Vice-presidente do Bulls, Paxson mira título com Chicago nesta temporada
Fábio Balassiano
14/10/2013 11h30
BALA NA CESTA: É inevitável começar com isso. Você está bem diferente daquele armador do começo dos anos 90, hein.
JOHN PAXSON: (Risos) Sim, sim. Eu sei disso. Ouço isso quase que diariamente (risos).
PAXSON: Nosso objetivo é ter todo o time saudável por todo o campeonato. Este é nosso objetivo maior. Sofremos bastante com isso na temporada passada e também na anterior, quando Derrick já começou a sofrer com alguns problemas de lesão. Por isso estamos tentando nos manter o mais saudável possível para termos a nossa melhor chance contra Miami, Indiana, Nets, Knicks, enfim, os melhores times do Leste. Gostamos do nosso time, gostamos da nossa chance, e precisamos estar bem fisicamente para brigarmos de igual pra igual.
BNC: Na temporada passada vocês tiveram muitos jogadores atuando lesionados, contundidos, enquanto que Derrick Rose acabou retardando a sua volta pois não se sentia confiante. Como foi lidar com isso internamente?
PAXSON: Derrick vinha de uma lesão complexa e de uma cirurgia complexa. Isso é importante ser lembrado. Os outros jogadores estavam lidando com problemas físicos, mas que não demandavam operação. Então é diferente. Não dá pra comparar muito. Nós ficamos muito orgulhosos dos nossos atletas na temporada passada com o que eles fizeram e com o que eles atingiram dentro das circunstâncias que se apresentaram. Não foi fácil.
PAXSON: Não, não ficaram mesmo. Temos um grupo muito bom de atletas, mas sobretudo de pessoas. Eles se ajudam muito e eles nunca olham por cima de um companheiro – ainda mais uma situação assim. Todos sabem que o companheiro só entrará em quadra quando estiver pronto para atuar.
BNC: Vocês foi um bom armador, e hoje acaba sendo chefe de todos os jogadores do Chicago Bulls na posição em que exerce (vice-presidente de operações). É uma situação delicada, mas como a sua experiência como armador ajuda Rose, Kirk Hinrich e Marquis Teague?
PAXSON: Para ser sincero, eu não era o tipo de jogador que eles olhariam para copiar alguma coisa (risos). Derrick Rose é rápido, explosivo, e eu não era nada disso quando jogava, tenho total consciência disso. Eu não posso falar muito com eles sobre isso. Derrick, por exemplo, é um cara muito inteligente e com ótima leitura do jogo e das situações a sua volta. Ele sabe que é ótimo e quer ser o melhor. Já é o bastante.
PAXSON: Eu lembro muito obviamente. A melhor coisa de se ganhar é a força que o time ganha consigo mesmo. Todos se tornam mais confiantes e a unidade da equipe só cresce. Eu tive muita sorte de jogar com Michael Jordan e Scottie Pippen, além de Horace Grant e Bill Cartwright. Não diria que aquele arremesso mudou a minha vida, mas fez minha vida no basquete ser um pouco mais feliz, sem dúvida alguma. Já vai fazer 20 anos dessa conquista. Tenho ótima relação com todos os caras que fizeram parte daquele grupo tricampeão pelo Chicago, isso é o mais importante.
BNC: Em seu recente livro ("Eleven Rings"), Phil Jackson fala muito sobre você e sua liderança naquele Bulls tricampeão.
PAXSON: Phil é um dos caras mais diferentes que eu já conheci. Diferente no sentido de ser único, pouco comum de ser encontrado. Tenho um grande respeito por ele. Mais do que qualquer técnico, ele entende como trazer um time coeso em torno de um objetivo em comum. Ele entende a individualidade de cada um, e sempre está disposto a te ajudar quando preciso. É um dos melhores treinadores da história da NBA, quanto a isso não há dúvida
PAXSON: A primeira coisa a se dizer é que ambos são completamente diferentes em tudo. Phil era mais calmo, na dele, deixava as coisas fluírem com mais tranquilidade em quadra. Tom, vocês já devem ter notado, tem um estilo mais animado, mais agitado, mais participativo durante as partidas. Eles vieram de lugares e filosofias diferentes – de vida e de basquete. E é natural que seus comportamentos de basquete sejam diferentes. Phil aprendeu com Red Holzman, técnico lendário do Knicks. Tom, por sua vez, é da escola de Bill Musselman, Jeff Van Gundy John Lucas. O interessante da profissão de técnico é que você aprende que não há uma única maneira de se ganhar, de se construir um time vencedor. É preciso acreditar em si, acreditar que se pode vencer com o time que se tem em mãos. Talvez esta seja a similaridade entre ambos – os dois acreditam que podem ganhar com seus times desde que o grupo esteja focado em torno de um mesmo objetivo.
PAXSON: Sim, totalmente. Você está sempre olhando o que o técnico gosta nos jogadores. Tom é um cara muito metódico, respeitado e que exige que os atletas joguem de maneira dura e defendam muito. Nosso grupo é todo forjado nessa ideia.
BNC: A escolha de Jimmy Butler, dois anos atrás, talvez seja o maior exemplo disso, não?
PAXSON: Sim, é bem isso mesmo. Jimmy é um lutador, que entrou mais velho na faculdade e que passou por muita coisa para chegar na NBA. É um cara forte de cabeça, duro na queda e é exatamente isso que Tom gosta em um jogador. Faz parte do perfil que gostamos.
PAXSON: Eu já passei por essa situação antes e posso dizer pra vocês: quando você ganha dois títulos seguidos é muito difícil de se manter o foco para a terceira. Pode ser difícil porque são jogos e anos juntos de forma seguida. Não é fácil. Mas eles são os atuais campeões e temos um grande respeito por eles. Qualquer time que queira vencer o Leste terá que passar pelo Miami. O Heat tem um grandíssimo time de basquete e temos muito respeito por eles.
BNC: Sobre o Miami, existe algum jogador na NBA atual que consiga fazer algo parecido com o que LeBron James vem fazendo? Ou seja: jogando como Scottie Pippen fazia antigamente, marcando armadores, caras mais altos…
PAXSON: Fazer o que LeBron faz? Não, não acredito. Ele é único. Pelo seu tamanho, pela sua altura, força e pela sua velocidade. É um ser diferente, versátil e altruísta demais. Não há ninguém como ele atualmente. Temos sorte de podermos vê-lo atuar, essa é a grande verdade.
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