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O renascimento de Paulão em Franca

Fábio Balassiano

27/01/2014 02h08

Quando surgiu naquele Mundial Sub-19 da Sérvia em 2007 (Brasil foi quarto colocado), Paulão Prestes assombrou a todos com os 23 pontos e 14,7 rebotes de média (líder do campeonato nos dois quesitos, tendo feito, inclusive, duplo-duplo em seus nove jogos). Era um pivô novinho, forte, alto (2,08m), já jogando na Europa (nas divisões de base do Málaga depois de ter saído do Ribeirão Preto) e com futuro promissor. Os olhos se voltaram para o seu desenvolvimento, uma escolha no Draft de 2010 veio (na segunda rodada pelo Minnesota Timberwolves), mas ele (o desenvolvimento) acabou não vindo como todos esperavam.

Paulão tentou uma Liga de Verão pelo Minnesota (em 2012), mas não passou pelo crivo da NBA (descrições de 'lento', 'físico ruim' e 'deslocamento lateral abaixo da crítica' estão por aí na internet). Enquanto isso, permanecia com contrato no Málaga, sendo emprestado algumas vezes, e passou também na Espanha por Murcia, Granada e Gran Canaria. Na temporada passada pelo Canaria teve 10 minutos/jogo antes de ser dispensado. A dúvida ficava na cabeça de todos (os mesmos 'todos' que esperavam que ele virasse um pivô dominante em nível mundial): o que diabos aconteceria com a carreira dele?

O mercado brasileiro não quis nem saber. Se alvoroçou, coçou os dedos, propostas choveram. O pivô (na minha opinião em um erro crasso de avaliação de cenário) escolheu Brasília, time conhecido (até a temporada passada, pelo menos) por ser dono de uma correria absurda e pelo hesitante (ou ausente) jogo com os homens de garrafão. A correria fez os joelhos de Paulão gritarem de dor. O sistema tático, por sua vez, colocou um gigante de 2,08m e com potencial para ser dominante em um terreno árido de gigantes com razoável técnica como um mero "bloqueador" de infiltrações. Seus números (23 minutos, 12 pontos e 8 rebotes) não foram ruins, mas o desempenho poderia ser melhor.

Em uma correção de rota (das melhores que ele poderia ter feito), Paulão assinou com Franca para o NBB6. Era o reencontro dele com o técnico Lula Ferreira (que o havia lançado em Ribeirão Preto anos antes), a chance de liderar um elenco em formação (ao seu lado, no garrafão, está o promissor Lucas Mariano, dono de média de 13,3 pontos na competição) e ser um dos ídolos de uma cidade que ama e entende de basquete.

O resultado de sua escolha acertada para a temporada 2013/2014 pode ser visto nos números. Paulão, que joga 30,8 minutos por jogo, tem 19,8 pontos (quarto melhor índice do campeonato), 8,4 rebotes (o terceiro), 63,7% nos tiros de dois pontos, 1,4 assistência (é o quarto melhor pivô na categoria) e ótimos 22,4 de eficiência, liderando o NBB no quesito. Seu desempenho é tão regular, mas tão regular, que ele fez 16 ou mais pontos em TODAS as partidas do certame até aqui (no sábado, na vitória contra o Basquete Cearense, sua última partida, ele saiu-se com 20 pontos e 6 rebotes (26 de eficiência). Dominante é pouco para descrever seu começo em solo francano.

O nível do NBB é não mais do que regular, seus problemas com o físico, diagnosticados pelo Minnesota quando ele foi Draftado em 2010 (a recomendação para perda de peso e ganho de massa muscular e agilidade eram bem claras), continuam ali (o cara pode ficar bem mais magrinho), mas é bem bacana ver a volta por cima de Paulão. Sete anos se passaram, o contato com o técnico Lula Ferreira parece lhe fazer bem e o camisa 15 é o principal responsável por manter Franca entre os dez primeiros do NBB (8-9).

O que será de seus próximos anos é bem difícil de saber, mas Paulão tem apenas 25 anos (faz 26 em fevereiro) e pode ter bastante sucesso no basquete interno. Caso se cuide um pouco mais, pode alçar vôos maiores (Europa). De todo modo, é uma baita história de renascimento, de reencontro com os melhores números e momentos. Que ele siga em sua recuperação, que ele siga mostrando que aquele garoto de Monte Aprazível que surgiu para o mundo lá em 2007 pode, sim, jogar em alto nível. Técnica ninguém duvida que ele tenha.

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