Depois do vexame na Copa América, a hora da reflexão pro basquete brasileiro - tem solução?
Fábio Balassiano
04/09/2013 10h23
E olhar pra dentro de si não é discutir se jogador da NBA deveria vir ou não, mas sim algo muito, muito, muito maior. Reduzir o estado em que se encontra o basquete atualmente a "este cara é patriota" ou "o cidadão ali é merecenário" é simplista, míope e não ajuda em nada a entender exatamente os motivos que levaram a modalidade a se atolar tanto em uma lama suja, profunda e difícil de limpar.
Quem acompanha este espaço sabe que gasto boas doses de teclado com críticas fortes ao tenebroso comando da Confederação Brasileira de Basketball, certamente o principal (mas não o único) responsável pelo estado de putrefação, pelo cheiro de lixo podre em que se encontra a modalidade atualmente (e faço isso praticamente sozinho, algo que me dói muito também, pois é uma guerra que travo na imprensa diária e solitariamente, infelizmente). Os defensores desta gestão pífia estão por aqui hoje pra defender, como fazem há 4 anos, o indefensável nunes e sua trupe? Caso sim, sugiro aparecer.
A parte técnica, que sucateia o trabalho de base dia após dia (vejam os trabalhos de formação pelo Brasil e terão noção de quão atrasado o país está), é tão ridiculamente administrada que nem mesmo um campeão olímpico consegue ser bem aproveitado no decrépito basquete brasileiro. Não adianta contratar Rubén Magnano, se quem deveria comandá-lo não tem a menor habilidade ou capacidade de dialogar, discordar, trocar ideia com o argentino. Só bater palma ou dizer "pô, o Rubén sabe tudo, meu" antes de soltar a gargalhada da hiena não adianta de nada, todo mundo menos o pessoal da CBB sabe.
Voltando a Confederação Brasileira de Basketball. Enquanto for administrada por pessoas de capacidade minúscula, pessoas com capacidade gerencial minúscula, pessoas com ideias infantilóides (censura, esconder balanço financeiro, mídias sociais toscas, marketing inexistente, cultura de basquete ridícula e nenhum pensamento na formação de atletas), o basquete não sairá do fundo do poço. Citem os nomes diminutos que vocês quiserem aqui (carlos nunes, mariçair, paulinho, vanderlei, andre alves, luiz carlos, bruna, edio…), falem o que faltou ser falado por este escriba, mas vamos parar na mesma central questão. O problema do basquete é um só: gestão, gestão e gestão (mas se preferirem podem trocar por seriedade, seriedade e seriedade).
Meu único receio é que para cada uma das perguntas que fiz acima a resposta seja uma só: "Não, o basquete se acostumou com o estado de mediocridade em que se encontra e não quer sair dele". Ou alguém, em sã consciência, se atreve a dizer que a modalidade está, sim, disposta a sair do buraco (não com um "aham, está", mas sim com alguma atitude diferenciada nos últimos anos – talvez a exceção que confirme a regra seja a Liga Nacional de Basquete, enrolada em alguns momentos, mas bem intencionada quase sempre, é bom dizer)?
Quando se faz tudo igual, estimados leitores, não se pode esperar nada de diferente. E com esta galerinha na cbb (aqui o organograma), a certeza que tenho é: desta draga o basquete não sai tão cedo. No mínimo até 2017, quando acaba o segundo mandato de carlos nunes. Até lá, ele, eleito este ano quase que por unanimidade (21 dos 27 votos, é sempre bom lembrar), continuará dando as cartas no combalido, falido, triste e morto basquete brasileiro. Talvez daqui a quatro anos, com alguém que venha a renovar não só a política da casa, mas principalmente arejar as ideias, ajustar as contas, rever dogmas que parecem inquebráveis o basquete possa sair da tumba, possa renascer (quem será o Messias?).
Agora, dia 4 de setembro, isso me parece impossível de ser pensado – ou repensado. Com nunes e seus coleguinhas minúsculos (minúsculos em termos de ideias, de capacidade administrativa, de sabedoria pra reverter a situação mesmo) no comando da não menos diminuta cbb a certeza é: o basquete NÃO vai mudar (pior: por eles, o basquete não precisa mudar porque está tudo bem, está tudo ótimo). E esta é a maneira triste como um texto post-mortem deve acabar.
Com estes caras, o basquete brasileiro NÃO vai mudar.
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