Zanon e a tentação de chamar as veteranas de novo pra seleção feminina
Fábio Balassiano
05/08/2013 14h20
Mas em todos os momentos de um primeiro tempo tenebroso (18 erros, 35 pontos e sofrimento total pra segurar a veterana pivô Gisele Vega, autora de 14 pontos em 20 minutos) eu me perguntei o que aconteceria caso a derrota viesse. Será que, devido a pressão de perder para um rival que sistematicamente apanha no feminino, o planejamento de renovação de Zanon e da Confederação Brasileira mudaria?
A resposta decididamente é: não, não e não (é bom frisar os "nãos" independente de qualquer resultado, tá). Embora o nível técnico apresentado pela seleção feminina tenha sido paupérrimo, com lapsos mentais terríveis (foram absurdos os momentos sem pontuar em que o ataque sequer conseguia arremessar devido a erros de passes básicos) e fundamentos básicos ruins (e ruins contra adversários que não estão nem entre os 10, 15 melhores do mundo é sempre bom lembrar), a hora é de investir nessas meninas, nessa geração que precisa de espaço sem esquecer quão abaixo da crítica foi o desempenho nesta competição (que o título não esconda isso, por favor). O máximo que eu consigo conceber é, para uma Copa América, para um Mundial, é a presença de duas ou três peças experientes para não sobrecarregar demais essas jovens meninas (Adrianinha na armação, Érika no pivô e Karla ou Iziane na ala). O restante é isso aí mesmo: dar espaço para estas atletas jogar – e consequentemente errar.
Retroceder, trazer as experientes de volta como se fosse a solução pra ganhar uma medalha no Mundial de 2014 e nas próximas competições é pouco inteligente por dois motivos bem básicos: a geração que passou pagou vexame no Mundial de 2010 e nas Olimpíadas de 2008 e 2012; e principalmente porque mudaria, de novo, os rumos de um trabalho que começou com Zanon não tem dois meses e cujo objetivo principal sempre foi o de dar tempo de quadra e rodagem internacional a uma garotada que sempre clamou por essa chance nos últimos anos – e que só agora conseguiram ganhar a primeira oportunidade em uma seleção adulta.
Que Zanon e a Confederação não olhem pra trás, mas muito pelo contrário. Que eles planejem o futuro, pensem em amistosos contra seleções fortes para essas meninas usando a polpuda verba do Ministério do Esporte (vejam aqui o que a entidade máxima tem pra investir – o valor é altíssimo), alimentem a Liga de Basquete Feminino com investimentos e desenvolvam ainda mais essas revelações que acabam de manter a hegemonia sul-americana com o título em Mendoza. Vou repetir: a tentação é grande, mas o trabalho está apenas começando para essa boa geração do basquete feminino brasileiro.
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