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Brasil, Grécia, Turquia e (incrível!) Finlândia recebem convite

Fábio Balassiano

01/02/2014 09h13

Olha, por essa nem o mais fanático torcedor da Finlândia esperava. Eu sei que não é esta maneira que um brasileiro deve começar um post a respeito do convite para o Mundial que veio na manhã deste sábado, mas eu sinceramente não consigo.

Bem, vamos tentar de novo. Respira, respira e vai.

A Federação Internacional de Basquete (FIBA) oficializou agora pela manhã os convites para o Mundial masculino da Espanha de 2014 que será realizado entre 30 de agosto e 14 de setembro (link oficial aqui). Brasil, Grécia, Turquia (três mundiais sem mérito esportivo – convite em 2006 e 2014, sede em 2010) e a inacreditável Finlândia foram os agraciados (tão inacreditável que acho bem impossível vocês, mesmo os mais fanáticos, saberem quem é o lourinho da foto deste texto).

Não há muito o que se comentar sobre méritos esportivos em uma competição meramente financeira (como falei aqui essa semana). Rússia, Alemanha, Itália e até a China saíram fora da distribuição de convites por não aceitarem as condições (ou se quiserem ler condiçõe$ podem também) impostas pela FIBA. O presidente da Federação Italiana, Giovanni Petrucci, chegou a usar o termo "diferenças éticas inconciliáveis", numa clara demonstração que apenas a grana, e nada mais do que isso, importava ali.

A respeito da Finlândia, país sem tradição alguma no basquete, sem mérito esportivo algum para disputar um Mundial, a informação que acabo de ver no Twitter é que os donos daquele jogo Angry Birds (vocês conhecem, certo?) é que bancaram os finlandeses na competição. A Rovio Entertainment, desenvolvedora com sede em Espoo (Finlândia), garantiu publicidade do Mundial da Espanha no jogo durante a competição e aceitou bancar o que a FIBA pediu para o convite (além da grana, a base de clientes deve ser imensa mesmo para fazer mídia – nunca joguei, não sei nem como é). Se for isso mesmo, é até meio cômico.

Sobre o Brasil, pagou, tá no Mundial (ou Copa do Mundo, como queiram). Não há (de novo) muito mais o que se possa comentar a respeito disso. Para uma entidade, como é a CBB, totalmente asfixiada financeiramente, fica a dúvida sobre como será feito este pagamento à FIBA – e se este pagamento não a deixará ainda mais sufocada em termos econômicos. Jogar o Mundial é bacana para a popularidade da modalidade? É óbvio que sim. Até o César (de Amor à Vida) enxerga isso. É a ÚNICA maneira de popularizar o esporte no país? Para a Confederação, pelo visto, sim, já que colocou todas as suas poucas fichas (moedas) nesta situação.

Em um país com administração de esporte séria e eficaz, porém, a resposta seria um sonoro e singelo 'NÃO', (jogar um Mundial) não é a única maneira de se popularizar a modalidade. A Rússia tem um campeonato fortíssimo, a Alemanha está crescendo junto com sua economia, a Itália, com sua geração talentosa (Belinelli, Bargnani etc.), vai voltando ao estágio da década passada e a China está criando uma liga bem interessante também. Todos estes países abriram mão de investir uma dinheirama (o Lance! fala em quase R$ 3 milhões – veja mais aqui) para jogar uma competição de 14 dias – grana que será investida no ano todo de 2014 em clínicas, campeonatos de base, desenvolvimento de jovens etc. .

É uma questão de prioridade, visão e planejamento. Não tem certo e errado, mas que não nos deixemos enganar: há, sim, outra forma de pensar em crescer o esporte que não apenas apenas jogando o Mundial. Quatro países estão dando uma demonstração de quão selvagem (pra não usar uma palavra mais forte) foi este processo de convites da FIBA. Quão caro (no sentido de grana mesmo) seria bancar quase R$ 3 milhões. Se para uma Federação da Alemanha, país rico, pesaria nos cofres e no orçamento de 2014, o que dizer da endividada CBB? Pois é.

Brasil pagou, joga Mundial. E o resto, como fica? Carlos Nunes vai se gabar, vai respirar fundo, vai dizer que não deixou o país ficar de fora da Copa do Mundo de basquete. Tudo bem, presidente, tudo bem, beba uma cava hoje à noite nas Ramblas de Barcelona.

Mas e o restante da administração da modalidade, como vai ficar para este ano? Será que sobrou algum cascalho para investir no restante de 2014? Como faz para sanear as dívidas que até o final de 2012 eram de quase dois dígitos? Como faz para investir na sucateada base do basquete deste país? Quase R$ 3mi por um convite é uma graninha forte, hein…

Comentem, por favor!

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