Ala de São José, Patricia Ribeiro mostra consistência e está pronta pra seleção brasileira
Fábio Balassiano
28/02/2013 14h00
Suas médias, praticamente repetidas da temporada passada (veja quadro abaixo), mostram que ela enfim chegou lá. Aos 22 anos, a jogadora de 1,74m tem 14,2 pontos, 3,8 rebotes, 1,2 assistências (algo semelhante ao que ela havia registrado na LBF2), o que mostra que sua maturidade como jogadora pode, enfim, ter chegado. Algumas coisas, porém, os números não mostram, embora os 53,1% nos chutes de dois pontos falem muito sobre ela.
Abaixo os números dela (clique na imagem para ampliá-la) nos cinco nacionais que disputou (os três primeiros anos foram em São Caetano; os dois últimos, em São José):
O problema foi o passo seguinte (como quase sempre acontece, fazer a "migração" base/adulto tem sido um martírio para meninos e meninas deste país). Sob o comando do experiente Borracha, em São Caetano, Patricia parecia não conseguir dar o salto de qualidade para se tornar uma ala confiável e consistente. Não conseguia transformar seu jogo de finesse em pontos, não conseguia fazer com que sua habilidade passasse por marcações duras no adulto (algo que, obviamente, ela não enfrentava na base).
O tempo passou, ela trocou São Caetano por São José na temporada passada e passou a disputar espaço na rotação, tempo de quadra e touches com Ariadna, Izabela e Tatiane (todas boas jogadoras, é bom dizer!). Era o famoso "vai ou racha". E Patty foi. Ganhou massa muscular sem perder a agilidade (seu físico, muito mirrado, quase sempre lhe trouxe problemas em jogos de mais contato), aprendeu a tirar proveito de sua velocidade sem "violentar" o time com desperdícios de bola a todo momento (os erros caíram de 2,8 para 1,2 nesta LBF) e ganhou movimentos interessantes no ataque (chamam a atenção o curl, aquele pêndulo que Reggie Miller fazia por trás da cesta para receber a bola na outra extremidade da quadra, os bloqueios na cabeça do garrafão que abrem espaço para suas infiltrações e um jogo interessante de um-contra-um que privilegia seu drible veloz). Tem dado muito certo.
Assim como Joice, citada na semana passada, Patricia não está pronta para guiar, por exemplo, uma seleção brasileira a vôos altos (quem está, aliás?), mas não convocá-la este ano após duas temporadas pra lá de consistentes seria um crime. Seu jogo ainda carece de ajustes, seu físico precisa ser lapidado, sua defesa pode evoluir muito (muito mesmo), mas seu crescimento é visível e merece ser premiado com uma convocação para a equipe nacional que disputará Sul-Americano e Copa América em 2013.
Na carência absurda de jogadoras de bom nível que temos, esta Liga de Basquete Feminino conseguiu a proeza (sim, porque é uma proeza a competição, tão mal organizada e planejada, ter conseguido isso) de revelar duas alas que podem render frutos em pouco tempo. Que a comissão técnica da seleção esteja de olho nisso, porque perder a chance de efetivar Patricia (principalmente ela) e Joice seria uma loucura.
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