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Melhor jogadora do país, Érika quer título inédito com o Sport-PE e pede respeito à modalidade

Fábio Balassiano

04/04/2013 15h01

No dia 3 de agosto de 2003, a seleção brasileira feminina Sub-21 perdeu a decisão do Mundial para os Estados Unidos por 71-55. Naquele dia, a então jovem Érika Cristina de Souza errou seus seis arremessos, desperdiçou duas bolas e teve sua pior atuação em uma competição que impressionou a todos com 12,4 pontos, 7,8 rebotes, 2,8 roubos e 65,2%. Uma década se passou, algumas meninas daquele time já pararam de jogar, mas Érika evoluiu sem parar, jogou dez anos na Europa, foi campeã de tudo que disputou (WNBA, Euroliga, Nacional, Campeonato Espanhol, tudo) e segue com fome de vitória atuando pelo Sport/PE pelo qual pode ser campeã da Liga de Basquete Feminino no sábado contra Americana. Melhor jogadora do país, cestinha das últimas Olimpíadas (16,8 pontos) e jogadora brasileira mais respeitada no exterior, ela não doura a pílula ao falar da situação da modalidade e pede respeito com as atletas em entrevista realizada no último sábado.

BALA NA CESTA: Você recentemente disse que o que vocês, atletas do basquete feminino, estão passando no país é um absurdo. O campeonato começou atrasado, só com sete times e não teve nem returno. Chegou a um limite, não?
ÉRIKA DE SOUZA: Ah, cara, é uma vergonha o que acontece com a gente aqui. Todo mundo sabe que é um absurdo, uma falta de respeito com a gente e com os patrocinadores que investem no basquete. Tem empresa investindo muito dinheiro com jogadoras boas, mas infelizmente aqui no Brasil só se pensa no futebol e também agora no basquete masculino. Acho que em um time do Nordeste indo bem, indo longe, como é o nosso pode melhorar, evoluir, mas o campeonato precisa começar na data certa e não pode ser assim tão curto. Todo mundo tem que continuar trabalhando e unido e quem sabe podemos crescer um pouco mais o basquete feminino aqui no Brasil.

BNC: Como você recebeu a notícia da saída da Hortência da diretoria de seleções femininas? Sei que você era muito ligada a ela. Tiveram chance de se falar?
ÉRIKA: Olha, ainda não. Estamos em fase final de campeonato e não tive oportunidade. Só tenho cabeça pra pensar nas finais agora, e depois vou ter um mês pra pensar na minha vida de clube e seleção, e falar com ela.

BNC: Falando nisso, como vai ficar a questão do calendário? Sabemos que sempre pra você, que joga na WNBA, é um problema. Ano passado você saiu do time pra jogar a Copa América, e neste ano tem Sul-Americano e o Pré-Mundial com a seleção agora comandada pelo Zanon.
ÉRIKA: Comigo é sempre assim, né. Já estou acostumada a isso. Se não for complicado não sou eu. Tem que ter emoção, né (risos). Mas todo mundo sabe que eu abro mão do que for pra jogar pela seleção, isso é muito claro. Independente de estar na WNBA ou em outro lugar, quero sempre estar defendendo a seleção brasileira em qualquer competição. Podem contar comigo sempre.

BNC: E sobre o segundo jogo da final, muita expectativa? O que vocês precisam mudar pra não repetir os erros do primeiro tempo do jogo 1 das finais?
ÉRIKA: Ah, a Ilha (do Retiro) vai estar lotada como sempre, né. O Caldeirão vai ferver, hein! Estamos muito animadas de poder jogar em frente a eles e conquistar esse inédito título para o Nordeste. Só temos, aliás, que agradecer a eles pelo apoio durante toda a competição. A torcida é o máximo, estão sempre com a gente, ganhando ou perdendo. Vai ser difícil, sabemos disso. Americana está ferido, mas temos uma missão pra cumprir. Sobre o primeiro jogo, começamos muito nervosas. Não jogamos como equipe, estávamos um pouco apáticas até, mas o time do Sport é um grupo forte e depois nos juntamos pra jogar o melhor basquete que temos. A chave é essa. Jogar coletivamente.

BNC: Por fim, como está sendo morar em Recife? Você está morando no Brasil depois de uma década morando fora (Europa e Estados Unidos) e é do Rio de Janeiro. Como está sendo a experiência?
ÉRIKA: Ah, espetacular, cara. Tem um sol pra cada um lá em Recife, é um calor danado, mas estou gostando demais. O Roberto (Dornelas, técnico) trata a gente muito bem, que nem filhas, e o carinho da torcida é imenso onde quer que a gente esteja. Espero continuar lá em Recife, ajudar o Sport, ajudar o basquete brasileiro. Sabemos que a fase não é muito boa, a fase é de troca-troca o tempo todo no basquete, mas quero ajudar no que for possível ao Sport e à seleção.

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