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Para a seleção feminina, vencer na estreia é mais do que fundamental

Fábio Balassiano

23/09/2014 12h45

Na Olimpíada de 2008, o Brasil iniciou a sua participação contra a Coreia do Sul no dia 9 de agosto. Contra um time muito (15 rebotes ofensivos brasileiros) mais baixo e inferior tecnicamente a equipe de Paulo Bassul fez um jogo muito ruim, desperdiçou 29 bolas e viu as asiáticas vencerem por 68-62 na prorrogação. A derrota abriu a guarda da seleção feminina, que perdeu de Austrália, Letônia e Rússia na sequência antes de ser eliminada. Venceu, ainda, a Bielorrússia, mas já era tarde. A penúltima colocação marcou aquela geração.

Dois anos depois, no Mundial da República Tcheca, o Brasil abriu de novo os trabalhos contra a Coreia do Sul. E nova derrota veio. Desta vez por 61-60. Novamente em uma partida recheada de erros (19 desperdícios de bola e 3/21 de fora), a seleção pegou muitos rebotes ofensivos (19), mas não soube o que fazer com eles. Revés na estreia, perda completamente da confiança e um time que jamais convenceu na competição, tendo terminado na nona colocação.

Na Olimpíada de 2012, em Londres, a estreia também era fundamental. O Brasil pegaria a França, rival direta no grupo. E novo revés veio. O último período foi implacável (21-9 para as francesas). Aqueles 73-58 foram inapeláveis e praticamente selaram o destino brasileiro em Londres. O time de Tarallo perdeu, depois, de Rússia, Austrália e Canadá, vencendo apenas a dona da casa na rodada final. De novo a equipe terminou na nona colocação.

E por que eu falo isso tudo agora? Simplesmente porque novamente a estreia da seleção brasileira feminina é fundamental. O time de Zanon tem média de idade baixa (24 anos), certamente vai sentir o peso de um começo de Mundial, mas é bom manter a tranquilidade para evitar cicatrizes no futuro.

O duelo inicial, marcado para sábado, é contra a República Tcheca (15h15, de Brasília), que tem um bom time, mas nada além do normal. Vencer as tchecas significa jogar contra a Espanha no domingo sem pressão alguma e decidir o segundo lugar contra o Japão no dia 30/9 sem ter que entrar em quadra tendo que vencer para avançar de fase.

As últimas três estreias do Brasil em competições Classe A (Mundial ou Olimpíada) acabaram selando o caminho da seleção feminina nos torneios. Depois do revés inicial, nenhum dos três times conseguiu se reagrupar para jogar de forma organizada e mentalmente forte nos duelos seguintes. Adrianinha e Érika, as mais experientes do elenco atual de Zanon, sofreram na pele em 2008, 2010 e 2012 (a pivô só não esteve em Pequim-2008). Certamente têm boas lições para passar ao grupo e a comissão técnica.

Para evitar que o começo ruim "condene" a seleção feminina desde o primeiro jogo só há uma alternativa: entrar com muita concentração e vencer a República Tcheca no sábado. Aumentará a confiança, pavimentará uma boa estrada na competição e praticamente colocará o Brasil na segunda fase do torneio.

Que Zanon e as meninas esqueçam a tal "síndrome da estreia" que tanto aflige o basquete brasileiro nos últimos anos.

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