A notícia era esperada a qualquer momento da temporada. E foi confirmada ontem à tarde (leia mais). O Los Angeles Lakers renovou o que parece ser o último contrato da vida profissional de Kobe Bryant na NBA. O camisa 24 assinou até o final do campeonato de 2015/2016, quando terá 37 anos e provavelmente se despede das quadras.

Depois da notícia a ESPN de Los Angeles divulgou os valores do acordo: US$ 23,5 milhões na temporada 2014/2015 e mais US$ 25 mi para 2015/2016 (total, como se vê, de US$ 48,5 milhões pelos dois últimos anos da carreira dele). Quando olhei as cifras, na hora eu me perguntei: será que os Lakers não estariam pagando caro demais por um jogador em final de carreira?

Em primeiro lugar, ninguém é maluco de duvidar da capacidade técnica de Kobe Bryant. O cara é um mito do basquete, certamente um dos melhores jogadores de todos os tempos e, ao lado de Magic Johnson, o jogador mais importante de uma das franquias mais importantes do esporte dos Estados Unidos. Valia, portanto, muito esforço para tentar manter por toda vida profissional de Kobe o astro com a camisa dos Lakers. Este é um ativo importante e que não deve ser desconsiderado na equação. Qualquer torcedor angelino ficaria furioso se ele saísse de lá, isso é muito óbvio.

Por outro lado, eu sinceramente acho que os Lakers pagaram demais por ele (demais é demais mesmo). A folha salarial estava limpa para o campeonato de 2014/2015, mas a renovação de Kobe nestas cifras deixam apenas US$ 25 milhões para serem investidos em agentes-livres que precisarão ser contratados caso a franquia queira, realmente, voltar a disputar títulos. Independente de dispensar ou não Steve Nash, que ganhará US$ 9,7 milhões no próximo campeonato, para quem sonha (sonhava?) com Carmelo Anthony e até LeBron James certamente vai faltar poder de fogo no mercado tendo pago quase a metade do orçamento em um jogador com mais de 35 anos.

Se uma estrela for contratada, com um salário de, sei lá, uns US$ 18 milhões os Lakers terão menos de US$ 10mi para investir no restante do elenco inteiro (mais dez jogadores). Pouco, não? Há, ainda, o caso de Pau Gasol, que ganhará US$ 19,2 milhões na temporada atual. Se quiser ficar em Los Angeles o espanhol certamente terá que reduzir a sua pedida.

Também há um lado que é preciso dizer. Todo mundo gosta de dinheiro, todo mundo sempre quer ganhar mais dinheiro, mas Kobe poderia ter pensado que, pedindo menos grana para a franquia, os Lakers poderiam cercá-lo de mais talento no final de sua brilhante carreira, dando a ele uma boa chance de encerrar um ciclo maravilhoso com seu sexto e sonhado anel de campeão da NBA. Do jeito que as coisas ficaram, me parece que o camisa 24 continuará sendo O cara da equipe, mas sem tantas opções para dividir a responsabilidade e com diminutas chances de avançar às finais da NBA.

Apenas como comparação: LeBron James, no auge, receberá em três anos cerca de US$ 48 milhões em Miami. O melhor jogador do mundo abriu mão de uma bolada para ser campeão no Heat, para jogar com caras de alto nível (Wade e Bosh) e aumentar as suas chances de enfim se consagrar com troféus nas mãos. E sua aposta tem dado certo. Aos 36 e 37 anos, Kobe, em declínio físico (natural), receberá mais que US$ 48mi por dois anos – e provavelmente os últimos dois anos de sua vida profissional.

A conclusão, ao menos a minha, é: os Lakers tinham mesmo que renovar com Kobe Bryant. Mas pagaram caro demais por isso. Manterão, por 20 anos, um dos melhores jogadores de todos os tempos na franquia (ele não atuará por nenhuma outra na vida, e isso é bacana), mas ao mesmo tempo terão uma dificuldade monstruosa para montar, nos dois últimos anos da vida profissional do craque, um time recheado de bons jogadores para brigar por títulos.

Concordam comigo? Os Lakers pagaram caro demais para ter Kobe por mais dois anos? Comente!