem sofreu ou causou isso ou aquilo desse jeito ou de outro. Ao menos um chute eu tenho certeza que aconteceu, pois o autor, um jovem que nem parecia tão bravo assim, contou assim que a porta do vestiário fechou.
Este relato, acreditem, não é a coisa mais legal que eu tinha para fazer nesta noite de terça-feira. Por paixão pelo basquete e pelo Palmeiras, seria legal que isso não tivesse acontecido. Não sou eu quem vai julgar a cabeça quente dos outros, pois eu também fico, e muito, com a cuca fervendo quando meu time joga. Mas alguém precisa julgar, é assim que funciona, e o jogo, assim como a vida, tem regras, e desconheço um lugar onde a agressão física é permitida. Alguém precisa zelar por boas arbitragens. Alguém precisa julgar atos violentos. Alguém precisa atribuir responsabilidades e cobrar de forma proporcional cada um deles. Alguém, por fim, precisa zelar por um basquete bacana, bonito, que emociona, e este é o papel de todos nós do lado de cá da quadra. Me emociono muitas vezes no mesmo ginásio onde vi, deste vez, esta cena cheia de pontos de interrogação".
A Liga Nacional de Basquete precisa punir RÁPIDO E COM RIGOR o que de errado tem acontecido por aqui. Insisto nisso: RÁPIDO E COM RIGOR. Vamos aguardar (e cobrar) que assim seja feito.
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