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O grande mérito de Gregg Popovich, técnico do ano na NBA

Fábio Balassiano

23/04/2014 06h00

Poderia ter sido Jeff Hornacek, que quase levou o Phoenix aos playoffs. Poderia ser Tom Thibodeau, que pego o esfacelado Chicago e o colocou como quarto do Leste. Poderia, até, ser Steve Clifford, que dobrou o número de vitórias do Charlotte para levá-lo a pós-temporada pela primeira vez. Mas o prêmio de melhor técnico da temporada ficou com Gregg Popovich, do San Antonio Spurs. E ninguém pode dizer que é injusto.

Foi o terceiro troféu de técnico do ano de Pop (2012 e 2003 os outros), tendo ele se igualado a Don Nelson e Pat Riley como os únicos a terem atingido o feito por três vezes na NBA. Aos 65 anos, todo mundo sabe exatamente qual o principal mérito do ranzinza-porém-genial treinador do Spurs: fazer o seu time jogar basquete com inteligência. E quando o basquete se pratica com a cabeça ele é muito melhor, ele é muito mais bonito de se ver. Independente de você torcer pro Sprus, eu duvido muito que se você gosta de basquete não admire o que os caras fazem. Duvido muito, na verdade.

É óbvio que ter Tony Parker, Tim Duncan e Manu Ginóbili como pilares da franquia ajuda muito. Não são estrelas vaidosas, dois deles foram formados no basquete internacional (FIBA) e têm noção de como o jogo mudou de duas décadas pra cá, e a franquia dá total liberdade a Popovich para "desenvolver" o jogador da maneira que achar melhor por dois, três, quatro anos (quanto ele julgar necessário). Os salários altos e duradouros são do trio acima. Quer aprender com o Tio Pop? Vai ter que ganhar menos e "perder" (ou ganhar) um bom tempo. Mas vai aprender muito, jogar os jogos mais importantes da temporada (playoffs) e depois tem chance de ganhar bons e polpudos contratos,

Foi assim que ele "moldou" Tiago Splitter quatro anos atrás (Splitter que já era um sucesso na Europa, mas que para o jogo NBA precisaria de adaptações). Foi assim que ele transformou Kawhi Leonard no Bruce Bowen 2.0. Foi assim que ele "achou" Danny Green, Marco Belinelli, Patrick Mills, Gary Neal, George Hill e tantos outros desvalorizados no mercado para colocá-los como peças interessantes em um esquema que mudou bastante desde que Popovich assumiu o comando texano há quase duas décadas. Pouca gente lembra, mas os Spurs já foram "travados", "mecânicos", quase um samba de uma nota só nos picks para Tim Duncan. Hoje os texanos usam e abusam das bolas de três (com os especialistas espalhados "esperando" no corner) e da velocidade nas infiltrações de Tony Parker para pontuar. O jogo mudou, e Pop soube ver isso para deixar seu esquema (principalmente o ofensivo) mais arejado, mais, digamos, "em dia" com o basquete que deve ser praticado hoje em dia.

O grande mérito de Popovich, que certamente será aplaudido no ginásio antes do jogo 2 contra o Dallas (21h de Brasília), é justamente esse: ensinar seus atletas a jogar basquete, ensinar seus atletas a jogar com inteligência para entrar em um esquema baseado em um trio genial. Pop é "mala", alguns dizem. Prefiro chamá-lo de gênio. É o melhor técnico da NBA há alguns anos (junto com Phil Jackson, é bom lembrar). Dá-lo o prêmio de melhor treinador da temporada é justo, merecido e reconhece seu belo trabalho neste campeonato em que os Spurs tiveram a melhor campanha da NBA, mas é "apenas" um enfeite para sua prateleira de troféus.

Seu grande mérito, e isso nem sempre entra na galeria de troféus, é o de ser um grandíssimo professor de basquete, daqueles que ensina seus jogadores não só a arremessar, fintar, defender, mas a "ler" e interpretar o que está acontecendo na quadra de basquete.

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