Neto sobre Mundial: 'Flamengo quer chegar onde não chegam os normais'
Fábio Balassiano
26/09/2014 00h54
Para o técnico de 43 anos, que pode se tornar o segundo brasileiro a obter o título mundial de clubes (o outro é Cláudio Mortari, que conquistou a taça com o Sírio em 1979), o Mundial é o ponto de partida para um ciclo ainda mais vitorioso para o Flamengo. Confira a entrevista exclusiva que fiz com ele depois do amistoso contra o Pinheiros no último sábado na Gávea.
JOSÉ NETO: Acho que é importante todo mundo saber de uma coisa. Eu, como técnico, me sinto muito honrado em poder dirigir um time em um Mundial de Clubes. Se a gente for olhar na história, temos o Pedroca, que dirigiu o Franca e o Mortari, que comandou o Sírio e no ano passado o Pinheiros. São poucos os que tiveram esta oportunidade que estarei tendo a partir desta sexta-feira. Sinto-me, portanto, muito honrado em dirigir um time em um campeonato mundial. Ainda mais pelo Flamengo, um clube que sempre sonhou com coisas grandes, que sempre trabalhou pensando em conquistar coisas grandes e que agora tem a chance de conquistar um título mundial. A importância é muito grande. Não importa se são dois jogos. O que vale, mesmo, é que temos a oportunidade de dar um título muito importante não só para o Flamengo, mas também para o basquete brasileiro como um todo.
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NETO: Então, vou te dizer uma impressão minha. Eu não sei como os outros enxergam isso, mas vou te dizer o que eu penso exatamente sobre isso tudo. Sobre o Mundial, sobre os três jogos que faremos na NBA e tudo mais. Quando se fala muito assim em coroação parece que é situação final. E não estamos vendo assim dessa forma. Estamos vendo como um começo. Um começo de visibilidade do Flamengo em âmbito mundial, um começo de visibilidade do nosso trabalho em âmbito internacional e também uma grande valorização dos atletas. Por isso não estamos olhando como uma coroação de nada. Não, não. Nós queremos dar continuidade ao que estamos fazendo. E há muita coisa, mas muita coisa mesmo a melhorar, a desenvolver, a evoluir. São situações históricas não só para o Flamengo, como também para o basquete brasileiro. Não temos o direito de achar que é qualquer coisa porque decididamente não é bem assim. São fatos muito importantes. E vamos jogar sabendo dessa importância, sabendo da representatividade que um título mundial traria não só para o clube, mas também para o basquete brasileiro de um modo mais amplo.
NETO: Olha, jogar contra o estilo de jogo do Maccabi foi uma das razões que a gente fez questão de trazer o Pinheiros para dois amistosos aqui na Gávea. Já vi o Maccabi jogar três partidas nessa temporada, e os sistemas de jogo se assemelham. Apesar do elenco com algumas mudanças, já estamos com todas as informações, números, vídeos deles. O engraçado é que o estilo de jogo cai muito mais para um lado norte-americano do que para o europeu. São muitos bloqueios, saída exterior forte, muitos chutes, jogo interior forte também apesar da saída do Baby Shaq. Mas eles trouxeram o Alex Maric, pivô australiano e o ritmo não cairá tanto. É um time muito perigoso. Quem acha que por ser um elenco diferente daquele que conquistou a Euroliga, e que por isso será mais fácil, está totalmente enganado. Não pode pensar assim mesmo. É um clube que investe pesado, muito forte mesmo e por isso está entre os melhores da Europa há anos. Temos que deixar as coisas mais previsíveis possíveis. Isso a gente já vem fazendo há algum tempo, passando as informações aos jogadores e treinando-os visando esses dos jogos que serão muito importantes para nós. Agora é manter o foco na missão que temos pela frente.
NETO: Tem razão. É fundamental estarmos preparados para esse regulamento que teremos no Mundial. Tomamos 26 pontos no último período do primeiro jogo contra o Pinheiros. Aí cria um pouco de dúvida. Será que o time é o que levou 9 pontos (no segundo período) ou o que tomou 26? Isso é uma coisa que precisamos pensar bastante. Levar 9 pontos em um período e 26 no outro é até uma coisa normal dentro de uma temporada. Só que nós não queremos chegar onde chegam os normais. Nós queremos chegar onde não chegam os normais. Quase ninguém ganha um título mundial. Sabemos que são poucos, são muito poucos aqueles que chegam a um título mundial. Temos que estar preparados para ganhar e o que aconteceu neste jogo contra o Pinheiros pode fazer uma diferença grande contra o Maccabi. Temos que pensar grande. O primeiro jogo é fundamental por isso. Se você sai com uma diferença grande, o jogo de domingo é um. Se a diferença se reduz, é outro. Temos que ter isso na cabeça.
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