Sobre a segunda divisão do NBB com 4 clubes
Fábio Balassiano
16/01/2014 02h53
Olha, em primeiro lugar temos o óbvio: o número de times é de fato muito, muito baixo. Esperava, talvez com uma boa dose de otimismo, de 8 a 10 times querendo entrar na segunda divisão. Ter quatro equipes mostra muito bem qual o estado do basquete hoje de um modo particular (nível baixo, produto ainda em construção e pouca visibilidade) e, extrapolando a esfera da modalidade, a quantas anda o interesse de empresas em patrocinar equipes esportivas (vide os recentes casos do decantado vôlei). Há milhões de razões para isso (gestão ruim, falta de informação ao patrocinador sobre retorno do investimento, dirigentes pouco preparados etc.), e acho que nem cabe aqui entrar na discussão, que é bem ampla. O fato é: o número certamente não é o que ninguém esperava, mas ele (o número) talvez tenha refletido exatamente o patamar em que o nosso querido basquetinho está em 2014.
Se faltaram quatro, cinco clubes para um produto mais atrativo, taxar como "vergonha" ou ironizar a tentativa de os dirigentes da LNB de pavimentar ainda mais praças interessantes como Recife, Campo Mourão, Lins e Rio Claro me parece pouco inteligente. Uma perguntinha bem básica: se não tivesse a segunda divisão, como estes quatro times, que sabidamente querem jogar o NBB7, fariam para entrar na principal competição nacional?
É o ideal? Não, não é. O número é baixo? Sim, é. É o fim do mundo? Decididamente não é. A Liga Nacional ainda patina (cadê os patrocinadores, LNB?), mas se mata para corrigir imperfeições de 20, 30 anos do basquete nacional com razoável rapidez (só como comparação: na Espanha as divisões de acesso são de responsabilidade da Confederação local, e não da Liga ACB). A segunda divisão era um sonho antigo de quase todo mundo. Jogar uma pá de cal simplesmente porque à primeira vista o produto não é o ideal não me parece o mais inteligente. Na modalidade, sabemos disso, nem tudo acontece com a rapidez que gostaríamos, com a rapidez que desejamos. Faz parte de um esporte que ainda tenta se reencontrar, que ainda tateia em busca dos melhores modelos de gestão, das melhores formas de se chegar a um ponto recomendável para patrocinadores, dirigentes, atletas, mídia e torcedores.
Quanto tempo durará até chegarmos a um porto-seguro para o basquetinho? Ninguém pode dizer (inclusive se o dia chegará). Mas eu prefiro encarar a Série B do NBB como um começo, como uma forma de se chegar a, sei lá, duas divisões fortes com 14, 16 clubes no basquete brasileiro, e não como algo ruim, tenebroso, trágico como muita gente está tentando pintar.
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