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O jogo 5 da semifinal do NBB e o vício chato de só falar em arbitragem

Fábio Balassiano

23/05/2014 02h16

Nesta sexta-feira (21h, com Sportv) acontece o jogo 5 da semifinal entre Paulistano e São José em São Paulo. Para quem é do basquete, jogos 5 (ou jogos 7 na NBA) são o auge da emoção, o momento maior da carga dramática da modalidade. É para o (agora marcado pela NBA) "Ganhe ou Vá pra casa" (uma tradução livre do "Win or Go Home") que quem gosta de basquete vive, na real. É esperando um jogo 5 que ficamos acompanhando toda a temporada regular, né.

Poderia, e talvez deveria, falar que até hoje na história do NBB apenas 4 séries de semifinal chegaram ao quinto jogo. Em 3, quem jogou em casa passou pra final (apenas Brasília, batendo o Pinheiros na temporada 2011/2012, ganhou fora). Para aumentar o problema de São José, o Paulistano ganhou 16 dos 21 jogos que disputou como anfitrião neste campeonato. Mas os joseenses, por sua vez, já jogaram em sua história 4 vezes jogos 5. São 3 vitórias – duas delas bem marcantes. Uma contra o Flamengo em uma semifinal em casa e outra contra Brasília na temporada passada, na capital.

Mas infelizmente não é só de quadra que "vive" quem gosta de basquete brasileiro. Infelizmente mesmo. O que chateia demais neste mata-mata emocionante do NBB (e falei disso aqui ontem) é um vício absurdo dos técnicos do país em ficar reclamando das arbitragens. Arbitragens, que é bom dizer, são ruins, bem ruins mesmo por aqui. O microfone na camisa da juizada potencializa a arrogância que existe, expondo, além das falhas, um comportamento que não é muito animador. Tudo isso, insisto, nós sabemos.

O que não precisa acontecer por aqui é justamente o que tem rolado à exaustão há anos: reclamações, reclamações e mais reclamações contra os árbitros em TODOS os movimentos da partida. Não bastasse isso, recentemente os treinadores incorporaram uma novidade em seus tempos: agora eles utilizam a presença do microfone da TV para fazer críticas às arbitragens de modo amplificado – e pouco respeitoso em algumas vezes. Eu achei que as paradas das pelejas serviam para dar orientações técnicas e táticas para os atletas…

Dois dos maiores expoentes da reclamação extrema são, por incrível que pareça, os dois melhores técnicos do país na atualidade (ou seja: deveriam estar longe disso pois possuem mais a apresentar do que gritos contra os juízes), embora, diga-se, o volume de críticas aos árbitros não seja exclusividade deles (é algo que todos, ou quase todos, fazem com constância durante os jogos).

José Neto (Flamengo) e Gustavo de Conti (Paulistano) são treinadores que respeito, são bons mesmo no que fazem. Mas, ao menos para eles, seus times não cometem faltas, todas as faltas do adversário são anti-desportivas e seus atletas são sempre perseguidos. Em um dos jogos contra Mogi Neto deu um pique até a mesa para reclamar que eu, de casa, pensei que ele estivesse tendo um problema maior que não um arremesso de segundo período que não teria tocado no aro. Gustavo, no quarto jogo em São José, foi irônico ao reclamar da arbitragem em uma partida em que seu time perdia de 25, 30 pontos.

É chato, é um assunto que ODEIO comentar (se vocês repararem quase nunca coloco o foco dos meus comentários nos juízes), o foco deve SEMPRE estar nos jogadores e técnicos, mas é algo que tem irritado demais nos jogos do NBB. Nem na NBA, onde as arbitragens também são ruins, os técnicos reclamam tanto. Para ficar em um exemplo, Doc Rivers, no jogo em seu time foi claramente MUITO prejudicado contra o Thunder, poderia ter xingado oito gerações da turma do apito que não seria exagero – e fez muito menos que isso.

Por aqui o que vemos são os técnicos focando menos no essencial (a parte técnica do jogo) e mais no supérfluo. Normalmente é uma muleta para encobrir as falhas que deveriam ter sido corrigidas nos treinamentos. Mas acho que aqui nem sempre é o caso. No Brasil já está na categoria 'vício' mesmo.

Chatíssimo isso, não? Ah, hoje tem jogo 5 do NBB…

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