Na derrota da seleção feminina, o visível problema de fundamentos do basquete brasileiro
Fábio Balassiano
19/08/2013 11h30
O que mais me chamou a atenção ontem, e já havia falado isso (aqui e aqui) depois do Sul-Americano, é a absurda falta de fundamentos que os jovens valores do basquete brasileiro apresentam quando chegam a categoria adulta (foram 15 desperdícios de bola e 32% nos arremessos diante das canadenses). No masculino, a tragédia é menor devido a três fatores importantes: a) a criação da Liga de Desenvolvimento; b) a consolidação de um NBB longo e com muitos clubes (serão 17 nesta sexta edição, mais que o dobro em relação a última LBF, que teve 7 clubes em 2012/2013 em um campeonato sem returno, é bom lembrar); e c) a própria parte física dos rapazes mesmo.
Ou seja: a Confederação Brasileira, que já não se preocupa em deixar que a centralização do basquete (principalmente no feminino) ocorra (em São Paulo, único Estado que forte, pesado, em todas as divisões), sem ter noção de quão ruim isso é pro basquete, pelo segundo ano consecutivo tira de seu calendário de torneios da base a última categoria antes do adulto/profissional em todas as divisões (fico imaginando uma menina de 15, 16 anos querendo começar a jogar em cidades sem tanta força na modalidade…). O que se viu em quadra ontem em São Carlos, e (arrisco-me a dizer) o que se verá em muitos anos, não é culpa das atletas, mas sim consequência do pífio trabalho de desenvolvimento que é feito pela CBB desde os tempos de Grego e agora com Carlos Nunes.
No basquete, como em qualquer esporte (vide ontem o revezamento do atletismo feminino em que uma das meninas disse que o time não treinou muito), não tem segredo: ou se treina/joga exaustivamente, ou os resultados não virão. É o que tem acontecido na Confederação Brasileira, que não cansa de sucatear as suas divisões de base e vê seus jovens valores cada vez menos bem formados deste as categorias inferiores. Enquanto o investimento na base da pirâmide for pequeno, quase inexistente, o basquete brasileiro não voltará a ser grande. Esta é a única – e triste – certeza.
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