A nítida evolução da seleção feminina em amistosos na Turquia
Fábio Balassiano
25/08/2014 12h30
Se sofreu horrores para vencer a Argentina e conquistar o Sul-Americano sem brilho algum, a seleção feminina jogou bem seus três encontros na Turquia, principalmente no setor defensivo, fazendo ótima pressão na bola e acertando a maioria das rotações. A única falha grave que eu notei foi quando houve o famoso jogo de passes entre as pivôs rivais (o conhecido high-low que Barbosa tanto usava…) e as gigantes brasileiras se enrolaram um pouco para defender essa jogada.
Em termos de resultado, o Brasil perdeu para as turcas no primeiro duelo por 66-48 em uma peleja cuja diferença não representa o que foi o jogo (fez apenas 17 pontos no 20 minutos finais, depois de ter perdido por apenas dois na primeira etapa). No dia seguinte, jogo de alto nível contra a Austrália e um revés por apenas 66-63 (Tainá, autora de 14 pontos, teve a bola para levar ao tempo-extra, mas não acertou). Neste domingo, a melhor apresentação brasileira foi coroada com a boa vitória por 65-56 contra as canadenses. Tainá (na foto à direita) teve atuação fenomenal, anotando 24 pontos (4/5 de três pontos) e dando, ainda, nove assistências (o basquete apresentado por ela foi de encher os olhos, hein).
Isso é algo bem nítido para qualquer um e fica claro para mim que o time só demora a "engrenar" porque essas jovens meninas têm pouco ou nenhum espaço em seus clubes, que, sem pensar na sustentabilidade do negócio basquete, insistem em colocá-las à margem de um processo de renovação do feminino que, mais do que necessário, é imperativo para os próximos anos da modalidade por aqui.
Ainda é cedo para traças qualquer prognóstico para a competição (pensar em medalha eu acho bastante precipitado por enquanto – e ênfase no 'por enquanto', por favor), mas é bom notar que o trabalho de renovação que Zanon (foto à direita) propôs desde o ano passado já vai começando a dar alguns frutos. Tainá, a armadora que chegou sem muita confiança, se firma cada vez mais. Nas alas, Tatiane e Patrícia conseguem segurar o tranco e são bem coadjuvadas por Jaqueline, Joice, Isabela Ramona e Izabela. No pivô, onde entrarão Nádia, Damiris e Érika, Clarissa reina absoluta e vê Fabiana cada vez mais confortável com sua função na equipe.
Ajustes, principalmente no ataque (em alguns momentos muito estático), ainda precisam ser feitos, mas material humano, como tem sido provado desde o ano passado, o Brasil ainda tem (sabe-se lá como, pois o trabalho no feminino não é bom, mas tem). A fórmula, tão básica quanto imperativa, é lapidar os diamantes brutos que por aqui há. O basquete feminino só tem a ganhar.
Sobre o blog
Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.