Em jogo tenso e com show de Nezinho, Brasília supera o Basquete Cearense na prorrogação
Fábio Balassiano
27/02/2013 15h38
Por Thiago Carvalho, direto de Fortaleza (CE)
Quando o confronto estava 83-80 pró-Basquete Cearense, um fato lamentável aconteceu: Alex e Rogério se desentenderam e causaram um conflito bem tenso com ambos se peitando e se xingando. Treinadores e árbitros tiveram que intervir para apaziguarem os ânimos. Depois de uns cinco minutos de jogo paralisado pelo tumulto, os 2 jogadores foram expulsos e tiveram que acompanhar o restante da partida pelas janelas dos vestiários (veja vídeo abaixo).
Com atuação de gala em solo cearense, o armador Nezinho somou 40 pontos, quebrando sua melhor marca no NBB, que era de 35, e igualando o recorde da temporada registrado por Paulinho, do Pinheiros/SKY diante do Vila Velha no dia 13 de dezembro de 2012. Detalhe que foram 24 pontos provenientes de chutes de 3, acrescentados de 8 lances livres, ou seja, apenas 8 pontos de arremessos de 2 pontos. "Joguei 7 anos em Ribeirão Preto, senti a fúria da torcida de Franca do lado e aprendi a tornar isso ao meu favor".
Desde o começo já se notava que seria um jogo diferenciado. Afinal, era o atual tricampeão brasileiro como visitante, o time em melhor momento no campeonato e, por isso mesmo, o mais visado pelos adversários. Pois bem, não deu outra: torcida inflamada e colocando bastante pressão nos árbitros, principalmente em alguns lances polêmicos. Um exemplo? Num determinado momento, a equipe candanga chegou a ter 6 jogadores em quadra e não foi punida com falta técnica.
Sem poder contar com o pivô Dragovic e o ala Robinson, ambos machucados, o treinador Alberto Bial resolveu inovar e pôs o André como armador principal do time no quinteto titular, deixando o armador Matheus no banco. Já pelo lado dos visitantes, o Brasília não pôde contar com os alas Isaac e Ronald, que estavam disputando a Liga de Desenvolvimento de Basquete em São José. Entretanto, o ala-pivô Guilherme, que até então era dúvida, jogou normalmente (15 pontos e seis rebotes).
O time nordestino começou com um ataque explosivo, sabendo tirar proveito da zona imposta pelo oponente, rodando bem a bola e infiltrando mais do que o costume, além de pegar mais rebotes (9 a 4). Destaque para o experiente ala-pivô Rogério que começou com tudo (9 pontos), bem energético (a 220v). Principal marcador de Brasília, o ala Alex sofreu com 2 faltas e teve que dar lugar pro ala Rossi. Outro que entrou, o pivô Alírio, conseguiu a proeza de fazer 3 faltas em menos de 5 minutos em quadra. Resultado disso tudo foi mostrado no placar parcial de 28-21 pro Basquete Cearense.
A partida seguiu bem atrativa no segundo tempo. O Brasília começou um pouco melhor e logo empatou em 57, porém o Basquete Cearense não se abalou e soube manter o jogo lá e cá. Foi a partir do terceiro quarto que o Nezinho chamou a responsabilidade para si e se sobressaiu, anotando incríveis 15 pontos no período e dando a liderança pro seu time a 5 segundos do final após 2 lances livres convertidos: 74-73 após 26-22 nos 10 minutos.
O início do último quarto não foi bom, as equipes passaram a errar mais do que acertar. O time fortalezense fez muita falta boba e desnecessária, estourando o limite das mesmas cedo e permitindo que o time brasiliense anotasse 10 dos 19 pontos no quarto através de lances livres. Após a confusão envolvendo Alex e Rogério, a equipe comandada por Alberto Bial ainda abriu 86-80, mas pecou demais no excesso de faltas e com posses inoperantes, não ao acaso se viram atrás do marcador (88-93) restando 59 segundos, resultando em tempo do Bial. Pelo visto, deu certo. O André anotou 5 pontos seguidos (2 lances livres + chute de 3 a 19 segundos do fim) e levou o jogo para a prorrogação, após 20-19 no período pros mandantes. Destaques para André (10) e Nezinho (11) nos 10 minutos regulares derradeiros.
Visivelmente abalado, o Alberto Bial respondeu: "Não merecíamos perder. O jogo se desenhou pra uma vitória da gente, onde infelizmente, em momentos capitais, não andaram da maneira que gostaríamos. Temos que sair de cabeça em pé, pois foi contra o tricampeão brasileiro, mas não gostei, estou bem triste, e muito impressionado com a qualidade que nossa equipe demonstrou". E resumiu sem dar muito detalhe sobre o lance da confusão: "Acho que a gente tem que respeitar a história do Rogério, onde ele joga em alto nível com 41 anos, e é um exemplo. Então, a partir do momento em que foi desrespeitado, ele fez com o nosso time se inflamasse. Somos uma grande equipe e muito se deve a ele".
Opinião:
O Basquete Cearense fez o jogo da temporada, ao menos ofensivamente falando. Sua defesa não foi ruim, achei que o Nezinho estava num dia inspirado e isso pode acabar apagando um pouco o bom trabalho defensivo da equipe na maior parte do confronto. Afinal, o Brasília é o segundo melhor ataque do NBB com média de 90 pontos e ainda anotou 14 bolas de 3 em 31 chutes (45%), no qual tem média de 10 acertos por partida. O jogo foi nervoso, a flor da pele dentro e fora da quadra, houve 5 exclusões por excessos de faltas e 2 expulsões. Acredito que o time nordestino teve tudo para ganhar em determinados momentos, mas por detalhes estratégicos e táticos acabou perdendo. Não sei por que o Bial não pôs o Adriano no jogo (atuou somente 5 minutos na metade final do 2º quarto). O maior pivô do time entrou bem nos 2 lados da quadra, fazia um duelo interessante contra o Paulão. Na prorrogação quando o Felipe saiu com estouro de faltas, o treinador resolveu colocar um jogador frio que até então não tinha entrado na partida (Jimmy), deixando o quinteto mais baixo e sofrendo nos rebotes com Edu marcando o Paulão nos minutos decisivos finais.
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