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CBB e empresa de Brunoro encerram uma das piores parcerias do basquete brasileiro

Fábio Balassiano

26/03/2013 09h00

Deu no site da Confederação Brasileira um rumor que vinha sendo comentado há quase duas semanas (aqui). A CBB e a empresa de José Carlos Brunoro (foto), a Brunoro Sports Business (BSB), decidiram não renovar o compromisso e encerraram a parceria de quatro anos (período do primeiro mandato de Carlos Nunes no comando da entidade máxima).

Falei com a assessoria de imprensa da CBB ontem à tarde e ela, educadíssima (quanto a isso, aliás, um elogio sincero: o tratamento melhorou muito; a forma como as coisas estão sendo colocadas para o público, também), disse, tal qual está no release, que agora a Confederação continuará seu caminho sem a BSB. Até aí, tudo bem, e inclusive a expressão "parceria de sucesso" do texto faz parte do show e do jogo de cena que há quando contratos terminam. O problema é que quem acompanha o basquete brasileiro sabe quão tenebrosa (para dizer o mínimo) foi a atuação da BSB na Confederação desde 2009.

Na nota distribuída ontem, Carlos Nunes (foto à direita), o presidente, diz: "A BSB foi contratada em maio de 2009 para estruturar um plano de gestão profissional e consultoria dentro da entidade nas áreas técnica, marketing, administrativa e financeira. O trabalho foi feito. Vamos seguir nosso caminho com a certeza de que os resultados foram alcançados graças ao planejamento e ao profissionalismo dos envolvidos".

Prefiro encarar a declaração, tal qual disse acima, como parte do jogo de cena de um fim cordial de um contrato. Se for assim, ok, beleza, seguimos o barco e navegamos. Se Nunes acredita realmente que algum tipo de bom trabalho foi feito por Brunoro e seus profissionais, aí sim é que temos um problema.

Quem acompanha este espaço e/ou este blogueiro sabe quão crítico sou da gestão de Carlos Nunes. E Brunoro, que não concluiu um projeto sequer em quatro anos de trabalho (um só, eu quero um só!), tem grandíssima parcela de culpa pela falta de soluções para transformar o basquete e pelo poço que chegou o basquete brasileiro no governor Nunes. Em março de 2011 divulguei um Power Point (argh!) que foi material de campanha de dois anos antes quando o marqueteiro arquitetou a então candidatura de Nunes ao primeiro mandado (leia mais aqui).

Era um PPT tosco, horrível, sofrível mesmo e que eu teria vergonha de apresentar em minha empresa ou para uma turma de crianças de oito anos, mas foi o suficiente para os presidentes de federação não só elegerem como também reelegerem Carlos Nunes (não que o outro candidato fosse bom, mas pelo número de votos alcançados parece que Carlinhos, como é conhecido, fez uma grande gestão – e só um cego acha que fez).

Uma apresentação que acabou sendo o cartão de visitas de um trabalho ruim, ruim pacas, de Brunoro com a Confederação. A dívida cresceu absurdamente (aguardo ansiosamente o balanço que deve ser publicado em 15 dias para analisar as contas mas enquanto isso leia mais aqui a respeito), há problemas graves em relação a pagamentos e impostos, mas isso, por incrível que pareça, nem é o mais importante, não.

O agora dirigente do Palmeiras, que praticamente arrendou a CBB no primeiro mandato, colocando diretor-executivo, assessoria de imprensa e muito mais para tocar a entidade máxima, que, diga-se de passagem, abriu as pernas passivamente para isso tudo (que situação deprimente, hein!), não tinha um plano para o basquete brasileiro, não tinha um planejamento para mudar o panorama sombrio em que a modalidade se encontrava há 15, 20 anos (e a Confederação segue sem ter, diga-se de passagem).

Mudanças estruturais tão essenciais na base, mudanças tão fundamentais em relação a reciclagem de técnicos, mudanças absurdamente necessárias nas seleções brasileiras (das de base às adultas), mudanças em um basquete feminino que agoniza e pede socorro, mudanças em uma área de comunicação/marketing que inexiste (essa não era a "principal" qualidade dele?), mudanças que decididamente não vieram nos primeiros quatro anos de uma das piores parcerias que o basquete brasileiro já viu – uma parceria que "uniu" um inoperante gestor para o basquete e alguém que deveria comandar mas que não sabia como demandar (podem escolher os personagens).

Espero sinceramente que tenha se fechado o livro de José Carlos Brunoro e sua turma no basquete brasileiro. Que não tenhamos uma terceira edição (ele também havia trabalhado para Grego), porque o esporte, tão maltratado e em tão péssimas mãos (antes, durante e depois de sua passagem pela CBB), não suportaria. Ninguém, decididamente, sentirá falta de Brunoro, mas podem ter certeza: os efeitos colaterais de sua péssima administração de 2009 a 2012 ainda serão sentidos por muito tempo (principalmente os efeitos financeiros). De todo modo, é melhor tratar sem o "médico" que operou um enfermo com dinamite na veia, quanto a isso não há dúvida.

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