O saldo do jogo da NBA - sem Rose, vaias a Nenê e aplausos a Oscar
Fábio Balassiano
13/10/2013 01h57
Mas, bem, voltando, este sábado teve um jogo da NBA por aqui, o primeiro na América do Sul, e o Chicago Bulls venceu o Washington Wizards por 83-81. Como todo jogo de pré-temporada, não dá pra tirar análise alguma (todos são assim), já que os técnicos rodam bastante seus elencos e colocam algumas estratégias para serem testadas (o Chicago treinou uma jogada de corta-luz entre Boozer e Deng que deu certo três vezes e pareceu bem boa mesmo). Vamos a alguns pontos interessantes:
1) Ninguém esperava que Derrick Rose, astro maior do Chicago Bulls, ficasse de fora. Joakim Noah, o pivô, era dúvida a semana toda a até a comissão técnica havia dito que ele poderia não atuar. Mas Rose foi um susto pra todo mundo. Depois do jogo o técnico do Chicago, Tom Thibodeau, disse que foi apenas precaução. Mas foi frustrante demais para quem comprou ingresso principalmente pra ver o cara. Thibs vê o lado do seu time, eu se fosse treinador faria o mesmo, mas foi terrível a reação da torcida quando anunciaram que ele não jogaria. Um casal atrás de onde eu estava sentado começou a discutir: "Eu disse que ele poderia não jogar. Olha quanto dinheiro nós gastamos", disse a moça. E o rapaz, com a camisa 1 do Chicago, a de Rose, disse: "Mas ele treinou bem a semana toda, jogou os 2 da pré-temporada antes deste. Desculpe". Foi triste.
3) O público foi de cerca de 14 mil pessoas, chegando a quase lotar a HSBC Arenas. Muito bacana, mas como havia alertado ontem a questão do caótico trânsito na região atrapalhou os torcedores. Quando a partida começou mais da metade do ginásio estava vazio. No final do primeiro tempo estava a 70, 80% e no começo do terceiro período as arquibancadas estavam lotadas. Arnon de Mello, presidente da NBA no Brasil, disse uma verdade: "Quanto a infra-estrutura de fora do ginásio a NBA não pode cuidar de muita coisa. Da grade pra dentro a gente cuida e resolve". Ele tem razão.
5) Só tem uma coisinha importante: se o jogo era para Nenê, o que diabos a organização da NBA esperava que acontecesse? Não se chama ex-namorado/a para festa de casamento. Por mais homenagens que mereça (e merece mesmo), Oscar é o maior crítico de Nenê, e colocá-lo em um evento que tinha o pivô do Washington Wizards como anfitrião só traria os aplausos da torcida para o lado de um ídolo (Oscar) e as vaias para quem o ídolo não gosta (Nenê). Meio elementar isso, não?
8) Na entrevista coletiva eu confesso que fiquei triste por Nenê. Sem querer defendê-lo, porque ele não precisa disso (e, de novo, NÃO estou entrando no mérito das questões de dispensa), mas foi muito chato ver o cara que é brutalmente respeitado na NBA ser vaiado no país dele. Não estou dizendo se ele merecia ou não as vaias (quem sou eu pra decidir isso), mas que foi chato, chatíssimo, foi. Ele não admitir isso nunca, mas ficou claro que ele saiu muito chateado com o que aconteceu. No final de sua entrevista coletiva ele deu um longo abraço em Arnon de Mello, presidente da NBA no Brasil, e saiu. Sua coletiva, aliás, uma das mais ferozes que eu já presenciei.
9) Ponderado, Arnon de Mello disse que estava triste pelas vaias, mas que entendeu a manifestação do público como um pedido para que Nenê jogasse pela seleção pois o país precisa dele. É um ponto de vista pra lá de interessante.
10) Mas cabe reflexão: será que foi a melhor maneira de pedir isso? Será que vaiando Nenê a torcida o aproxima ou o afasta da seleção? Será que Nenê precisa mais da seleção, ou a seleção precisa mais dele? Não vou entrar no tema, já disse, mas acho que falta um trabalho grande aí de comunicação entre as partes (Confederação, que representa a seleção, e atletas), isso está muito claro pra mim. Nenê é um dos melhores pivôs do mundo há uma década. O Brasil, não está no primeiro escalão do basquete há uma década e meia. Podemos mesmo escantear o cara? Só pra pensar.
Viu o jogo? Se impressionou com as vaias a Nenê? E as palavras de Oscar?
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