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Minha análise sobre o balanço de 2012 da Confederação - perdas financeiras e nenhum ganho técnico

Fábio Balassiano

25/06/2013 11h30

Ontem você viu aqui o começo da análise do balanço financeiro da Confederação Brasileira de Basketball. Hoje é a vez da minha análise sobre não as contas, algo que o professor Jorge Eduardo Scarpin, que virá aqui amanhã, fará com brilhantismo, mas sobre como a grana foi empregada – ou mal empregada. Vamos a alguns pontos:

1) A dívida subiu, o custo administrativo se manteve absurdamente alto (subiu de R$ 9mi em 2011 para R$ 9,4mi em 2012) e nenhuma (eu disse nenhuma) ação de massificação, marketing, planejamento de longo prazo foi feita. Isso é o que realmente me choca. Não é "só" a falta de uma administração mais profissional com o dinheiro (público em sua grandíssima maioria), mas sim o que (não) foi feito com ele. Será que ninguém cobra ou verifica isso? COB, Ministério do Esporte, sei lá. Alguém se habilita?

2) Uma coisa aqui me deixa surpreso, e acabei não escrevendo ontem. Se o custo administrativo andou de lado (crescimento de 4% de 2012 para 2011), o com pessoal aumentou absurdamente (29%). Para uma entidade que já tinha uma dívida alta em 2011 (cerca de R$ 7 milhões), pagar mais com funcionários não parece uma boa pedida principalmente quando não há nenhum fato novo em relação a isso, certo? A CBB não investiu em nada diferente, em nenhuma plataforma diferente, em nada assustadoramente novo que explique o crescimento de R$ 2,4 milhões em 2011 para R$ 3,1 milhões em 2012. Só com pessoas, portanto, a entidade máxima tem um custo mensal de R$ 258mil. Muito, não?

3) A falta de gestão ou planejamento de marketing é tão grande que na linha de despesa nem aparecem as palavras Comunicação/Marketing. Isso em uma entidade que contou com a "brilhante" assessoria de José Carlos Brunoro (foto à esquerda) até o fim do primeiro mandato de Carlos Nunes, uma classificação olímpica da seleção masculina depois de 16 anos e o surgimento de nomes como Damiris, Lucas Bebê e a consolidação de Varejão, Huertas, Splitter, Érika etc.

4) Há dois pontos que também me chamam a atenção. O custo com competições nacionais caiu 7% (de R$ 5,6 em 2011 para R$ 5,2 milhões em 2012), enquanto que o com competições internacionais subiu 5,6% (de R$ 5,4 em 2011 para R$ 5,7mi em 2012). Sinceramente não consigo explicar isso. A CBB só organiza a Copa Brasil e os brasileiros de base, e não dá pra entender como o número diminui tanto assim. E que competições internacionais foram essas que consumiram mais de 20% do orçamento total do basquete deste país? A maneira de se pensar não está muito invertida?

5) Assim como a Liga Nacional, a Confederação Brasileira é jurássica quando se fala em comunicação/marketing digital. O site é terrível há anos, no ano passado era quase impossível comprar as camisas da seleção (e a masculina voltava às Olimpíadas depois de 16 anos – insisto neste ponto) e o trabalho da CBB nas redes sociais beira o amadorismo absoluto. O basquete, hoje, está na internet, quase todo na internet. Se pra massificar é preciso sair do computador pra fisgar os futuros jogadores/torcedores na rua, para fidelizar e acarinhar quem já gosta do esporte o melhor (e mais barato) meio é a internet e suas redes sociais. Enquanto não entender isso o basquete seguirá como um esporte sem grande representatividade no país.

6) Choco-me (e repito neste ponto) quando vejo que o Ministério do Esporte investe pesadamente (R$ 14,8 milhões em 2013) em uma entidade que decididamente não sabe o que fazer com dinheiro (público). A CBB pode ter a melhor das intenções (e isso não é algo que pessoalmente acredite, diga-se de passagem), mas é nítida e cristalina a falta de planejamento e gestão não só das finanças mas como dos preceitos básicos de administração empresarial moderna. Sendo gerida de forma franciscana, é quase impossível pensar que o basquete brasileiro vá dar o salto qualitativo que tanto precisa.

O panorama, como se vê nesta análise e se verá ainda mais amanhã no texto do Professor Scarpin, é nebuloso em termos esportivos, técnicos, administrativos e financeiros. O basquete brasileiro é pessimamente gerenciado, e a tendência é que, com menos recursos em 2013, a situação piore quando a caixa-preta da entidade máxima for aberta em 2014. A conclusão mais triste é a mais óbvia: mesmo com MUITO dinheiro para investir (receita de R$ 25,7 milhões) o basquete brasileiro não saiu do lugar, não andou absolutamente nada, não fez nada de diferente dos últimos 20, 30 anos.

E aí fica a pergunta: se você faz tudo igual em relação aos anos anteriores, como é que dá pra esperar algo diferente em resultados esportivos, de massificação da modalidade ou de marketing? É simplesmente impossível e impensável. Tão impensável quanto, hoje, acreditar em uma gestão profissional e arrojada na entidade que administra o basquete brasileiro. Que pena.

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