A inexplicável demissão de Régis Marrelli de São José
Fábio Balassiano
12/11/2013 01h04
Curiosamente Régis era, ao lado de Guerrinha, o único treinador a dirigir a mesma equipe em todas as cinco edições do NBB até aqui. Em seu lugar assume o veterano Edvar Simões, que terá Cadum, ex-jogador e ex-técnico de Suzano na última edição do principal torneio nacional deste país. E ambos nem terão muito tempo para respirar, pois na quinta-feira o time estreia no NBB contra a Liga Sorocabana às 20h, em casa, no Lineu de Moura.
Eu, desde canto, não consigo entender os motivos da saída de Régis Marrelli, com quem conversei ontem à noite. Profissional sério, ético e com ótima capacidade de lidar com um elenco que passou por altos e baixos (financeiros, técnicos e psicológicos), Régis e Fúlvio eram a cara de um projeto de basquete que dava certo, que enchia ginásios, que fazia com que o nome da cidade aparecesse no noticiário com destaque. O segundo torceu o joelho e não jogará o NBB6. O primeiro, foi sacado ontem. Estranho, para não dizer triste, inexplicável e bizarro.
Obviamente que quando liguei (lá pelas 22h) o agora ex-treinador estava triste, bem triste, ainda tentando entender as razões da diretoria para a sua saída (foi comunicado depois do treino que ainda dirigiu no começo da tarde). Perguntei a ele se havia algum cunho político em sua demissão (prefeitura nova assumiu recentemente), e ele foi bem claro: "Sem querer entrar em polêmica, só posso dizer que foi uma decisão da prefeitura e do corpo-diretivo daqueles que comandam o clube. Foi uma mudança que eles quiseram tomar, e preciso respeitar. Passamos por problemas de lesões sérias neste começo de temporada, estávamos lutando com as forças que tínhamos. Paciência. Meu carinho será eterno a São José, e deixo um grande abraço para todos nesta cidade que reaprendeu a amar basquete", disse em contato telefônico com o blog na noite desta segunda-feira, ressaltando que Cadum chegou a telefoná-lo: "Desejei sorte a ele, não poderia deixar de ser diferente", finalizou, com a elegância de sempre.
Não conheço Rafael, mas se ele usou o argumento "resultado" para tirar Régis ele foi muito mal. Se há uma outra razão (política, talvez, pelo que se lê na matéria), é melhor o dirigente esclarecer. Caso não exista, e seja simplesmente técnica, foi uma tremenda bola fora – uma das piores dos últimos tempos no basquete brasileiro.
Por uma dessas coincidências da vida, Edvar, que completou 70 anos em abril deste ano e já dirigiu o time da cidade nos anos 80, assume no lugar de seu assistente em seu último trabalho no basquete. Régis Marrelli era auxiliar do veterano técnico no Corinthians/Mogi no agora longínquo ano de 2005 quando o treinador principal pediu demissão, abrindo espaço para Régis pela primeira vez.
O NBB, de um modo mais amplo, perde uma de suas grandes e mais doces figuras. E São José, que vinha tão bem sob o comando de Régis, um grande profissional e uma excepcional pessoa.
Alguém consegue entender? Comentários serão bem-vindos!
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