Ministério do Esporte premia incompetência da CBB e cede R$ 14,8 milhões à entidade
Fábio Balassiano
24/01/2013 00h02
Bem, acho que não é preciso falar muito sobre o trabalho de qualidade extremamente duvidosa do Ministério do Esporte nos últimos anos (Agnelo, Orlando etc.), mas o que foi assinado ontem é um verdadeiro escárnio, um absurdo para a sociedade. Não tanto pelo projeto em si, que, (retiro parte do texto do site da CBB) "em sete projetos aprovados, envolve as Seleções Brasileiras Adulta e Sub-19 (feminina e masculina), a Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB), além de infraestrutura de quadra (pisos, tabelas, placares e cronômetros de 24s para Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Sergipe, Alagoas e Paraíba) e software" (links completos aqui e aqui). Mas pelo que a Confederação tem feito com verbas públicas de um tempo pra cá – e isso não está dito ali na nota, claro. Ah, e é pertinente lembrar que o aporte vem a três meses da conturbada eleição da entidade (meio surreal isso, não?).
Eu não sei até que ponto esse convênio com mais dinheiro público (lembremos que a também estatal Eletrobrás é a principal mantenedora da entidade máxima) para uma seleção adulta é bacana (não reprovo totalmente, mas não curto de maneira alguma – acredito que o ME deveria se preocupar mais com esporte de base, fomento apenas, deixando o alto rendimento com as Confederações), mas o que me choca é ver um derramamento de dinheiro público tão grande (quase 50% do orçamento da CBB em 2011, gente!) para uma entidade que se acostumou a se endividar nos últimos três anos e a não conseguir prestar contas da grana da Eletrobrás em 2012 (releiam mais sobre o tema aqui). Isso tudo, evidentemente, sem fazer com que o basquete evoluísse absolutamente nada no período (há uma estagnação, uma passividade, terrível na entidade máxima).
Para se ter uma noção, no começo de 2012 a Eletrobrás, principal mantenedora da Confederação (R$ 12,5 milhões em 2011), deduziu R$ 825.707 da parcela contratual de 2012 alegando que a entidade máxima utilizou este dinheiro para pagamento de tributos e contribuições não passíveis de cobertura contratual em 2011. Ou seja: o dinheiro da empresa pública, que deveria ser utilizado para o projeto de basquete do país, foi usado para outro fim – e isso não estava permitido em contrato (e sabe-se lá para que fim).
Talvez seja reflexo de um Brasil que não se preocupa muito em como gastar a grana. Talvez seja reflexo de um Brasil que não se preocupa muito em fiscalizar o uso de verbas públicas. Só acho estranho, e ao mesmo tempo triste, reflexo de uma mentalidade que busca resultados imediatos (Rio2016) e não planejados, que um esporte (no caso o basquete) que se acostumou a se enrolar em seus próprios orçamentos seja agraciado com uma bolada financeira dessas no começo de 2013 justamente por parte do Ministério do Esporte. É premiar a gestão Carlos Nunes, cuja falta de competência a gente conhece em termos administrativos e financeiros, com quase R$ 15 milhões, é isso?
Deve haver alguma explicação bem bacana que neste momento não encontro. Quem sabe vocês me ajudam na caixinha de comentários!
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