Menos seleção, e mais ação no basquete brasileiro, por favor
Fábio Balassiano
12/09/2014 02h01
Quer um exemplo? Muita gente tem falado sobre os próximos passos da seleção, que jogadores devem ser convocados pensando na Olimpíada do Rio de Janeiro e situações neste sentido. Aí parei, ontem, para fazer uma pequena lista e vi que não há 20 nomes "selecionáveis" para formar uma seleção. Pior, e isso já escrevi aqui quando da convocação de Magnano recentemente: há um hiato absurdo entre os veteranos Nenê, Splitter, Varejão, Huertas e Leandrinho e a nova fornada de ótimos jogadores. Bruno Caboclo, talvez o maior expoente desta geração, não tem 20 anos.
É absolutamente inadmissível que em um país desse tamanho não seja possível fazer uma simples lista de selecionáveis com 30, 35 jogadores minimamente aptos a vestir a camisa da seleção brasileira. Se da quantidade se extrai a qualidade e hoje não há quantidade para extrair a qualidade é porque alguma coisa não tem sido feita para vermos o número de atletas de basquete deste país aumentar da mesma maneira que em outros esportes.
A verdade é que o basquete brasileiro está parado, travado, completamente anestesiado em termos de gestão há alguns anos. E no topo da pirâmide. Quem deveria dar o exemplo, estimular as federações e subsidiar os clubes com conhecimento e competições nada faz. Na vitória ou na derrota. Na alegria ou na tristeza. Com uma boa campanha em Mundial ou após uma eliminação vexatória na Copa América de 2013. Nada, zero, necas, traço. Escrevi sobre isso há um ano e não houve mudança alguma.
Cobrar de Magnano, Splitter, Huertas e dos outros envolvidos na eliminação na Espanha é justo e faz parte do jogo. Esquecer que eles fazem parte de uma estrutura corroída, retrógrada, com uma falta de competência incrível e que só anda pra trás há quase duas décadas é um equívoco que este blogueiro não pode cometer e que quem gosta da modalidade não pode passar batido.
Alguns podem acreditar que é maravilhoso escrever mais sobre política no esporte do que sobre tática ou técnica ou que criticar Carlos Nunes, o presidente, e seus diretores seja excelente. Não, não é. É chatíssimo, na verdade. O problema é que, no Brasil, os resultados de quadra, ou campo, estão quase sempre ligados ao tipo de gestão que há por trás dos atletas e das comissões técnicas. Extrair esse fator das análises sobre o panorama em que se encontra o basquete é leviano, pueril e até ingênuo. Na entidade máxima do basquete nacional faz-se o mesmo há 30 anos. E no prédio da Avenida Rio Branco esperam resultados diferentes. Permitam-me dizer uma coisinha singela: não vai rolar. Agindo igual não vai sair nada distinto daquilo que é visto há décadas.
No momento da derrota, vale chorar as pitangas de mais uma eliminação da seleção neste século. O fundamental, porém, é não fechar os olhos e só acordar em 2016, com as Olimpíadas. Vale olhar, cobrar, analisar e ver o que está sendo feito, ou não, principalmente pela Confederação e também pelas Federações, LNB, LBF e clubes para uma análise mais profunda sobre a degradante situação em que se encontra a modalidade há tempos.
Ufa, consegui escrever um texto inteiro sem utilizar parêntese a pedido dos leitores. Obrigado, turma! Valeu mesmo (!).
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