20 anos do Mundial de 1994: Teresa Edwards lembra derrota para o Brasil
Fábio Balassiano
10/06/2014 13h10
Quatro vezes medalhista de ouro em Olimpíada (1984, 1988, 1996 e 2000) e campeã mundial em 1990, ela perdeu apenas dois jogos oficiais com a seleção dos Estados Unidos. Um deles na Olimpíada de Barcelona, em 1992, contra CEI (Comunidade dos Estados Independentes). O outro, na semifinal do Mundial da Austrália em 11 de junho de 1994 para a seleção brasileira de Hortência, Janeth e Paula. Conversei com Teresa, Hall da Fama em 2011 e dona de 12,3 pontos de média naquele Mundial, sobre aquele jogo de maneira mais específica e sobre o que ela viu no time brasileiro que no dia seguinte seria campeão mundial de basquete.
TERESA EDWARDS: A maior memória que eu tenho daquela partida é que logo depois de perdemos elas (jogadoras da seleção brasileira) começaram a dançar na quadra. Lembro-me que estávamos desenvolvendo jogadoras, passando por um processo que teve a entrada de uma nova treinadora, atletas jovens como Lisa Leslie e Dawn Staley. Já era uma veterana no time, junto com a Katrina McClain, junto com uma turma jovem e muito talentosa. Posso te dizer que depois daquela partida não me senti nada bem, e me prometi que jamais perderíamos para o Brasil novamente.
TERESA EDWARDS: Posso, mas nem gosto muito… Elas saíram para o jogo atuando de forma dura e nos venceram de uma forma completamente brilhante e justa. Posso imaginar, até pela comemoração delas, quão orgulhosas elas ficaram com a essa vitória.
TERESA EDWARDS: Em minha opinião Hortência é uma das melhores jogadoras de basquete feminino de todos os tempos. Simples assim. Ela era, para ser bem sincera, imarcável, por sua estatura, rapidez e técnica nos arremessos. Certamente, em ambiente de seleções, ela foi a melhor jogadora contra quem eu joguei diretamente. Tudo que o Brasil conquistou no basquete feminino deve ser creditado a Hortência. É um esporte coletivo, mas sem ela o país não teria conquistado nada. Foi uma atleta fora do comum e merece tudo o que obteve em sua vida. É uma Hall da Fama, campeã mundial e medalhista olímpica. Suas conquistas falam bem em que patamar ela deve ser colocada.
BNC: Além da Hortência, naquele jogo também atuaram muito bem a Paula (armadora) e a Janeth Arcain, que depois viria a ser multicampeã com o Houston Comets na WNBA. Você poderia nos contar um pouco sobre como foi enfrentá-las?
TERESA EDWARDS: Internacionalmente, as duas que você citou entraram no time brasileiro e deram a Hortência tudo o que ela precisava. Talento para armar o jogo com Paula e força física para marcar e infiltrar com Arcain (Janeth). Elas trouxeram mais talento e habilidade, o que ajudou o Brasil a se tornar mais reconhecido e respeitado em nível internacional. Elas eram marcadas de forma bem pesada, e no nosso jogo tentamos de tudo para pará-las. Lembro bem que a orientação era tentar detê-las a qualquer custo.
TERESA EDWARDS: Não foi revanche. Foi um pouco além disso (risos). Foi além de revanche porque nos preparamos muito para aquela Olimpíada e mais especificamente para enfrentar o Brasil em uma eventual final (o que acabou acontecendo). Não daríamos a menor chance para ver o que aconteceu em 1994, na Austrália, se repetir na nossa casa. Eu, tendo nascido na Geórgia, ainda mais. Não deixaríamos elas ganharem, pode ter certeza que faríamos de tudo o que estivesse em nosso alcance para sair com aquela medalha de ouro em nosso país. E, sim, lembrávamos da derrota na semifinal do Mundial de 1994 de forma bem clara, bem fresca em nossa mente. A nossa missão naqueles Jogos Olímpicos era vencer quem viesse pelo caminho. E sabíamos que o Brasil estaria no meio dele (caminho). Tínhamos uma chance e quando as vimos pela frente sabíamos que não poderíamos vacilar. Assim foi feito.
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