Conheça Bruno Caboclo, revelação do Pinheiros
Fábio Balassiano
09/01/2014 01h16
Não fui à rodada inicial, mas no segundo dia, diante de Bauru, eu vi uma das atuações mais espetaculares de um jovem em muito tempo de basquete. Foram 19 pontos, 9 rebotes, 4 tocos, 2 assistências e uma jogada de tirar o fôlego no começo do segundo tempo. Na defesa Caboclo deu um toco sensacional numa tentativa de enterrada de um atleta de Bauru, saiu correndo em desabalada carreira para o ataque e completou o passe de Georginho com uma enterrada em uma ponte-aérea magnífica. O ginásio inteiro aplaudiu, e no final daquela partida eu conversei com ele ("o lance foi maneiro, né. Dei o toco e fiquei empolgadão. Queria completar do outro lado!"). No final da LDB, ele levou o Pinheiros, time mais jovem da competição, ao bronze e foi certamente um dos jogadores mais bem avaliados do campeonato (o Território LNB, um dos melhores blogs de basquete da atualidade, o definiu como "Absurdo e Assombroso" – e o Bernardo acompanhou o torneio INTEIRO).
BALA NA CESTA: Você tá com cara de nervoso. Fica calmo, beleza?
BRUNO CABOCLO: Tô tentando (risos).
BNC: Pra quem não te conhece, quem é o Bruno? De onde você vem, como começou a jogar, essas coisas.
CABOCLO: Sou de Osasco, mas cresci em Pirapora do Bom Jesus, interior de São Paulo, e Barueri. Comecei no basquete mesmo nas escolinhas do Barueri. Joguei lá por cinco anos, dos 13 anos 17 anos. Jogo há muito pouco tempo, quatro anos. Aí no começo de 2013 o José Luis Marcondes, das categorias de base do Pinheiros, me chamou para jogar no clube. Mas eu não gostava muito do Pinheiros, não. Era rival nosso, a gente sempre jogava contra (risos). Mas eles conversaram comigo, com minha família, apresentaram o projeto pra mim e também para minha família, decidi aceitar e estou muito feliz. O Zé (Luís) me dá muita força, me ensina bastante, sou muito grato a ele. Hoje moro em um apartamento perto do clube com o Humberto e é bem bacana. Me formei no colégio, mas ainda não estou na faculdade. Minha vida é treino e casa. Eu não gosto muito de sair, não. Fico em casa, jogo um videogame e é isso. No basquete do videogame eu sou ruim, curto mais é jogo de tiro mesmo (Call of Duty, no Xbox).
CABOCLO: Em todos, né. Preciso melhorar em velocidade, defesa, domínio de bola, arremesso, muita coisa. Meu sonho é ir pra NBA, é chegar o mais longe possível. NBA é meu sonho desde pequeno, desde que comecei a jogar. Eu sonho, sonho mesmo. Preciso treinar muito pra chegar lá porque estou um pouco atrasado, né.
BNC: Atrasado em quê? Você só tem 18 anos…
CABOCLO: Ah, eu ainda não estou pronto ainda, cara. Nos Estados Unidos os garotos são preparados desde muito cedo pra chegar na NBA. E se eu quiser chegar lá preciso evoluir demais ainda em todos os aspectos do meu jogo. Falta muito.
CABOCLO: Minha mãe, Regina, e meu pai, Walter, moram em Pirapora mesmo. Sou de família humilde, e graças ao basquete já consigo dar uma ajudinha pra eles. Tenho duas irmãs mais velhas. Sou o caçula. As duas jogam vôlei (uma, a Valquiria, em Jundiaí e a outra, Angelica, em Araraquara, disputando, inclusive, a Superliga Feminina) e sempre me incentivaram no esporte. Elas começaram primeiro e me falavam muito para eu fazer algum esporte. Sempre moraram fora, em república, e foi assim que comecei. Conversamos muito sobre o que passamos pois as realidades são parecidas. Apesar da distância somos muito unidos.
BNC: E nos treinamentos…
CABOCLO: Poxa, eu preciso ir. Me desculpe (e Bruno abaixa a cabeça, dá um sorriso, um suspiro e segue em direção ao ônibus).
Sobre o blog
Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.