Franca mostra força, brilha no final e acaba com invencibilidade do Flamengo no Rio de Janeiro
Fábio Balassiano
16/02/2013 22h22
Por Fernando Hawad, direto do Rio de Janeiro (RJ)
Alguns jog
O roteiro do clássico não poderia ser mais heroico para os francanos. Com menos de dois minutos de jogo, o garoto Cauê Borges, um dos principais nomes da equipe, teve que deixar a quadra após choque forte com o ala Marquinhos. Time jovem, sem um jogador importante, fora de casa, contra o líder invicto da competição. Talvez até o torcedor mais fanático de Franca (e olha que em Franca o que não falta é torcedor fanático) tenha soltado aquele famoso: "É, acho que hoje não rola". Mas não se pode duvidar nunca de uma camisa que carrega tantas glórias e tantas histórias bonitas.
Após um primeiro tempo muito bom, o forte time do Flamengo, mais uma vez liderado pelo craque Marquinhos, cestinha do duelo com 26 pontos, foi para o intervalo vencendo por 45 a 38. No terceiro quarto, os cariocas continuaram imprimindo velocidade e chegaram a colocar 14 pontos de vantagem. Para se manter vivo no jogo, o time francano contava com as cestas do ala Jonathan, autor de 22 pontos. No fim do período, 70 a 62 para os mandantes.
Tudo começou com duas bolas de três, uma de Jefferson Socas e a outra de Léo, cortando a diferença para seis pontos. Atordoado com a marcação intensa do adversário, o Flamengo passou a cometer vários erros, não conseguindo mais pontuar. Franca foi chegando e empatou o jogaço a pouco mais de um minuto para o fim, numa cesta de Teichmann, que teve uma baita atuação (14 pontos, nove rebotes e muita entrega). No ataque seguinte, o rubro-negro desperdiçou a bola. Coube então, ao argentino Figueroa, um dos mais experientes do time paulista, chamar a responsabilidade e praticamente decidir o jogo. O armador anotou quatro pontos seguidos, colocando Franca na frente, o que parecia impossível de acontecer.
Perdido em quadra, o Flamengo errou mais um ataque e, na sequência, Jonathan acertou dois lances livres para estabelecer a impressionante marca de 18 pontos consecutivos para Franca, que saiu de uma desvantagem de 12 para abrir seis de frente (89 a 83). Duda ainda fez uma bola de três espírita, faltando seis segundos, mas após uma reação fantástica como essa, nada mais tiraria a vitória das mãos da equipe francana, que converteu mais dois lances livres e sacramentou o resultado final.
Muito orgulhoso pela dedicação demonstrada por seus comandados, o técnico Lula Ferreira exaltou a postura defensiva do time. "Nossa defesa foi fundamental. Fizemos um triângulo no Marquinhos e no Benite e conseguimos dificultar as ações do Flamengo. Superamos a perda do Cauê. Sabíamos que precisávamos imprimir uma defesa forte para tentar desgastar o time deles e foi o que aconteceu. Eles abriram uma vantagem porque têm muita qualidade, mas chegaram no fim um pouco desgastados e soubemos aproveitar isso. Nosso mérito foi não deixar de acreditar", afirmou o experiente treinador.
A pedreira a que Gegê se refere é o time de Uberlândia, adversário do Flamengo nesta segunda, às 20h, no ginásio do Tijuca. Enquanto isso, Franca tenta manter o ótimo momento na competição diante de Joinville, na próxima quinta, às 20h, no Pedrocão.
MINHA ANÁLISE (FÁBIO BALASSIANO)
Foi um dos melhores jogos do NBB que eu vi nos últimos tempos. Bem jogado (ainda que com pouca defesa em boa parte da peleja), disputadíssimo e com uma carga de emoção absurda. E no final acabou a invencibilidade de 20 jogos do Flamengo, derrotado por um jovem-porém-sempre-tradicional time de Franca, que terminou a peleja com uma sequência de 20-3 nos últimos quatro minutos (29-16 no período derradeiro) para vencer o rubro-negro no Tijuca por 91-86.
Aqui, aliás, já cabe uma observação: quero saber quem foi o ser insano que marca um jogo para um sábado de verão e de desfile das campeãs ali perto do ginásio do Tijuca (trânsito ruim, portanto) às 16h. O que aconteceu? Ginásio muito menos cheio do que em outros dias, menos pressão, jogadores cansados por causa da altíssima temperatura. Não foi por isso que o Flamengo perdeu, mas dá pra ser um pouco mais sensato, não?
Sobre o jogo, foi, sem dúvida, um fecho de ouro para um time ainda em formação (o processo de renovação do clube mais tradicional do país segue sendo muito bem feito pela diretoria e pelo técnico Lula Ferreira), com excelentes jovens (Leo Meindl teve 12 pontos; Lucas Mariano, 14) e com um trio experiente que merece pela liderança na tarde deste sábado. Quando o relógio marcava quatro minutos para o final, o placar anotava 83-71 para o Flamengo. Lula pediu tempo, soltou algo como "vocês vão ficar pedindo autógrafo pros caras ou vão marcar?" e os francanos partiram para uma das viradas mais incríveis dos últimos tempos no basquete nacional (no final foi bacana demais ver a comemoração da molecada no meio da quadra).
Teichmann teve 14 pontos e nove rebotes, Figueroa converteu 15 e Jonathan (consistência e cabeça, e teremos um ala de respeito em pouquíssimo tempo) saiu-se com 22 pontos e cinco rebotes. Os três foram brilhantes, brilhantes mesmo, e merecem ser elogiados (em uma sequência, lá no final da partida, Teichmann deu um toco, Jonathan passou e Figueroa converteu uma bandeja que sacramentou a virada em contra-ataque). Isso tudo, é bom ressaltar, só foi possível graças a uma defesa forte, apertada, pressionada, fortíssima, como manda a tradição francana e o manual do bom basquete. Aqui, aliás, cabe uma reflexão: o time que tirou a maior invencibilidade da história do NBB em fase regular não tem NENHUM representante no Jogo das Estrelas. Sintomático, não? Basquete é coletivo, né, gente.
Ao Flamengo, não é motivo para pânico. O time venceu 20 jogos seguidos, e acho que não é preciso falar mais nada depois disso. É hora de refletir no que deu errado – principalmente no final da partida – e pensar em Uberlândia, terceiro colocado no NBB e adversário de segunda-feira.
Viu o jogo? Gostou? Surpreso com o resultado final? Comente!
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