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Mais detalhes da conquista do Flamengo no NBB contra Uberlândia

Fábio Balassiano

02/06/2013 13h16

Por Fernando Hawad Lopes, direto do Rio de Janeiro (RJ)

Apesar do pífio horário (10h da manhã), a HSBC Arena recebeu mais de 16 mil torcedores para a final do NBB 5, recorde de público da temporada. Em quadra, Flamengo e Uberlândia fizeram um jogo nervoso, de muitos erros ofensivos e placar baixo. Melhor para o rubro-negro. Com a vitória por 77 a 70, o clube da Gávea conquistou seu segundo título de NBB (2009 e 2013), explodindo de alegria a massa presente no ginásio.

Por ironia do destino, o grande destaque da decisão foi justamente Caio Torres, pivô do Flamengo que jogou graças a um efeito suspensivo. Caio havia sido suspenso por conta da briga entre os atletas no jogo quatro da série contra São José. Neste sábado, o grandalhão esteve impecável. Ele anotou 23 pontos e ainda apanhou 10 rebotes, levando o prêmio de MVP da final.

Assim como na partida que decidiu título do ano passado (vitória de Brasília diante de São José), o duelo deste sábado não foi um primor em termos técnicos. Talvez a tensão do jogo único deixe os times mais presos. É aquilo que já falamos por aqui: muito complicado colocar o trabalho de uma temporada inteira em 40 minutos de basquete. Mas não adianta reclamar, porque os clubes foram favoráveis à mudança.
Embalado pela empolgação da torcida, o Flamengo começou forte.

Aproveitando duas características que marcaram a campanha do time, defesa consistente e ataque coletivo, os comandados de Neto (que preferiu iniciar o jogo com Zanotti, em vez de Duda, no lugar do contundido Benite) abriram 11 pontos: 18 a 7. Com o ala-pivô Gruber inspirado, Uberlândia cortou um pouco a vantagem e o primeiro período terminou 21 a 15 para os cariocas.

A segunda parcial foi toda dos mineiros, que contaram com muitos erros do Flamengo, especialmente nas bolas de três. Se o rubro-negro não conseguia converter arremessos longos, Gruber estava irresistível nos chutes de fora. Ele anotou 18 dos primeiros 22 pontos do time de Hélio Rubens no jogo, incluindo cinco bolas certeiras de três. O bom aproveitamento de Gruber supriu a partida ruim dos americanos Robert Day e Robby Collum. Excelentes chutadores de fora, eles não estiveram bem nesta manhã (2/8 para cada um em bolas de três). Mesmo assim, justamente um arremesso de Robert Day colocou Uberlândia na frente no fim do primeiro tempo: 34 a 33 (19 a 12 no segundo quarto).

O terceiro quarto, que já tinha sido fundamental para a vitória rubro-negra no quinto jogo contra São José, também foi decisivo para o time chegar ao título. As bolas de três começaram a cair, os cariocas venceram o período por 25 a 15 e abriram nove de vantagem (58 a 49). Além de Caio Torres, destaque também para Marquinhos, que teve 16 pontos no jogo, e Olivinha, com seu duplo-duplo característico, 10 pontos e 11 rebotes.

Nos dez minutos finais, o experiente time de Uberlândia tentou uma reação, liderado por Valtinho, que por sinal, fez uma ótima reta final de NBB, mostrando que está recuperado fisicamente. O armador anotou 13 pontos. Gruber, que tinha feito 18 no primeiro tempo, assinalou apenas dois no segundo, terminando a final com 20. Cipolini beirou o duplo-duplo (16 pontos e nove rebotes). O pivô uberlandense fez um belo campeonato, se tornando uma das principais peças ofensivas do time. Mas o Flamengo controlou bem a vantagem e não correu mais riscos. Faltando um minuto, a festa já estava pronta na Arena.

Campeão brasileiro pela primeira vez, o técnico José Neto valorizou a regularidade do time ao longo da competição. "Nós sabíamos que a regularidade durante o campeonato nos daria bastante chance de chegar ao título. Foi o que aconteceu. Superamos diversos problemas na temporada, contusões e alguns problemas que vocês nem sabem e hoje chegamos ao grande momento, o momento mais importante da minha carreira", afirmou o comandante, que superou algumas desconfianças para fazer um ótimo trabalho na Gávea.

O MVP da temporada não poderia ser outro. Não há dúvidas de que o NBB 5 foi o campeonato de Marquinhos. O ala da seleção jogou demais, teve uma regularidade absurda e liderou com maestria o time na ausência de Marcelinho. Apesar de já ter jogado Olimpíada, Marquinhos afirmou que o título conquistado neste sábado foi um momento único para ele. "Com certeza teve um sabor mais especial para mim até do que a classificação para a Olimpíada, porque nesta temporada deu tudo certo, individualmente foi ótimo e coletivamente também. Eu falava para o grupo durante o ano que se a gente chegasse nos playoffs com vantagem do mando de quadra ia ser muito difícil alguém ganhar da gente. Ter o apoio dessa torcida é maravilhoso", ressaltou o melhor jogador do campeonato, que ouviu os gritos de "fica Marquinhos" da arquibancada.

O título do Flamengo coroa um projeto muito bem feito pelo clube no basquete. A torcida rubro-negra, que sempre apoiou a modalidade, nesta temporada teve papel fundamental, comparecendo em peso aos jogos no Tijuca, durante a fase de classificação e as quartas de final, e lotando a HSBC Arena nos momentos decisivos. As contratações de peso também funcionaram perfeitamente, caso de Marquinhos, Olivinha e Benite. Resta saber agora se o plantel, de custo alto, diga-se de passagem, será mantido para a próxima temporada.

Também não podemos deixar de parabenizar o ótimo trabalho feito por Uberlândia. Após ano ruim em Franca, no NBB 4, Hélio Rubens mostrou que ainda pode montar times competitivos. Quando muita gente achava que o treinador estava ultrapassado, ele chegou novamente à decisão nacional. "Não fizemos um bom jogo hoje, enfrentar o Flamengo aqui é difícil. Mas a temporada foi muito positiva. Superamos várias adversidades e conseguimos chegar na final", afirmou um dos técnicos mais vitoriosos da história do basquete brasileiro.

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