Correspondente BNC: um papo com o jovem Ricardo Fischer, em ótima fase em Bauru
Fábio Balassiano
16/01/2013 11h00
Por Rafael Placce, direto de Bauru (SP)
RAFAEL PLACCE: Ricardo, pra começar, fale um pouco da sua formação no basquete. Como você começou?
RICARDO FISCHER: Na verdade comecei jogando futebol de salão, cara. Eu jogava no Círculo Militar, mas sempre acompanhava os treinos do meu irmão (Fernando Fischer, também ala de Bauru). Aí, num belo dia, estava batendo bola, o técnico Vitrola me viu e me chamou pra treinar. Fui e me apaixonei. Fiquei quatro anos por lá, sempre ganhando títulos. Depois fui para a Hebraica, fiquei um ano e pouco e fui para a Suíça, onde fiquei dois anos. Quando voltei, joguei em Barueri e fui campeão juvenil também. Depois disso, São José e Bauru.
RP: Fale um pouco desse tempo que você ficou na Suíça. Quão importante isso foi para a sua formação?
RF: Os primeiros meses eu sofri bastante lá, porque aqui eu sempre fui ala e lá o técnico conversou comigo e me pediu pra jogar de armador. Foi difícil essa transição, mas foi uma coisa boa. Hoje prefiro jogar de armador, com certeza. A disciplina tática e de treinamento da Europa me fizeram muito bem. Lá eu era cadete e jogava a liga principal adulta com norte-americanos, imagina só. Isso me amadureceu demais e rapidamente. O que eu levaria três, quatro anos para aprender, levei dois. Não só profissionalmente, mas também como pessoa, por morar sozinho em um país diferente.
RF: Eu sempre gostei do Steve Nash mesmo. Assistia aos vídeos e tentava me espelhar nele. É um cara que além de pontuar distribui muito bem a bola, como eu gosto de jogar.
RP: No ano passado você teve outra experiência que com certeza ajudou bastante no seu crescimento. Treinou com a seleção brasileira que ia para a Olimpíada, conviveu com Leandrinho e Larry, que já fizeram história em Bauru (ele ainda não havia treinado com Larry em Bauru), além do Huertas e toda a comissão técnica do Brasil. Como foi essa experiência?
RF: Foi incrível, cara. Até hoje eu me lembro daqueles dez dias. Conviver com atletas como Huertas, Varejão, Leandrinho, os caras que eu sempre vi pela TV, foi fantástico. São caras de NBA, né. E eu me espelho muito no Huertas hoje. Pra mim é o melhor armador da Europa, então foi demais. E o Rubén Magnano como técnico, dando dicas no dia-a-dia, me fez aprender muito. Você treina em um nível muito alto a todo o momento, cobrança a todo instante e tinham as disputas pelas posições. Tudo isso deixava o cotidiano muito intenso. Acho que cresci muito lá também.
RF: Ajudou bastante, mas é foi fruto do trabalho que a gente vem fazendo a temporada inteira. Eu e o time inteiro passamos por um momento muito chato que foi perder o quinto jogo para São José aqui, com toda a expectativa em cima da gente, perdemos os Abertos. A LDB veio a calhar porque eu recuperei minha autoconfiança. Lá o nosso papel é diferente. Nós somos os responsáveis, nós temos que decidir os jogos e isso foi importante pra voltarmos a ter confiança.
RF: Eu tinha algumas propostas sim, mas escolhi Bauru porque era um time forte e um projeto muito bom. Pelo Guerrinha, que é um ótimo técnico e foi um grande armador e isso poderia me ajudar nesse processo de virar um armador na transição do juvenil para o adulto. E, lógico, pesou o meu irmão. Era um sonho que eu tinha de jogar com ele.
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