Após mudança de cargo, Hortência diz: 'Não quero comentar porque não aceitei o cargo'
Fábio Balassiano
28/03/2013 16h30
"Não quero comentar muito sobre esse assunto porque não aceitei o cargo. Tive uma reunião com o presidente Carlos Nunes há duas semanas e ele me ofereceu esse cargo de relações institucionais, e eu lhe disse que ia pensar. Alguns dias depois, mandei um e-mail e liguei dizendo que não ia aceitar o cargo, que não tem nada a ver comigo. Quero trabalhar e usar toda a minha experiência no basquete para algo prático, não para uma coisa que não faça ideia do que seja. Não fizemos acordo, ele (Carlos Nunes) me ofereceu (o novo cargo), eu disse que ia pensar, e não aceitei. Aí, uma semana depois, aparece essa nota oficial. Também estou surpresa. Não sou mais diretora da seleção, agora é o Vanderlei. E eu não quero esse cargo (diretoria de relações institucionais). Não quero um cargo que não sei direito o que é. Quero ser útil na prática".
Bem, acho que está muito claro o que aconteceu na Confederação Brasileira, não? A CBB, através de sua assessoria, diz que tudo estava acertado com Hortência e tal, mas a questão que fica pra mim é: por que diabos isso não pode ser alinhado antes de sair uma nota oficial? Não é possível que Carlos Nunes, o presidente, e sua ex-diretora de seleções femininas falem a mesma língua – juro que me nego a acreditar nisso. É necessária esta exposição toda?
Aqui, aliás, há outro problema que é um mal absurdo no esporte brasileiro como um todo: a falta de preparo para assumir cargos importantes. Na própria CBB isso acontece agora com André Alves, ex-Diretor Técnico e agora Diretor de Eventos (!), aconteceu com a própria Hortência, que provou na prática não ter capacidade de dirigir uma modalidade que pedia (e ainda pede) socorro. E isso segue acontecendo com ela quando lhe oferecem uma diretoria de um assunto que ela mesma diz desconhecer por completo. John Wooden já dizia: "A falha na preparação é o começo da preparação para falhar". A entidade máxima pelo visto ainda não percebeu que contratar por contratar não é a melhor solução (experiência na função, currículo, cursos e planos deveriam contar mais do que atuações em outros campos).
Por pior que tenha sido (e foi mesmo, faço questão de frisar para não haver dúvida) o trabalho dela como Diretora de Seleções Femininas, Hortência é e sempre será um patrimônio do basquete brasileiro, um patrimônio do basquete mundial (ela está no Hall da Fama, é sempre bom lembrar…). Foi com ela que o Brasil ganhou um Mundial, uma medalha olímpica, um Pan-Americano (quando um Pan ainda valia muito).
Tratá-la como ela foi tratada não desce bem pra mim, não. Demitir ou trocar Hortência de função poderia até ocorrer, mas da maneira como foi feita denota um amadorismo e uma falta de consideração que chegam a ser constrangedores. Se ela não merecia elogios pelo seu trabalho na CBB, tampouco merecia uma apunhalada deste nível – embora, é sempre bom dizer, trabalhar na CBB é estar preparado para que isso ocorra a qualquer momento.
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