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Técnico Frank Vogel afirma: 'Indiana está preparado pra ser campeão'

Fábio Balassiano

26/02/2014 01h40

* O blogueiro viajou a convite do Canal Space

Aos 40 anos, o sereno Frank Vogel tem uma missão e tanto em sua terceira temporada completa como técnico do Indiana Pacers. Comandando um elenco sem estrelas (nenhum Top-10 de Draft estava no elenco até a chegada, nesta semana, de Evan Turner, para vocês terem uma noção), Vogel tenta, primeiro, acabar com a hegemonia do Miami no Leste (são três títulos de conferência consecutivos) para depois lutar pelo primeiro título da franquia na NBA. Bati um papo com ele no All-Star de Nova Orleans.

BALA NA CESTA: O Indiana Pacers chegou às semifinais de conferência do Leste em 2012, na final de conferência no ano passado e lidera a NBA nesta temporada com 43-13 (venceu o Lakers ontem em casa). O time está mesmo pronto para brigar pelo título?
FRANK VOGEL: Sim, estamos preparados. Se vamos conseguir eu não sei, mas considero que passamos por todas as etapas para chegar ao objetivo final, que é o título. Hoje somo um grupo com bastante profundidade no elenco, atlético, jovem, unido e com fome de sucesso. Temos um grande líder, que é o Paul George, jogadores experientes, rodagem em pós-temporada e uma torcida bem fanática.

BNC: Quão irreal, para quem analisa a NBA, é pensar que a final do Leste entre Indiana e Miami já está definida? E para os atletas e a comissão técnica do Pacers, quão prejudicial pode ser ficar com isso na cabeça?
VOGEL: Para quem está de fora eu não posso dizer muita coisa, mas para nós, que fazemos parte do Indiana Pacers, isso não entra em discussão. Sabemos que temos uma grande jornada até chegar às finais do Leste e quem sabe da NBA. Se acharmos que temos apenas o Miami pela frente será um erro imenso. E este erro teria consequências. Nós, da comissão técnica, estamos fazendo de tudo para que esta distração não afete o nosso rendimento.

BNC: Tudo bem, mas até que ponto a contratação do pivô Andrew Bynum foi pensada para um eventual duelo contra o Miami na final de Conferência Leste?
VOGEL: Olha, na verdade tínhamos uma posição aberta no elenco para fazer contratação do meio para o final da temporada, que é algo muito comum na NBA. A oportunidade do Bynum veio e foi feita a contratação. Acho que ninguém pode recusar um pivô do nível dele. Agora estamos cuidando dos joelhos dele, colocando-o em forma para que ele nos ajude nos playoffs. O mais interessante é que ele está feliz, animado, como provavelmente não esteve nas duas últimas paradas (Cleveland e Philadelphia).

BNC: Os jogadores foram consultados sobre a chegada de Bynum? Eles deram o aval?
VOGEL: Não. No Indiana as coisas funcionam de maneira muito simples. Os executivos dirigem, contratam e demitem. Os técnicos treinam e analisam os adversários. E os jogadores jogam. Tão simples quanto isso.

BNC: Desculpe-me insistir no assunto, mas vendo os jogos do Pacers contra o Miami é possível verificar que um dos pontos que você mais tenta explorar é o fato de conseguir pontuar, com o Roy Hibbert (foto à esquerda), perto da cesta. Imagino que ter dois pivôs que possam pontuar no garrafão, algo que o Miami tem dificuldade para defender, tenha pesado muito…
VOGEL: (Risos) Quanto a isso, nenhuma dúvida, nenhuma dúvida. Foi uma contratação que tem muito de tática, tem muito do que poderemos enfrentar lá na frente. Além disso, já tínhamos planejado reduzir o tempo de quadra dos nossos principais jogadores neste final de fase regular pensando na pós-temporada. Ter o Andrew Bynum em forma, o que acredito que acontecerá no início de março, faz com que nossa rotação de pivôs fique com cinco atletas de altíssimo nível (Luis Scola, Roy Hibbert, David West e Ian Mahinmi). Mas, sem fugir da sua pergunta, o Bynum realmente traz essa força ofensiva muito importante pra gente. Gosto de usar a formação com dois homens altos, dois homens grandes perto da cesta, e ter quatro que sabem pontuar, algo que o Ian (Mahinmi) não é muito pronto para fazer, traz um ganho imenso para a franquia.

BNC: Outro jogador que gostaria que você comentasse é sobre o Lance Stephenson, que poderia muito bem ter sido indicado para o All-Star Game…
VOGEL: Tanto ele quanto o David West, né. Mas, bem, este é um outro problema. Olha, falar do Lance nos dá um orgulho danado porque literalmente pegamos ele para criar. Ensinamos não só sobre basquete, mas sobre trabalho, ética profissional, aspectos pessoais (não esportivos), coisas de vida mesmo. Foi um trabalho duro, longo, diário mesmo, daqueles que você precisa ter muita paciência para não desistir. Talento ele sempre teve, mas não sabia muito bem como usá-lo – e nem quando usá-lo da melhor maneira. Ele está conosco há quatro anos e sua evolução é tão nítida quanto linda de se ver. Hoje ele é um jogador dominante ofensiva e defensivamente, e todos o elogiam por isso. Mas só nós, que estamos com ele há quatro anos batalhando, sabemos o que passamos juntos. Podemos dizer que tínhamos um diamante bruto e com árduos dias de trabalho transformamos Lance Stephenson em uma pérola preciosa. Hoje ele é um grande jogador, um cara diferente por ser físico, técnico, agressivo e capaz de nos colocar em outra dimensão tanto quando marca o melhor pontuador adversário quando cria suas próprias cestas para desafogar o Paul George.

BNC: Por fim, uma pergunta: qual é a diferença entre o Indiana que foi eliminado pelo Miami na final de Conferência Leste passada, para este que lidera a NBA?
VOGEL: Cabelos brancos (risos). O time está mais maduro e eu gosto de dizer que estamos com fome, que estamos sedentos pela glória. Saímos da final do Leste passada com um gosto amargo por termos perdido no sétimo jogo, e sabíamos exatamente o que teríamos que fazer para não passarmos mais umas férias com o sentimento de frustração estampado em nossos rostos. Todos foram para casa com alguns deveres de casa, seja de melhorar na parte atlética, seja de evoluir na parte técnica, e começamos o campeonato muito bem. Nos deu confiança para seguirmos em frente e fôlego para seguir o planejado.

BNC: Pra fechar mesmo: você fala sobre planejamento e sobre o sétimo jogo em Miami na temporada passada. Ter o mando de quadra no Leste é algo que vocês se impuseram como meta principal para enfim conseguir chegar à final da NBA?
VOGEL: (Risos) Sim, foi algo que eu escrevi no quadro de avisos dentro do nosso vestiário no primeiro dia de treino. Eles não me deixaram apagar isso de lá até hoje. A mensagem não pode ser esquecida.

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