Sobre o nível técnico do basquete interno e o NBB
Fábio Balassiano
13/12/2013 09h18
Depois da peleja houve (como tem havido) um debate acalorado e interessante sobre o nível técnico desta e demais partidas do NBB atual. Pontos interessantes de quem acha que a qualidade é baixa (eu) e de quem pondera que é boa. Vamos a alguns pontos interessantes:
1) Em primeiríssimo lugar: jornalista que é jornalista não deve tomar partido ou "jogar contra ou a favor" de absolutamente nada. Analisa-se, elogia-se quando é bom e critica-se quando é ruim. Com respeito e educação, vale tudo. Tão simples quanto isso.
3) Utilizar termos como "lixo" ou "merda" para descrever o trabalho de alguém não ajuda em nada também. Fazendo uma analogia com o que disse Alex, do Coritiba (futebol), ninguém que joga na elite de uma modalidade esportiva do país pode ser "muito ruim". Críticas vazias ou empíricas assim ajudam pouquíssimo.
4) Estou pra escrever isso com mais calma, mas vamos lá: sou um amante de estatísticas (assino dois programas para acompanhar melhor a NBA, por exemplo), mas não é possível balizar as análises pelos números que a Liga Nacional apresenta. Para ficar em apenas dois: bolas de três pontos e desperdícios (principalmente este último) quase nunca condizem com o que se vê em quadra. Não estou dizendo que é pra não usar os números, mas chancelar TODA a análise do NBB com eles é uma grande furada.
6) Há fatores que ajudaram o nível técnico a não piorar muito nos últimos anos (algo que se previa com o sucateamento recente das divisões de base e falta de estudo das comissões técnicas brasileiras). Com o crescimento econômico do país e a crise financeira endêmica nos platenses, jogadores gringos que antes migravam para a Argentina acabam vindo pra cá (David Jackson, Osimani, Shamell, Goree etc.). Se isso não bastasse, alguns hermanos de sucesso também jogam/jogaram por aqui (Figueroa, Kammerichs, Laprovittola etc.). Com essa capacidade de investimento, se tratar melhor o produto a Liga pode envelopá-lo como o grande campeonato das Américas (ao menos em termos de nomes que atuam nele). Não enxergar isso, bem como os recentes títulos Sul-Americano e Continental, não me parece límpido e justo também.
8) Não irei utilizar números aqui pelos motivos apresentados acima (estatísticas da Liga Nacional normalmente não "narram" o que se vê na quadra), mas algo precisa ser feito, ou repensado, no jogo que se tem visto no Brasil. Ninguém é maluco de pedir para um time não chutar de três pontos e/ou só jogar com os pivôs, não é isso e não se resolve uma situação complexa como esta assim. Como dizem o Tite, ex-técnico do Corinthians, e o Parreira, o fundamental é ter equilíbrio (sendo um pouco mais filosófico, ter equilíbrio é fundamental não só no esporte, como na vida como um todo).
9) Não sou fã número 1 do basquete que se pratica e nem acho que tudo o que se faz na Europa deve ser replicado no Brasil. Há um potencial físico grande por aqui, uma maneira mais criativa de atuar, e isso deve ser respeitado, levado em conta. De todo modo, um pouco mais de leitura de jogo, intensidade para marcar, calma na hora de decidir e utilização de todas as peças de um tabuleiro de xadrez que é um jogo de basquete (se quiser ler como "os cinco que estão jogando na quadra" tudo bem) não fariam mal – pelo contrário, engrandeceriam o nível técnico interno e ajudariam, até, a preparar as seleções brasileiras para embates mais complicados.
11) Sei que muito do desenvolvimento dos técnicos passaria pela Confederação Brasileira, mas acho que nenhum ser humano deste país que acompanha basquete pode esperar algo da CBB, atolada em dívidas e com uma falha de gestão que parece eterna. Se quiser melhorar o seu produto rapidamente, de forma sustentável e a longo prazo, a Liga Nacional terá que tomar ainda mais as rédeas da situação, capacitando os treinadores do país e bolando competições que em teoria nem lhe caberiam (LDB e Segunda Divisão, por exemplo). Se o caminho é o crescimento, que a LNB arregace ainda mais as mangas e cave fundo, lá na base da pirâmide, para sanar a questão técnica também. Pode ser muita responsabilidade em cima dos caras? Pode. Mas da entidade máxima é que não vai sair nada, nada mesmo.
Ufa, texto longo, mas acho que vale o debate. Concorda comigo? Qual a sua opinião? O nível técnico é muito ruim mesmo? Como melhorá-lo?
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