O técnico José Neto não quer nem ouvir falar na palavra "coroação". Disse-me isso na entrevista que fiz com ele na semana passada e repetiu isso quando fui conversar com ele depois do título mundial conquistado com brilhantismo pelo Flamengo contra o Maccabi Tel-Aviv (90-77) na manhã/tarde deste domingo na HSBC Arena, no Rio de Janeiro.
Mas a verdade é uma só: com o título Mundial conquistado neste domingo de forma BRILHANTE o Flamengo coroa um excepcional trabalho deste núcleo magistralmente comandado por José Neto. Núcleo que se juntou há três temporadas e que só deixou de ganhar um único título (o da Liga das Américas 2012/2013).
De resto, Marcelinho, Olivinha, Marquinhos, Benite, Gegê e os recém-chegados Laprovittola (MVP do Mundial), Meyinsse, Felício e Herrmann (este que acaba de entrar no elenco) ganharam TUDO. E quanto a isso não há nem o que falar. O que se apresentou de competição o rubro-negro traçou. NBB, Liga das Américas, Estadual, agora o Mundial.
Neto, pensando lá na frente, pensando em repetir a dose de Liga das Américas, NBB e também nos amistosos da NBA, pode até dizer que não, que não é bem isso, mas de fato é uma grande coroação do trabalho feito por esta comissão técnica que ele pilota e por um grupo de jogadores excepcional.
Excepcional para os padrões brasileiros e, hoje é possível ser dito, até para os europeus mesmo. O Maccabi Tel-Aviv, time com incrível história no basquete europeu, é o atual campeão da Euroliga, e, se não conta com boa parte do elenco campeão, ainda tem um grupo fortíssimo.
O jogo foi espetacular, espetacular mesmo. Muito melhor que o primeiro, muito mais intenso que o primeiro. O Maccabi abriu 7-0, mas Marquinhos partiu para o resgate e converteu oito pontos seguidos (o ala, aliás, tem proposta para sair – e é do Pelicans, da NBA). No segundo período, Gegê e Benite comandaram os 19-11 do rubro-negro, que foram para o intervalo vencendo por ótimos 46-36. Na volta do intervalo, Jeremy Pargo anotou 16 dos 25 pontos do Maccabi, que melhorou demais na defesa e colocou o Flamengo em perigo. Mas no último período Benite, um dos heróis da conquista, pediu para marcar e foi deter Pargo, que não teve espaço e não pontuou como no quarto anterior. No final, Laprovittola arrebentou com 24 pontos e seis assistências para sair como o MVP do novo campeão Mundial.
Na comemoração, invasão de quadra da torcida do Flamengo. Eu, deste canto, deveria dizer que isso não se faz, que isso é feio. É o politicamente correto. Mas, sejamos sinceros, foi linda a festa dos rubro-negros. Todos ali emocionados, felizes, carregando os atletas no colo, comemorando de pertinho e com eles. Não houve incidente, não houve problema. Foi, realmente, lindo, lindíssimo ver a integração jogador/torcida.
Virei, nos próximos dias, com textos especiais sobre o Flamengo e seus personagens, mas desde já deixo os parabéns à diretoria (liderada pelos competentes e corretos Alexandre Póvoa e Marcelo Vido), comissão técnica e atletas. Há três temporadas eles fazem por merecer. Há três temporadas eles literalmente têm ganho tudo o que lhes é apresentado para jogar.
A torcida rubro-negra costuma cantar a plenos pulmões que o basquete é o seu orgulho. Agora é um orgulho eterno. O clube tinha um título mundial. O do futebol, em 1981. Agora, 33 anos depois, há o do basquete. Apenas três clubes conseguiram a façanha de ganhar no futebol e no basquete o troféu mundial – Real Madrid, Barcelona e, em 2014, o Flamengo.
Que este grupo de 12 caras absurdamente guerreiros e talentosos seja reverenciado para sempre. O dia 28 de setembro de 2014 já entrou para a história do basquete do Flamengo e do basquete brasileiro.